Pela primeira vez, um pesquisador brasileiro descobriu os planos de Napoleão para invadir o Brasil durante seu domínio.
Napoleão Bonaparte (1769-1821), o mais renomado comandante militar da história, assumiu o poder em 1799, em meio à instabilidade política na França pós-revolução.
Ele iniciou um ambicioso projeto de modernização que centralizou o governo ao seu redor. Com uma clara inclinação expansionista, ele travou batalhas sangrentas por toda a Europa, estabelecendo um vasto império que se estendia da Espanha até Moscou.
Em seu auge, apenas a Grã-Bretanha, o Império Otomano, a Suécia e Portugal escapavam de seu domínio ou influência. No entanto, ninguém poderia prever que alguém tão marcante na história mundial poderia ter o desejo secreto de conquistar também o Brasil.
Planos de Napoleão para o Brasil
Durante 200 anos, a verdadeira intenção permaneceu oculta até ser revelada por um extenso processo de pesquisa.
O historiador brasileiro Marco Morel examinou documentos dos Arquivos Nacionais da França e do Ministério da Defesa que estavam praticamente esquecidos.
Morel organizou os papéis e os apresentou em seu novo livro “O Dia em que Napoleão Quis Invadir o Brasil” (Vestígio). Ele se iniciou durante a pandemia e foi concluído recentemente.
Entre 1796 e 1808, Napoleão planejou pelo menos dezessete ataques ao território brasileiro, abrangendo diversas regiões, desde a Amazônia até o Rio Grande do Sul.
A conspiração contava com o apoio de ministros, comandantes e generais, demonstrando a seriedade dos planos.
Embora nenhuma dessas investidas tenha se concretizado, a importância do Brasil no período napoleônico foi reavaliada. Quando Napoleão assumiu o poder, uma invasão ao Brasil era uma possibilidade real de expansão.
Perigos
A França bonapartista, de fato, se aproximava perigosamente: provocou a fuga da corte de dom João VI para o Brasil, lutou no Haiti, na Guiana (fronteira amazônica) e nas colônias caribenhas.
Estabeleceu-se nos Estados Unidos, onde ocupou a Louisiana, realizou incursões em Buenos Aires e chegou próximo do Canadá. Assim como os primeiros exploradores europeus, Napoleão também almejava conquistar a América, e, naquela época, todos os caminhos pareciam levar ao Brasil.
Apesar da expansão parecer inevitável, a poderosa Marinha inglesa, que protegia a corte portuguesa e seus territórios ultramarinos, desviou as ambições napoleônicas para outro rumo.
O curso da história europeia, que envolvia a França em conflitos mais prementes, acabou desviando o foco do grande líder de nosso território.
Mesmo diante das tentativas fracassadas, é possível imaginar como teria sido um Brasil sob o domínio napoleônico. No entanto, as colônias francesas espalhadas pela África, América e Ásia não encorajam uma visão otimista.
De acordo com Morel, seria ilusório pensar que seríamos a última maravilha da civilização europeia sob o domínio francês. Tanto para a França quanto para Portugal, o Brasil sempre foi uma colônia, nunca um igual.
A possibilidade de uma nação franco-brasileira existir era real, mas não se concretizou. A França deixou apenas uma influência indireta em nossa cultura colonial, presente nas vestimentas, literatura e gastronomia, aspectos que o Brasil soube absorver e adaptar aos padrões dos trópicos.
Assim, a presença francesa ainda é sentida nos dias de hoje, embora não na magnitude que os planos de Napoleão definiram.
Período no Brasil
Durante as Guerras Napoleônicas, o Brasil fazia parte do Império Português. Apesar dos planos de Napoleão terem falhado, tivemos um papel estratégico.
Tudo aconteceu entre 1803 e 1815. Na época, ainda éramos colônia portuguesa. A Família Real, liderada por Dom João VI, fugiu para o Brasil devido à invasão das tropas napoleônicas em Portugal. Este evento marcou o início de um período significativo na história brasileira.
Com a chegada da Família Real, o status do Brasil mudou para ser o centro do Império Português. Isso levou a várias mudanças, incluindo a abertura dos portos brasileiros às nações amigas, a criação de instituições como o Banco do Brasil, e o desenvolvimento de infraestruturas.
Além disso, a aliança entre Portugal e Reino Unido ficou mais forte e a Marinha Britânica protegeu as rotas contra a França.
Assim, o Brasil se alinhou ao lado das forças anti-napoleônicas, com resistência à Napoleão. Após sua derrota, a família Real voltou para Portugal, e o Brasil retorno da Família Real a Portugal em 1821, o Brasil se tornou mais importante, mudando definitivamente sua trajetória.
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