Entretenimento

Por que a música lo-fi faz seu cérebro relaxar?

0

É basicamente impossível imaginar um mundo em que não haja músicas. Para a nossa sorte, existem diversos gêneros musicais, cantores, grupos e bandas. Isso nos permite sempre descobrir coisas novas, como por exemplo, o gênero lo-fi.

Esse gênero tem melodias relaxantes, arranjos discretos, ritmo lento e ausência de letra. O estilo, que tem suas raízes no começo dos anos 2000, se destacou nos últimos anos nas rádios online e playlists das plataformas de streaming. Por exemplo, a coletânea “Lofi baeats” do Spotify tem mais de quatro milhões de curtidas.

As pessoas que escutam lo-fi têm uma coisa em comum: elas usam a música como um pano de fundo relaxante para ler, estudar, trabalhar, dormir ou meditar. A popularidade desse estilo veio com força maior no começo da pandemia, quando ele se tornou um verdadeiro remédio para as pessoas ansiosas trancadas dentro de casa.

O ator Will Smith chegou a criar duas playlists no YouTube como uma maneira de ajudar os seus seguidores a enfrentarem a quarentena. Juntas, as duas playlists têm mais de três horas de músicas e mais de 20 milhões de visualizações.

Mas será que as músicas lo-fi realmente ajudam com a concentração? E o que acontece com o cérebro quando as pessoas as escutam?

Música lo-fi

Superinteressante

Qualquer música pode ser lo-fi. Isso porque, essa expressão não está ligada a um único gênero, mas sim à qualidade do som. Até porque, lo-fi vem de “low fidelity”, ou “baixa fidelidade”. Elas são gravações caseiras, sem um padrão-ouro cristalino que se tem em um estúdio.

Esse tipo de sonoridade não é uma novidade. Nos anos 1950, já existia tecnologia para que jovens músicos gravassem suas músicas de uma maneira relativamente rápida e barata.

Em 2000, dois padrinhos do atual lo-fi tiveram seu auge. Foram o rapper americano J Dilla e o produtor Nujabes, do Japão. Os dois faziam hip-hop com influências fortes do jazz e do soul.

Depois deles, vários subgêneros apareceram na internet misturando gêneros afro-americanos com uma nostalgia das décadas de 1980 e 1990 em músicas eletrônicas com uma batida mais lenta.

Em 2015, surgiu o canal Lofi Girl, mas com o nome de Chilled Cow. Em 2017, o artista colombiano Juan Pablo Machado criou uma nova identidade visual para as lives, a pedido do próprio canal. Então veio a imagem de uma garota estudando em desenho inspirado em Hayao Miyazaki, diretor de animes consagrados como “A viagem de Chihiro”.

Em pouco tempo a Lofi Girl já era um fenômeno. Tanto que a live com músicas para estudar e relaxar da Lofi Girl é uma das mais longevas do YouTube. E atualmente ela está presente em outras plataformas de streaming e tem milhares de fãs nas redes sociais.

Relaxar

Superinteressante

O lo-fi não é o primeiro gênero com o intuito específico de relaxar. Em 1978, Brian Eno, o pai da música ambiente moderna, lançou o álbum “Music for Airports” com faixas instrumentais longas.

A inspiração do artista britânico veio depois de ele ter ficado horas esperando um voo no aeroporto da Colônia, na Alemanha. Antes dele, as gravadoras faziam músicas para lojas ou elevadores, mas foi Eno quem popularizou o termo “música ambiente”.

Quando a pessoa escuta uma música, várias áreas do cérebro entram em cena para entender, e reagir, ao que está acontecendo. Essas regiões são relacionadas com a audição, o reconhecimento da fala, os sistemas de prazer e recompensa e até com os que regulam atividades fisiológicas, como os batimentos do coração e a respiração.

Justamente por isso que as playlists de academia tocam em um ritmo acelerado. Nesse ponto, estudos já mostraram que músicas desse tipo podem aprimorar os efeitos dos exercícios, além de diminuir a sensação de esforço e aumentar a frequência cardíaca.

“Nós somos predispostos a ouvir coisas. Isso pode nos dar informações sociais valiosas, que aumentam nossas chances de sobrevivência”, disse Gabriel Gaudencio Rego, membro do Laboratório de Neurociência Cognitiva e Social do Mackenzie.

Isso quer dizer que quanto mais previsível é uma sequência de sons em um ambiente, mais relaxadas as pessoas ficam. Enquanto isso, os acontecimentos sonoros inesperados monopolizam a atenção.

Esse é o segredo do lo-fi. Ele tem um ritmo lento, entre 70 e 90 batidas por minuto, não tem letra e o seu excesso de repetição faz com que a audição fique estimulada em um ambiente sonoro previsível. E quando os samples têm elementos como barulho de chuva, ruído de vinil ou de uma fita cassete, isso ajuda na sensação de aconchego.

Fonte: Superinteressante

Imagens: Superinteressante

“Sem Limites”, série com Rodrigo Santoro, conta a história da primeira navegação ao redor da Terra

Artigo anterior

Como a China conseguiu diminuir pela metade a poluição do ar

Próximo artigo

Comentários

Comentários não permitido