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Por que os jumentos podem ser extintos em 2022?

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O maior símbolo animal do nordeste brasileiro, os jumentos, pode entrar em extinção até meados de 2022. O motivo principal é o grande número de abates para a comercialização da pele do animal, de maneira legal e ilegal. Apenas registros do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) mostram que o abate aumentou mais de 8.000% entre 2015 e 2019. Nesse período, foram mortos 91.645 animais.

A Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP) e o Conselho Regional de Medicina Veterinária da Bahia já demonstraram preocupação com esses dados. Conforme levantamento realizado pelo Ministério da Agricultura, só em abril de 2021 foram abatidos cerca de 5,4 mil jumentos.

O número do abate apenas do mês de fevereiro é bem maior, inclusive, do que os anos anteriores. De 2010 a 2014 foram abatidos cerca de 1.000 jumentos em todo país. De acordo com pesquisadores, o ritmo atual coloca risco à espécie.

Um levantamento realizado pelo governo baiano apontou que a população de jumentos caiu de 300 mil para 93 mil entre 1995 e 2017, uma redução de quase 70%. A região baiana é responsável por quase 90% de toda população do animal.

A queda preocupante da população de jumentos pode ser explicada pelo comércio internacional dos animais. Entre os principais países em que os jumentos são enviados para serem abatidos e terem suas peles comercializadas estão Portugal, Espanha, China e Itália.

Em relação à exportação para a China, um dos principais motivos é para a produção do eijão, um medicamento tradicional chinês. A gelatina é usada para o tratamento de insônia, tosse seca e sangue.

“Na China, a elevação do padrão de vida da população criou demanda para produtos antes acessíveis somente à elite, como o eijão, uma gelatina extraída da pele de jumentos, ingrediente de tônicos e cremes faciais, usada na medicina tradicional chinesa para tratar anemia, problemas do aparelho circulatório e reprodutivos, principalmente em mulheres, além de insônia, sem nenhuma comprovação científica de eficácia”, apontam o professor Adroaldo Zanella e a pesquisadora Mariana Gameiro, que participaram da pesquisa da FMVZ sobre os jumentos.

Legislação brasileira e o abate de jumentos

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No Brasil é aprovado há muitos anos o abate de equídeos, como cavalos, jumentos e mulas. O decreto n° 9013/2017 permite que vários animais sejam mortos todos os anos. De acordo com o Mapa, entre 2002 e 2019 foram abatidos, legalmente, 135 mil jumentos.

“Até 2010, a média era de 4.825 abates anuais; após cair para 46 por ano de 2011 a 2014, voltou a subir, chegando a 1.435 entre 2015 e 2016”, informam Zanella e Gameiro. “Em 2017, foram registrados 26.127 abates e, em 2018, o número subiu para 62.622, porém, em 2019, o abate legal caiu para 25 animais, pois a atividade foi banida do Estado da Bahia devido a uma ação da sociedade civil ajuizada em novembro de 2018, mas revertida em setembro do ano seguinte.”

Conforme o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), 98,8 toneladas de peles cruas e couro de equinos foram exportadas em 2019. Esse número representa um aumento de 4.640% em relação a 2018. Lembrando que esses números não consideram o comércio ilegal da espécie.

Desequilíbrio da população de jumentos

Agora na Bahia

Dado o exposto, devido à espécie não possuir uma alta taxa de reprodução, o número de jumentos comercializados para abate causou um desequilíbrio em relação à quantidade de animais sobreviventes. Esse fato se justifica pelo número de animais abatidos serem maiores do que o número de animais que estão nascendo. Com isso, a espécie pode desaparecer por completo até 2022 se nada for feito.

No ano de 2018, o abate de jumentos havia sido proibido depois de uma série de movimentações de proteção animal. No entanto, a prática foi legalizada novamente em 2019. Com isso, o maior problema é a falta de fiscalização das autoridades que facilitam que muitos abates ilegais aconteçam.

Conforme dados do Mapa, o abate de jumentos aumentou em 8 mil % entre 2015 e 2019. Neste momento, em todo Brasil, o rebanho estimado é de 400 mil jumentos.

Fonte: Mega Curioso, Um Só Planeta

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