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Qual era o cardápio da família imperial brasileira?

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O Museu Imperial, localizado na cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro, possui em exibição mais de 300 mil itens relacionados ao período imperial brasileiro, principalmente sobre o Segundo Reinado. Porém, a gerente de negócios da instituição nos anos 2000, Ana Roldão, percebeu que havia uma lacuna sem respostas pelo acervo local. 

Ela disse à Folha de São Paulo, em 2007, que “Quando abri o bistrô, as pessoas perguntavam: ‘Tem comida do imperador? O que Dom Pedro I comia? E a princesa Isabel?’. Eu não fazia a menor ideia do que comiam”, disse em entrevista. 

Por causa dessa questão, ela começou a pesquisar sobre o assunto em conjunto com o jornalista Edmundo Barreiros. A dupla conseguiu compilar informações sobre a rotina alimentar da família imperial

Entre as fontes utilizadas para a pesquisa estão os livros de receitas do século 19, anotações feitas pelos mordomos que serviam a família imperial e os cadernos que listavam os itens da despensa. Também foram utilizados os cardápios que eram feitos para eles e as cartas escritas pela princesa Isabel, em que ela falava sobre as suas refeições.

Os gostos da família imperial brasileira

Domínio Público / Otto Hees

Entre os hábitos alimentares mais excêntricos da família imperial brasileira, identificados pelos pesquisadores, estão os de dom João VI. Ele conseguia comer três frangos inteiros em uma só refeição e como sobremesa cinco mangas descascadas. Além disso, ele relatava que ninguém fazia frangos melhores que o seu cozinheiro Alvarenga. 

Já a princesa Isabel seria outra gulosa da família, mas de maneira diferente. “Há uma forte influência portuguesa no gosto dela. É alucinada por todos esses doces portugueses. Adora pão-de-ló, chá. É uma figura bem rica para trabalhar com alimentação, pois fala muito de comida”, disse Ana.

Também foi encontrada em meio às suas correspondências, uma mensagem em que ela reclama de servirem “peixe em lata” durante a Quaresma de 1858. Ela teria dito “não gostar nada” do alimento. Neste dia, Isabel teria comido apenas arroz na manteiga e batatas e descrito isso como “uma verdadeira penitência”.

Além disso, foram revelados os hábitos alimentares de Carlota Joaquina, a esposa de João VI. “Na Torre do Tombo, em Lisboa, um documento aponta que eram consumidas muitas unidades de aguardente de cana por mês, a maioria destinada ao quarto e à cozinha de Carlota. Ela tomava aguardente misturada com sucos de frutas frescas, pois sofria demais com o calor brasileiro. Tinha necessidade de hidratar o corpo”, disse Roldão à Folha. 

No entanto, a história não é tão simples quanto parece. “Não adianta só dizer que ela era pinguça. No cruzamento de informações, percebe-se que a alimentação das mulheres era carregada nos doces, o que explica [o alto consumo], já que a aguardente era usada para conservar compotas de fruta”, informou a pesquisadora.

Alimentação portuguesa e brasileira

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Ao vir para o Brasil, Leopoldina, esposa de Dom Pedro I, trouxe consigo uma série de alimentos na viagem, como salmão, feijão-verde, repolho e carne de porco. Mesmo que a realeza tenha seguido importando parte da sua alimentação da terra natal, logo eles se adaptaram às comidas brasileiras.

Um exemplo é Dom João VI, que incluiu as mangas e goiabas na sua alimentação. Já Dom Pedro I saboreava um prato de arroz com feijão e carne. Ainda de acordo com a dupla de pesquisadores, ele costumava comer na cozinha com os empregados no lugar de se juntar ao salão de jantar, local que era servido o cardápio imperial.

O estudo de Roldão e Barreiros ainda relata que, durante uma viagem pelo Brasil, o imperador chegou antes da comitiva na fazenda que iria recebê-los.

“Sem se identificar, entrou pela cozinha e disse à cozinheira que estava com muita fome. E ela: ‘Ó moço, posso dar algo simples, porque estou esperando o imperador’. Ofereceu-lhe arroz, feijão, carne e aguardente. Quando o dono da fazenda entrou, viu o imperador sentado na cozinha, tomando cachaça, comendo a comida dos empregados e rindo”, contou a historiadora.

Fonte: Aventuras na Histórias

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