Curiosidades

Quando inventaram o relógio, como sabiam que horas eram para acertá-lo?

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Não adianta esconder. Sei muito bem que, uma hora ou outra, você já se pegou fazendo esse questionamento. No entanto, fique tranquilo: é normal sentir-se “perdido” sobre como as coisas funcionam atualmente. Para se chegar ao que temos hoje, uma série de questões históricas foram necessárias. Contudo, nem sempre temos acesso direto quanto à essas informações. Na maioria das vezes, existe um sentido por trás que se perde ao passar dos anos. Só conseguimos entender o que está posto no presente. Para saciar a sua curiosidade, vamos te fazer navegar um pouco sobre a história dos relógios para finalmente responder a sua inquietação: “quando inventaram o relógio, como sabiam que horas eram para acertá-lo?”. As informações foram retirados do artigo de Michael A. Lombardi. Ele é metrologista da Divisão de Tempo e Frequência do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia em Boulder/Colorado.

O sistema numeral mais amplamente usado é o de “dez em dez” (base 10), que se originou pela facilidade em contar usando os dedos. Entretanto, as civilizações antecessoras usaram sistemas numéricos diferentes para dividir o dia em partes menores. Especificamente duodecimais (base 12) e sexagesimais (base 60). Graças à evidência documentada do uso de relógios de sol pelos egípcios, a maioria dos historiadores os credita como a primeira civilização a dividir o dia em partes menores.

Os primeiros relógios de sol eram simplesmente estacas colocadas no solo. Eles indicavam o tempo pelo comprimento e direção da sombra resultante. Já em 1500 a.C., os egípcios haviam desenvolvido um relógio de sol mais avançado. Era uma barra em forma de “T”, colocada no chão. Este instrumento não-convencional foi calibrado para dividir o intervalo entre o nascer e o pôr do sol em 12 partes.

Esta divisão, por sua vez, reflete o uso do sistema duodecimal pelo Egito. Inclusive, a importância do número 12 é tipicamente atribuída ao fato de ser igual ao número de ciclos lunares em um ano ou ao número de articulações dos dedos em cada mão (três em cada um dos quatro dedos, excluindo o polegar). Isso possibilitava contar até 12 com o polegar.

O relógio de sol da próxima geração provavelmente formou a primeira representação do que hoje chamamos de “hora”. Embora as horas dentro de um determinado dia fossem aproximadamente iguais, seus comprimentos variavam durante o ano. Até porque os períodos de verão eram mais longos do que os de inverno.

Problemas no percurso

Quando inventaram o relógio como sabiam que horas eram para acerta-lo? Sem luz artificial, os humanos não consideravam os períodos de sol e escuridão como partes do mesmo dia. Sem a ajuda de relógios de sol, dividir o intervalo escuro entre o pôr do sol e o nascer do sol era mais complexo do que dividir o período iluminado. Durante a época em que os relógios de sol foram usados ​​pela primeira vez, os astrônomos egípcios também observaram um conjunto de 36 estrelas. Estas dividiram o círculo dos céus em partes iguais.

A passagem da noite pode ser marcada pelo aparecimento de 18 dessas estrelas. Três das quais foram atribuídas a cada um dos dois períodos do crepúsculo (quando as estrelas eram difíceis de ver). Segundo o metrologista Michael A. Lombardi, o período de escuridão total foi marcado pelas 12 estrelas restantes, o que originou (novamente) 12 divisões da noite (outro aceno para o sistema duodecimal).

Durante o Novo Reino (1550 a 1070 a.C.), este sistema de medição foi simplificado para usar um conjunto de 24 estrelas. Doze das quais marcaram a passagem da noite. A clepsidra, ou relógio de água, também era usada para registrar o tempo durante a noite. Talvez, fosse o dispositivo de cronometragem mais preciso do mundo antigo.

Conceito das 24 horas em um dia

Quando inventaram o relógio como sabiam que horas eram para acerta-lo? Uma vez que as horas “claras” e “escuras” foram divididas em 12 partes, o conceito de um dia de 24 horas estava finalmente em vigor. Esse comprimento fixo, no entanto, não se originou até o período helenístico. Hiparco, cujo trabalho ocorreu principalmente entre 147 e 127 a.C., propôs dividir o dia em 24 horas equinociais. Todos elas com base nas 12 horas de luz do dia e 12 horas de escuridão, observadas nos dias de equinócio.

Apesar dessa sugestão, os leigos continuaram a usar as horas sazonalmente variadas por muitos séculos. As horas de comprimento fixo tornaram-se comuns somente após os relógios mecânicos aparecerem pela primeira vez na Europa durante o século XIV.

Hiparco e outros astrônomos gregos empregaram técnicas astronômicas que antes eram desenvolvidas pelos babilônios, que residiam na Mesopotâmia. Os babilônios fizeram cálculos astronômicos na sexagesimal sistema que eles herdaram dos sumérios. Embora não tenhamos conhecimento sobre o porquê “60” foi escolhido (60 base), é nomeadamente conveniente para o trabalho com frações. Até porque o número é o menor divisível em razão aos seis primeiros números de contagem, bem como por 10, 12, 15, 20 e 30.

Embora não seja mais usado para cálculos gerais, o sistema sexagesimal ainda é usado para medir ângulos, coordenadas geográficas e tempo. De fato, tanto a face circular de um relógio quanto a esfera de um globo devem suas divisões a um sistema numérico de 4.000 anos de idade dos babilônios.

Minutos e segundos

Quando inventaram o relógio, como sabiam que horas eram para acertá-lo? Graças às antigas civilizações, a sociedade moderna ainda concebe o dia em 24 horas, a hora em 60 minutos e o minuto em 60 segundos. O astrônomo grego Eratóstenes (que viveu entre 276 e 194 a.C.) usou um sistema sexagesimal para dividir um círculo em 60 partes.

O objetivo era o de conceber um sistema geográfico de latitude, com as linhas horizontais passando por lugares conhecidos na Terra. Um século depois, Hiparco normalizou as linhas de latitude, tornando-as paralelas e obedientes à geometria. Ele também criou um sistema de linhas de longitude que abrangia 360 graus e que corria de norte a sul, de polo a polo.

Em seu tratado (Almagesto), Cláudio Ptolomeu explicou e expandiu o trabalho de Hiparco. Ele subdividiu cada um dos 360 graus de latitude e longitude em segmentos menores. Cada grau foi dividido em 60 partes, cada uma das quais foi novamente subdividida em 60 partes menores. A primeira divisão ficou conhecida simplesmente como o “minuto”. A segunda segmentação, “segundo minuto”, ficou conhecida como “segundo”.

Minutos e segundos, no entanto, não foram usados ​​para cronometragem diária até muitos séculos após o Almagesto. Mostradores de relógio dividiam a hora em metades, terços, quartos e, às vezes, até 12 partes, mas nunca por 60. Na verdade, a hora não era comumente entendida como a duração de 60 minutos. Não era prático que o público em geral considerasse minutos, pelo menos até que os primeiros relógios mecânicos surgissem (final do século XVI). Ainda hoje, muitos relógios têm uma resolução de apenas um minuto e não exibem segundos.

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