Você já parou para se perguntar o que havia onde você está agora há dois, quatro ou até há seis mil anos? Se não imaginou, provavelmente já deve ter se perguntado como eram seus ancestrais que viveram nesses períodos. Para muitos, essa questão tem uma resposta e até um rosto. Isso porque, um grupo de pesquisadores conseguiu resgatar o esqueleto de um ancestral dos gaúchos que viveu há cerca de seis mil anos no Litoral Norte. Assim, através da computação gráfica, podemos visualizar do rosto do gaúcho de seis mil anos.
Atualmente, o dono dos ossos, mais conhecido como Zé, como é chamado pelos pesquisadores, está preservado no Museu Arqueológico do Rio Grande do Sul, em Taquara. Dessa forma, pelo que sabemos do Zé, ele tinha entre 40 e 50 anos na imagem reconstruída. Além disso, seus restos foram descobertos na década de 1960, no interior de Maquiné.
Conheça o Zé, alguém que viveu na região do Rio Grande do Sul há seis mil anos
De acordo com Antônio Soares, diretor do museu, “ele foi descoberto em um sepultamento entre lajes e teve datação pelo Smithsonian”, uma instituição educacional e de pesquisa associada a um complexo de museus, fundada e administrada”, em Washington, nos Estados Unidos.
Vale lembrar que, somente podemos ver o rosto de Zé, graças a um trabalho minucioso e realizado com tecnologias avançadas. Desse modo, foi possível dar cara ao esqueleto humano mais antigo já descoberto no estado. Dito isso, os créditos do trabalho artístico e de computação gráfica vai para o designer Cícero Moraes, que foi o responsável por recriar a imagem. “O processo de reconstrução facial inicia a partir do momento em que as fotos do crânio são enviadas a um algoritmo computacional, que faz a digitalização 3D, ou seja, converte essa sequência de fotos em um elemento, em um objeto 3D compatível com o crânio original”, afirma o designer.
Como foi feita a reconstrução do rosto do gaúcho?
Segundo Cícero Moraes, para dar a forma que vimos do rosto do gaúcho, foi necessário utilizar uma técnica de fotogrametria. Com isso, dezenas de fotografias geraram uma imagem tridimensional do crânio. Depois disso, os pinos ajudaram a reconstituir a pele. Basicamente, essa é a massa virtual para montar a parte dos músculos. Por fim, o que fecha tudo e deixa a figura mais humana, são os cabelos e a pigmentação da pele. “O que a gente faz é uma espécie de engenharia reversa. A gente pega um estudo feito em pessoas vivas e projeta isso em um crânio”, afirma Cícero.
Pelo que sabemos do Zé, ele vivia em grupo, mas, ao mesmo tempo, se arriscava em busca de suprimentos. Ao longo da vida, Zé sofreu fraturas na coluna e na clavícula. “Esse indivíduo era um caçador, coletor. Fabricava seus artefatos com base nas pedras, nos lascamentos. Se encontrou muitas pontas de flechas, o que faz com que se perceba que era um indivíduo que buscava a caça”, afirma a historiadora Carla Renata Gomes. Além disso, segundo especialistas, Zé tinha origem indígena e vinha de uma mesca de asiático com afriano.