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São Patrício e a visão do purgatório

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São Patrício é uma das figuras mais fascinantes da história da Irlanda. Assim como com muitos outros santos, as histórias que o cercam seguem perpetuando em meio ao tempo, cativando todos aqueles que escutam as belas numerosas versões que se concretizaram.

Mesmo sendo difícil separar a realidade da ficção, uma coisa é certa: São Patrício não foi o responsável por expulsar as cobras da Irlanda – como muitos pensam. Em contrapartida, a ideia de que uma pequena ilha irlandesa possui um portal para os portões do Inferno consolidou-se e se mantém até hoje em meio a todas as histórias.

O purgatório

Diversas interpretações do purgatório citado logo acima foram registradas em uma gama de obras de arte sombrias. Mas em meio a tantas representações, existem obras que celebram o Inferno como um lugar mágico, belo e encantador. Prova disso são as reproduções artísticas que colocam em pauta Lough Derg, um condado de Donegal, na Irlanda, o qual serviu como cenário para inúmeros pintores retratarem o Inferno de um modo espetacular.

Como grande parte das Ilhas Britânicas, o local é exuberante. O lago que se faz presente em meio a magnífica paisagem – não só no condado, mas também nas inúmeras obras que representam o lugar -, é o que muitos acreditam ser o lar do Purgatório de São Patrício.

O motivo para que a afirmação se solidificasse gira em torno do fato de São Patrício ter recebido na ilha em questão uma visita do próprio Jesus. De acordo com a lenda, Jesus o levou para um local isolado, onde o submeteu, em primeira mão, a um vislumbre do submundo. No exato local onde São Patrício foi contemplado com o vislumbre, construiu-se um mosteiro.

Como convém a todos os santos, os contos envolvendo São Patrício são marcados pelo triunfo sobre a adversidade e grandes feitos. A visão do inferno é apenas uma das histórias que contemplam sua figura, bem como a associação com a montanha de Croagh Patrick, outro dos locais sagrados mais reverenciados da Irlanda, afinal, foi ali que São Patrício jejuou por 40 dias.

Santo, mas não tanto

O paganismo na Irlanda levou séculos para se converter ao cristianismo. Mesmo assim, símbolos da cultura celta sempre foram, segundo alguns pesquisadores, reverenciados por São Patrício. O desenho da cruz celta, por exemplo, é frequentemente atribuído a São Patrício. Muitos acreditam que seja devido à necessidade de combinar a iconografia da transição pagã para a cristã. Acredita-se também que São Patrício tenha instaurado a figura das fogueiras na celebração da Páscoa – a qual sabemos que é uma forma tradicional celta de honrar os deuses.

Embora todos esses processos tenham tornado a conversão o mais palatável possível, São Patrício não foi responsável por instaurar o Cristianismo para a Irlanda, pois, conforme expõe os historiadores, já haviam comunidades cristãs no país, mesmo que pequenas – e algumas de suas práticas, por necessidade, eram distintamente não cristãs.

Além disso, a montanha de Croagh Patrick, onde São Patrício jejuou, já era considerada sagrada pelos pagãos antes de o cristianismo se espalhar pelo país. Foi exatamente ali que os pagãos realizavam peregrinações em deferência a Lugh, Deus da agricultura e da colheita.

Mitos e verdades

Com base em todos esses fatos, acredita-se que a visão que São Patrício teve do purgatório não foi em Lough Derg, mas a Igreja achou interessante se apossar do fato porque qualquer local pagão era considerado inóspito. Quer seja verdade ou não, peregrinos de diversas partes do mundo têm visitado o local anualmente, e há séculos, já que é um extenuante desafio espiritual, que abrange três dias de jejum e acomodações mais simples.

O complexo do mosteiro não é mais o mesmo também, foi consumido pelo tempo e, consequentemente, também pela natureza. Turistas são proibidos no local, para não incomodar os fiéis. Embora curiosamente não haja nenhum registro histórico de que São Patrício esteve realmente ali, é apropriado que o santo padroeiro do país fosse fortemente associado a um de seus locais de culto mais sagrados.

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