Ciência e Tecnologia

Veja a evolução do deepfake, o futuro da criação de conteúdo

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Para quem não sabe, deepfake é uma tecnologia capaz de criar vídeos falsos, mas muito realistas, de pessoas fazendo coisas que elas nunca fizeram na vida real através de uma inteligência virtual. Essa tecnologia já foi usada várias vezes e já gerou desde conteúdos pornográficos com celebridades, até discursos fictícios de políticos influentes.

Embora haja muita gente que use o deepfake para fins, digamos, menos nobres, há também experimentos bem interessantes e reflexivos. Por exemplo, no fim de 2020, milhões de telespectadores em toda a Coreia do Sul estavam assistindo ao canal MBN para acompanhar as notícias.

Tudo parecia normal com a apresentadora Kim Joo-Ha lendo as manchetes do dia. Contudo, a transmissão do jornal não era tão normal assim. Isso porque a apresentadora não estava de fato lá. Ela tinha sido substituída por uma versão deepfake de si mesma.

Deepfake

BBC

A versão gerada por computador refletia perfeitamente sua voz, gestos e expressões faciais. Antes da transmissão, todos os espectadores já tinham sido informados do que iria acontecer. Segundo a imprensa sul-coreana, a reação foi bem variada.

Algumas pessoas ficaram impressionadas com o quão realista a versão deepfake era. Já outras disseram que se preocupavam que a verdadeira apresentadora pudesse perder o seu emprego.

O canal MBN disse que usará a versão deepfake para algumas notícias de última hora. Além disso, a Moneybrain, empresa sul-coreana que fez a tecnologia para a criação desse depfake, disse que estava procurando outros compradores tanto na China como nos EUA.

Embora a maior parte das pessoas relacione deepfake com vídeos falsos de  celebridades, a tecnologia está cada vez mais sendo usada comercialmente. Eles são chamados, diplomaticamente, de vídeos gerados por inteligência artificial, ou mídia sintética, e estão crescendo em algumas áreas, como por exemplo, em notícias, entretenimento e educação.

Uso

BBC

Uma das primeiras empresas a usar a tecnologia do deepfake foi a Synthesia, companhia com sede em Londres que cria vídeos de treinamento corporativo. “Este é o futuro da criação de conteúdo”, disse o executivo-chefe e cofundador da Synthesia, Victor Riparbelli.

“Para fazer um vídeo gerado por inteligência artificial usando o sistema da Synthesia, você simplesmente escolhe entre vários avatares, digita a palavra que deseja que eles digam e pronto”, explicou.

Nesse ponto, Riparbelli diz que isso significa que as empresas podem, facilmente, fazer vídeos em diferentes idiomas para que sejam usados em cursos de treinamento.

“Digamos que você tenha três mil trabalhadores de armazém na América do Norte. Alguns falam inglês, mas alguns podem estar mais familiarizados com o espanhol. Se você precisa comunicar informações complexas a eles, um PDF de quatro páginas não é uma boa maneira. Seria muito melhor fazer um vídeo de dois ou três minutos, em inglês e espanhol. Se você tivesse que gravar cada um destes vídeos, seria um trabalho enorme. Agora podemos fazer isso com um pequeno custo de produção e o tempo que alguém levar para escrever o roteiro. Isso exemplifica muito bem como a tecnologia é usada hoje”, ressaltou.

Crescente

Forbes

Com isso, o uso da tecnologia deepfake está “crescendo significativamente ano após ano, mas os números exatos são difíceis de cravar”, como disse Mike Price, diretor de tecnologia da ZeroFox, empresa de segurança cibernética dos EUA que rastreia deepfakes.

Entretanto, na visão de Chad Steelberg, executivo-chefe da Veritone, fornecedora americana de tecnologia de inteligência artificial, a preocupação crescente com o deepfake usado de forma errada e mal intencionada está atrapalhando o investimento e seu uso comercial.

“O termo deepfake definitivamente teve uma resposta negativa em termos de investimento de capital no setor. A mídia e os consumidores, com razão, podem ver claramente os riscos associados. Isso definitivamente impediu as corporações e os investidores de investir na tecnologia. Mas acho que se começa a ver essa abertura”, pontuou ele.

“Não devemos ter muito medo da tecnologia, e é preciso haver abordagens diferenciadas para isso. Sim, deve haver leis para reprimir coisas nocivas e perigosas, como discurso de ódio e pornografia de vingança. Os indivíduos e a sociedade devem ser protegidos disso. Mas não devemos ter uma proibição total dos deepfakes por sátira ou liberdade de expressão. E o crescente uso comercial da tecnologia é muito promissor, como passar filmes para diferentes idiomas ou criar vídeos educativos envolventes”, concluiu a professora Sandra Wachter, pesquisadora de inteligência artificial da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

Fonte: BBC

Imagens: BBC, Forbes

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