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A história do pássaro cuco que cruzou o Saara 10 vezes em 5 anos

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Uma recente reportagem publicada pelo portal de notícia LiveScience revelou que nos últimos cinco anos, um pássaro cuco, nomeado pelos pesquisadores como P.J., em um processo migratório, viajou mais de 50.000 milhas – ou seja, aproximadamente 80.000 quilômetros.

De acordo com o British Trust for Ornithology (BTO), os cucos comuns (Cuculus canorus – nome científico) passam os invernos na África e migram para o Reino Unido na primavera para se reproduzir. Os pássaros em questão deixam o continente aficano no final de fevereiro e início de março e, normalmente, chegam na Inglaterra no final de abril e início de maio.

Cuco

Infelizmente, a população de pássaros cucos tem diminuído nos últimos anos e os avistamentos da espécie têm sido cada vez mais raros. Segundo expôs a reportagem do portal de notícias LiveScience, desde os anos 1980, o número de pássaros cucos diminuiu 65% apenas na Grã-Bretanha.

De acordo com o The Guardian, a espécie, por conta da constante queda, foi inserida, em 2009, à “lista vermelha” da Royal Society for the Protection of Birds, o que torna a conservação da espécie uma prioridade para o Reino Unido.

Para entender melhor o motivo da constante queda populacional de pássaros cucos, o BTO criou, em 2011, um projeto que visa rastrear e monitorar a espécie durante a migração intercontinental.

Um dos pássaros que auxiliou a equipe de pesquisadores na pesquisa foi P.J.. Em 2016, os cientistas anexaram no pássaro uma etiqueta para monitorar os deslocamentos realizados durante a migração. De 2016 até 2021, P.J. passou pelo Deserto do Saara, pela Costa do Marfim, pela França, Espanha e Suffolk, na Inglaterra.

“Com isso, P.J., hoje, logrou ser a primeira ave do projeto, intitulado Cuckoo Tracking, a completar cinco migrações”, revelou o BTO. De acordo com a instituição, o pássaro, nos últimos cinco anos, cruzou o Saara 10 vezes.

“Ele é um cuco incrível e, claro, incomum”, disse Chris Hewson, cientista-chefe do Cuckoo Tracking Project, à PA Media. “Eles normalmente migram para a África via Espanha, ou Itália, e mantêm a mesma rota todos os anos, mas P.J., além de ter utilizado ambos trajetos, ousou experimentar novos caminhos ao longo destes cinco anos”.

Rotas

“Ao mudar de rota, P.J. pode ter conseguido evitar condições desfavoráveis ​​ao longo de sua migração e, assim, aumentar suas chances de sobrevivência”, acrescentou Hewson.

Portanto, para os cientistas, as rotas que os cucos fazem estão intimamente associadas à queda no número de espécies. Os pássaros cucos que voam ao longo da “rota oeste”, via Espanha e Marrocos, são mais propensos a morrer antes de completar a travessia do Saara em comparação com os que fazem a “rota leste”, via Itália ou Bálcãs.

A maioria das mortes na “rota oeste” ocorreu na Europa. Para os cientistas, as recentes secas na região, a presença de incêndios florestais, as mudanças de habitat em grande escala e os declínios de espécies que servem de alimento para o cuco, como, por exemplo, lagartas grandes mariposas, são os principais fatores que podem assolar a espécie durante o trajeto.

“Seguiremos assistindo avidamente P.J.”, disse Hewson à PA Media. “Afinal, esse ano realiza um novo processo migratório”.

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