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Árvore de 535 anos foi derrubada para virar cerca em Santa Catarina

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Imagine uma árvore tão alta, como um prédio de dez andares, tão larga que só poderia ser abraçada por seis pessoas juntas. E mais antiga do que a chegada dos portugueses em terras tupiniquins. Imaginou? Essa era a imbuia gigante, árvore símbolo do estado de Santa Catarina. A árvore que foi derrubada cruelmente, para ser transformada em uma simples cerca. Sim, uma árvore rara de mais de 500 anos foi derrubada apenas para servir aos interesses comerciais de criminosos. Porque isso é caracterizado como crime ambiental, como descrito pelos policiais militares ambientais que encontraram a árvore gigante derrubada, em um terreno na via Linha Coração, em Vargem Bonita.

O crime ocorreu em fevereiro do ano passado, mas só agora, por conta de uma análise inédita apontou para a idade aproximada da imbuia gigante: ao menos 535 anos. Os agentes ambientais chegaram ao local do desmate ilegal depois de receberem uma denúncia. Mas quando chegaram até o ponto da árvore caída, não encontraram pessoas ou equipamentos no local. Até então, nenhum suspeito foi identificado.

A árvore

“É um problema cultural do nosso país, onde as pessoas não sabem o valor de uma árvore. Aquelas que caem por ação da natureza, deveriam ser exploradas de forma mais nobre, virar peça de museu. Mas fazer uma derrubada de uma árvore rara saudável para fazer palanque de cerca é duplamente criminoso”, disse o professor, Marcelo Scipioni, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que é especialista em árvores gigantes.

A idade da árvore foi estimada por Scipioni e mais dois pesquisadores, que utilizaram anéis de crescimento da árvore, para analisar a sua idade. Esses anéis servem como base para a datação, por meio de uma ciência moderna, chamada dendrocronologia.

Porém, como a umidade e outras variações climáticas interferem no tamanho desses anéis, os pesquisadores agora procuram outras imbuias antigas para uma análise de construção climática dos últimos séculos. Isso para que consigam determinar, com mais exatidão, a idade da árvore rara.

A imbuia, nome popular para Ocotea porosa, pode ser encontrada em florestas de araucária no Paraná, no Rio Grande do Sul e em Santa Cataria. A sua madeira tem uma cor que varia entre o pardo-claro-amarelado até o pardo-acastanhado. Suas folhas chegam até 10 centímetros de comprimento. A casca grossa e tronco tortuoso formam uma copa arredondada.

E devido à exploração desenfreada desse tipo de árvore, a imbuia gigante entrou para a lista de espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção.

Desmate ilegal

Devido ao fato de ser uma espécie ameaçada, são proibidos a “coleta, corte, transporte, armazenamento, manejo, beneficiamento e comercialização” da imbuia. Exceto, é claro, os “exemplares cultivados em plantios devidamente licenciados”, o que não era o caso dessa árvore, em questão.

Teylor Comunello é policial militar ambiental e relata ter sentido imensa tristeza, ao ver árvores raras derrubadas. No total, foram 16 araucárias e uma imbuia derrubadas. “Nunca tinha visto uma árvore assim, desse tamanho, cortada desse jeito. É bem triste porque, além de ser uma espécie ameaçada de extinção, é centenária e rara. Um desperdício”, disse ele, que participou do trabalho de remoção da árvore.

O policial estima que, no mercado ilegal, o valor dessa imbuia pode girar em torno de R$ 4 mil. Isso, caso seja transformada em estaca de cerca. Já se for vendida para a indústria madeireira, o seu valor pode chegar até a R$ 20 mil. Ou seja, o seu valor de mercado pode superar a multa de R$ 12,750 aplicada ao proprietário do imóvel devido à derrubada dessa e das outras 16 árvores.

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