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Ativista britânica será indenizada por namorar espião disfarçado

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Processos judiciais ocorrem pelos mais diversos motivos. Alguns são mais inusitados do que outros, como é o caso de uma ativista ambiental do Reino Unido que venceu uma batalha judicial e conquistou o direito de receber 229 mil libras esterlinas (cerca de R$ 1,7 milhão) de indenização. Isso se deu porque ela foi enganada em um relacionamento amoroso, já que namorou um espião disfarçado por mais de um ano.

A decisão da Justiça de Londres saiu na última segunda-feira, 24. Os juízes responsáveis entenderam que Kate Wilson teve seus direitos humanos violados pela polícia da Região Metropolitana de Londres entre 2003 e 2005, enquanto manteve um relacionamento com Mark Kennedy. O espião se passava por ativista ambiental em Nottingham, a cerca de 200 km de Londres, e cumpria a missão de investigar o grupo do qual Kate fazia parte.

Mark Kennedy era casado e acredita-se que tenha passado sete anos se infiltrando em grupos ambientalistas. As investigações apontam que, durante sua missão como espião, ele tenha mantido relações sexuais com até outras dez mulheres. Além do mais, a operação da polícia secreta britânica teria espionado, entre 1970 e 2010, mais de mil grupos políticos. A maioria dos grupos investigados possuem ligações esquerdistas.

A investigação acerca do espião

A real identidade de Kennedy só foi descoberta por Kate cerca de cinco anos após o término do relacionamento, que durou de novembro de 2003 a fevereiro de 2005, quando ela se mudou para a Espanha. Kate processou o Estado alegando que havia sido enganada pelo espião e que sua intimidade teria sido violada.

Os três juízes que analisaram o caso destacaram as responsabilidades de oficiais superiores no esquema de espionagem. “Ou sabiam do relacionamento ou optaram por não saber de sua existência ou foram incompetentes e negligentes em não acompanhar os óbvios e claros sinais [do relacionamento]”, disseram na decisão.

London Metropolitan Police

A ação de espiões infiltrados vem sendo alvo de investigações desde 2014, quando um inquérito público foi criado. Sob liderança de um juiz aposentado, uma nova rodada de audiências deve ocorrer em maio. Na ocasião, é possível que novos casos venham à tona.

A vitória de Kate

No ano passado, em setembro, a Justiça já tinha dado sinais de que apoiaria o pedido de Kate ao concluir que ela não havia sido enganada apenas por um “policial renegado que se aproveitou de sua missão secreta”, mas que ele também recebeu autorizações tidas como “falhas”.

Um dia após a decisão, a vítima disse à imprensa do país que “a descoberta de que essas operações violaram os direitos à liberdade de expressão equivale a um reconhecimento muito atrasado de que espionar grupos de ativistas é policiamento político e não tem lugar em uma sociedade democrática”.

“É importante, porque vai além do escândalo de policiais disfarçados enganando mulheres para relacionamentos íntimos. A violação de nossos direitos políticos foi a razão para essas mobilizações, e milhares de pessoas tiveram seus direitos políticos violados dessa maneira”, completou a ativista.

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