Há muita desinformação sobre os cigarros eletrônicos. A exibição do dispositivo em filmes e programas de TV também leva algumas pessoas a acreditarem que ele é inofensivo à saúde. No entanto, a realidade parece ser outra. As emissões feitas pelos cigarros eletrônicos não são inofensivas. E os cientistas dizem que chamá-las de vapor é propositalmente enganoso.
Por mais que as baforadas dos cigarros eletrônicos não sejam exatamente fumaça, o termo “vapor” geralmente leva a crer que é uma nuvem de água. Por isso, os especialistas em saúde pública dizem que uma descrição mais precisa é aerosol. Já que as nuvens desses cigarros eletrônicos tem substâncias química nocivas que podem pairar no ar e até se estabelecer em superfícies próximas.
Mudar o nome pode parecer uma coisa irrelevante. Mas novas pesquisas sugerem que ela tem um impacto real nas políticas públicas e na forma como os indivíduos avaliam o risco de exposição ao produtos do tabaco.
Cigarros eletrônicos
Fazendo uma comparação de termos para a emissões dos cigarros eletrônicos, entre 791 estudantes universitários, os pesquisadores descobriram que a palavra “vapor” está associada a um senso de menor risco de exposição passiva.
Já os alunos que responderam as perguntas usando as palavras “produtos químicos” ou “aerossóis” tiveram duas vezes mais chances de descrever as emissões como prejudiciais ou muito prejudiciais. Eles também eram mais propensos a apoiar uma política de campus 100% livre do tabaco.
“Ambientes de campus sem fumo e sem tabaco são sempre uma medida de saúde pública de senso comum. E são especialmente neste momento, dada a forte ligação entre o uso do tabaco e a transmissão de COVID-19 entre os jovens. As faculdades e universidades são encorajadas a adotar urgentemente políticas de campus livres do tabaco para ajudar a prevenir a disseminação do coronavírus”, disse o cientista de saúde pública Matthew Rossheim da George Mason University.
Desde 2012, o número de universidades livres de fumo nos EUA mais que triplicou. Mesmo assim, um em cada seis campus ainda não colocaram os cigarros eletrônicos nessa política.
De acordo com os pesquisadores, isso é problemático. Porque, por mais que a fumaça normal do cigarro possa conter mais tóxicos, evidências recentes sugerem que as nuvens dos cigarros eletrônicos podem expor as pessoas à nicotina, metais pesados, partículas ultrafinas, compostos orgânicos voláteis e outros tóxicos.
Falsa segurança
Atualmente, os cigarros eletrônicos são a forma mais prevalente do uso de tabaco entre os jovens. E uma grande culpa disso é que eles foram comercializados como uma alternativa segura aos cigarros normais.
O cirurgião-geral dos EUA classificou esse aumento do uso de cigarros eletrônicos entre os jovens como uma “epidemia” de saúde pública. E os cientistas também estão preocupados que isso possa reverter décadas de trabalho feito contra o uso do tabaco. Além do mais o termo “vapor” tende a minimizar o risco de exposição passiva. E podem ajudar para que o uso seja generalizado.
Um outro estudo recente descobriu que várias pessoas veem a segurança de quem está ao seu redro como um benefício dos cigarros eletrônicos. E as novas gerações desses cigarros são comumente chamadas de “vapes” entre os jovens.
“Os esforços de controle do tabaco também devem ser direcionados para a aprovação de nova legislação para regular as práticas de marketing da indústria de cigarros eletrônicos. De forma que, entre outras questões, não estruture a comunicação para minimizar ou enganar o público quanto à nocividade de seus produtos”, concluem os autores.