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Como fazer uma poção do amor segundo a ciência

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Já passou pela experiência de querer que alguém te ame? Ou já se apaixonou de tal maneira que você se pergunta como que chegou naquela situação? Talvez quis se apaixonar por alguém, mas não conseguiu. Se você já passou por qualquer uma dessas situações, se perguntou como o amor acontece e se existe, de alguma forma milagrosa, uma poção do amor.

Sabemos que nós, humanos, somos obcecados pelo amor – alguns mais que os outros. Temos livros, filmes, novelas, músicas e muito mais que gira em torno dessa ideia. Amor infinito, amor puro, amor inabalável… Mas por que sentimos o amor? Por que ele existe, afinal?

“Os humanos são uma espécie incrivelmente cooperativa, não porque nos amamos, mas porque temos que sobreviver”, diz Anna Machin, antropóloga evolucionária da Universidade de Oxford que investiga a ciência por trás de nossos relacionamentos mais próximos.

Cooperação ou solidão

A teoria de Machin é de que “em um mundo ideal, todas as espécies seriam solitárias porque é muito, muito difícil cooperar umas com as outras. Mas desenvolvemos redes sociais muito complexas, onde não apenas amamos amantes, mas também crianças, família, amigos, animais de estimação, Deus, etc. Portanto, precisamos fazer três coisas principais”.

“Assim, essas coisas são: sobreviver; perdurar, encontrar comida, construir abrigo, aprender uma grande quantidade de informações e criar nossos filhos incrivelmente independentes”, aponta a pesquisadora.

“O problema é que viver com outras pessoas é realmente difícil. Primeiro de tudo, você tem que existir dentro de uma hierarquia muito rígida, e isso significa que você gasta muito do seu tempo monitorando onde todo mundo está.”

Além disso, a médica biomédica ressalta que as pessoas às vezes não são legais. Elas mentem, trapaceiam e roubam. “Então, ser cooperativo é muito estressante”.

“Então, no nível mais básico, o amor é um suborno biológico formal que a evolução criou para garantir que vamos começar e depois investir e manter os relacionamentos de que precisamos para sobreviver.” Sendo assim, para nos subornar, a biologia se juntou à química.

Poção do amor – os primeiros ingredientes

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Existem quatro substâncias químicas a se considerar como responsáveis pelo sentimento de amor que nós já conhecemos. “Quando você começa um relacionamento, naquele momento em que você se sente atraído por alguém, são liberadas oxitocina e dopamina, que são muito importantes nessa fase.”

A ocitocina reduz as suas inibições, reduzindo sua ansiedade e receio. Assim, inicia-se novos relacionamentos sociais, acalmando o centro do medo do cérebro humano, que é a amígdala.

Das quatro substâncias principais na poção do amor, a ocitocina é, possivelmente, a mais estudada. Isso porque é coloquialmente chamada de “droga do amor”, embora as outras três substâncias sejam igualmente importantes quando se trata de amor.

“A dopamina é a recompensa química do seu corpo, mas quando ela é liberada em relação à atração e ao amor é para te motivar a fazer um esforço – ir conversar com a pessoa que você gostou. A oxitocina é incrível, mas se é liberada sozinha pode fazer você se sentir tão relaxado que não consegue fazer nada.”

Colocados esses dois ingredientes no caldeirão, há um terceiro para adicionar à poção do amor, sendo crítico principalmente no início do relacionamento: a serotonina. “Achamos que está associado aos aspectos obsessivos do amor”. Essa sensação muitos já tiveram em algum momento, senão em vários.

“No começo de uma relação, você simplesmente fica obcecado: você fala constantemente sobre essa pessoa, você quer estar com ela o tempo todo. Mesmo em um relacionamento de longo prazo, você precisa estar vagamente obcecado por seu parceiro para se incomodar em coordenar seu dia com ele ou perguntar como ele está.”

Vício

O problema com esses ingredientes é que o amor humano pode durar décadas com ajuda da oxitocina e dopamina. No entanto, nos tornamos tolerantes a eles e seus efeitos não são tão duradouros. Portanto, precisamos de algo a mais para a poção do amor.

A principal substância química de ligação que sustenta o amor humano de longo prazo é a beta endorfina. “Ele faz isso por ser altamente viciante”.

“Quando você interage com alguém que você ama – você o toca, você ri, você o abraça – você recebe uma dose enorme de endorfinas beta e sente euforia, calor, alegria, segurança… esses sentimentos de estar apaixonado. E então, quando você se afasta deles, você experimenta a síndrome de abstinência, que o força a voltar para satisfazer esse desejo irresistível. Funciona exatamente da mesma maneira que qualquer opiáceo”.

Na poção do amor já temos ocitocina, que relaxa, dopamina revigorante, serotonina obsessiva e beta endorfina viciante.

Desejo

Para melhorar a poção do amor, falta acrescentar afrodisíacos. “Há muitas evidências anedóticas ao longo da história sobre os efeitos dos afrodisíacos. Mas a evidência científica não tende a apoiá-la”, diz a Dra. Kate Lister, ressaltando que “é muito difícil medir em laboratório”.

“Se você considera algo afrodisíaco, provavelmente é: o efeito placebo está bem documentado”, acrescenta a historiadora do sexo e autora de A Curious History of Sex.

Dessa forma, de acordo com a autora, muitos “afrodisíacos” ganharam esse status apenas porque se parecem com genitália, como aspargos, cenouras, chifres, ostras, mamão, figo e mais.

“Sabe o que eles tinham no século 16 fora dos bordéis? Ameixas secas cozidas porque achavam que era bom para a libido. Outro é o tiramisu. Sua origem é muito debatida, mas dizem que foi feito para ser comido em bordéis italianos para dar energia aos clientes”.

Ingredientes proibidos

Em busca de uma poção de amor, existe coisas que você deveria evitar a todo custo. “Ao longo da história, acreditava-se que, se você quisesse suprimir os impulsos sexuais, precisava comer comida sem graça e chata”, diz a pesquisadora. “É daí que vêm os cereais de flocos de milho”.

“John Harvey Kellogg, o inventor, fez parte de uma brigada antimasturbação no final do século 19 e início do século 20, e essa foi uma das razões pelas quais ele criou o cereal de flocos de milho.”

Cheiro de amor do ar

Há diversos estudos que dizem que o olfato é incrivelmente ligado às emoções, como é sentir o cheiro da casa da sua vó ou do perfume do seu pai que engatilha a sensação de amor e carinho. Porém, em relação ao desejo, ainda não se sabe como isso funciona.

“Como os odores podem afetar a excitação sexual nunca foi estudado cientificamente, apesar do número de perfumes por aí”, diz o neurologista e psiquiatra Alan Richard Hirsch, diretor neurológico da Taste and Smell Treatment and Research Foundation em Chicago.

“Então, fizemos um estudo original que analisou estudantes de medicina que foram apresentados a todos os tipos de aromas, perfumes e colônias diferentes. Depois medimos o fluxo sanguíneo peniano”.

Sendo assim, usaram o cheiro de pãezinhos de canela como controle, mas encontraram que esse aroma teve o maior efeito de todos. “A melhor teoria que surgiu foi que, em nosso passado evolutivo, as pessoas tendiam a se reunir em torno de lugares onde havia comida, e em torno da comida elas teriam mais chances de encontrar um parceiro.”

O caso das mulheres

Alan realizou outro experimento e descobriu que o aroma que mais afetou a excitação feminina era uma mistura de doce de alcaçuz e pepino. No entanto, cada indivíduo possui seus próprios gatilhos olfativos. Mesmo assim, o poder do olfato é notável.

A escolha final na poção do amor

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Agora que você tem a poção do amor completa, a ciência defende que ainda falta um ingrediente importante: suas escolhas. “Muitas vezes nos esquecemos disso, talvez não tanto atração, mas amar e manter relacionamentos também é uma escolha. Escolhemos estar apaixonados. Escolhemos nos comportar com amor e escolhemos cuidar de outras pessoas”, diz o autor de Atração explicada: a ciência de como moldamos nossos relacionamentos.

“As pessoas que se concentram em coisas como genes e neurociência nos absolvem dessa responsabilidade dizendo: ‘Não é você, você não tomou uma decisão consciente. É o seu cérebro dizendo que você se sente assim’.” Portanto, mesmo que haja um sentimento aparentemente incontrolável, nós ainda escolhemos nos apaixonar.

Viren lembrou as palavras de Erich Fromm, autor de The Art of Loving, que disse: “O amor não é um sentimento, mas uma prática”. Sendo que amor por si só é inútil, é necessário adicionar uma colherada boa de livre-arbítrio, gentileza, comunicação e o que você considerar importante numa relação.

Fonte: G1

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