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Conheça a banda de metal que nasceu em um lixão

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Para muitos, o lixão Stung Meanchey, localizado perto de Phnom Penh, é um meio de sustento. Cerca de 2.000 pessoas, entre homens, mulheres e crianças, vasculham diariamente a montanha de lixo à procura de materiais recicláveis ​​para vender.

O local, além de ser símbolo de sustento, é também o lar de muita gente. Mesmo abrigando inúmeros cidadãos, o lixão segue sendo considerado como uma zona de perigo. Ali, algumas pessoas, enquanto procuravam resíduos para vender, foram esmagadas por caminhões de lixo. Além disso, muitos adoeceram devido à exposição a toxinas.

Dentre os nascidos no lixão, Sok Vichey, Ouch Theara e Ouch Hing merecem atenção. “Nós já ficamos dias sem comida. Muitas vezes, para garantir algum dinheiro, temos que vagar pela cidade para vender latinhas”, diz Vichey, 18 anos. “Não fomos à escola. Não tivemos escolha”, completa.

A situação dos três jovens não é diferente dos que vivem no local. De acordo com a sede do Banco Mundial no Camboja, em 2007, cerca de 47% dos cambojanos viviam na pobreza. Em suma, muitos vivem com menos de um dólar por dia.

A realidade de Theara, Hing e Vichey mudou quando os três atingiram a adolescência. Já jovens, os três, após deixarem o lixão, ficaram sob os cuidados da Moms Against Poverty, uma ONG local. Ali, Theara, Hing e Vichey conheceram o assistente social suíço-alemão Timon Seibel.

Para aliviar toda a carga negativa que os jovens carregavam devido às condições de vida no lixão, Seibel apresentou aos três o futebol e os inseriu em algumas aulas de arte. Em suma, nada funcionou. Sem mais opções, Seibel, um fã de heavy metal, os apresentou performances de bandas pioneiras do heavy metal.

Uma nova jornada

“Eu apenas fiquei na frente do palco e fiquei tipo, […] o que é essa música?”, disse Vichey. “Eu não entendi o que eles estavam cantando. A bateria e o violão, eu realmente não entendi”, completou o jovem.

Em contrapartida, mesmo sem entender tal universo, o grupo se interessou pelo segmento musical. Seibel os introduziu a Slipknot e Rage Against The Machine. Imediatamente, os meninos se identificaram com a natureza agressiva da música.

“Gosto mais do metal porque podemos gritar, expor nossa raiva e tocar o que quisermos”, diz Vichey. “Vamos para a sala de música, ligamos o amplificador e liberamos nossa raiva. Nosso passado foi realmente difícil”.

O nome

Por se identificarem rapidamente com tal estilo musical, os três decidiram formar uma banda, a Doch Chkae. O nome, em suma, significa “como um cachorro”. Os três, inicialmente, queriam um nome que representasse o que a sociedade os fazia sentir, como catadores de lixo vivendo em extrema pobreza.

A banda Doch Chkae começou a tocar em Phnom Penh, em 2015. O grupo lançou alguns singles, como, por exemplo, Kham Knea Doch Chkae (Bite Each Other Like Dogs) na Yab Moung Records. Em suma, a Yab Moung Records é a única gravadora de rock pesado do Camboja.

De acordo com Nina Ruhl, natural de Phnom Penh, qualquer um é capaz de se tornar fã da banda, depois de vê-los tocar ao vivo. “Você pode ver como a multidão fica quando eles estão tocando. A energia muda, as pessoas pulam e batem com a cabeça. Todos os idolatram”, diz ela. “Eu nunca gostei de metal antes, mas quando vejo os caras, fico emocionada”.

Após realizarem pequenas apresentações, em 2018, o grupo foi convidado a tocar no Wacken Open Air. Wacken Open Air acontece na Alemanha e, atualmente, é um dos maiores festivais de heavy metal. Em contrapartida, a banda não pôde comparecer ao evento. O visto do grupo foi negado. “É para ser sincero? Eles eram muito pobres”, explicou Seibel.

A resposta da comunidade do Heavy Metal

Muitos ficaram furiosos com a decisão. De acordo com informações disponibilizadas pela imprensa, mais de 10.000 assinaram uma petição online, pedindo que as autoridades reconsiderassem.

O movimento funcionou. A banda acabou ganhando o visto. Em suma, o grupo fez um show triunfante no Wacken diante de milhares de pessoas. “Eu estava tão empolgado”, disse o vocalista Theara. “Tocamos oito músicas, terminamos e eles gritavam: ‘Mais uma, mais uma’. Eles pareciam muito felizes, queriam que continuássemos. Eu nunca tinha visto nada assim antes. Havia tantas pessoas”, completou.

Devido ao sucesso na Alemanha, o Doch Chkae está gravando um novo disco e esperava embarcar em uma turnê pela Europa, após seu lançamento. Foi no Heavy Metal que os três conseguiram encontrar esperança.

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