Inigo Philbrick sabia como ninguém sobre determinados artistas e como negociar obras de arte. O britânico de 34 anos foi apelidado pela imprensa de mini Madoff (líder da maior pirâmide financeira do mundo). Por comandar um esquema de fraude avaliado em US$ 86 milhões, o equivalente a R$ 415,49 milhões, ele foi condenado a 7 anos de prisão pela Justiça norte-americana.
A ficha criminal informa que Philbrick “deturpou” obras de artes famosas, como Umidade, de Jean-Michel Basquiat, feita em 1982. O britânico vendeu ações fracionárias para diversos proprietários de um retrato de estilo fotorrealista de Pablo Picasso, elaborado por Rudolf Stingel em 2012.
Quando foi questionado pelo juiz Sidney H Stein sobre o motivo de ter cometido os crimes, o vigarista declarou: “Pelo dinheiro, meritíssimo”. O trapaceiro também falsificou documentos para inflar os valores das peças.
“Inigo Philbrick expandiu seu negócio de arte supostamente bem-sucedido garantindo e revendendo ações fracionárias de arte contemporânea de alto valor. Infelizmente, seu sucesso foi construído em mentiras descaradas, incluindo interesses de propriedade ocultos, documentos falsos e até a identidade de um colecionador inventada”, disse Damian Williams, procurador dos Estados Unidos, em um comunicado.
Justiça
De acordo com uma publicação do portal The Guardian, um credor notificou oficialmente Philbrick por inadimplência em um empréstimo de US$ 14 milhões (aproximadamente R$ 67,35 milhões). O fato aconteceu em 2019, na época, diversos investidores entraram com ações civis.
Por causa das denúncias, o britânico fugiu para Vanuatu, uma ilha remota no Oceano Pacífico. No entanto, a Justiça o encontrou e prendeu o britânico em 2020. O esquema de fraudes durou de 2016 até 2019.
Em novembro de 2021, o criminoso se declarou culpado ao juiz Stein por uma acusação de fraude eletrônica. Ao magistrado, Philbrick alegou: “Eu sabia que as minhas ações eram erradas e ilegais”.
Por causa do acordo de confissão, os promotores federais decidiram que ele cumpra a sentença de 121 a 151 meses. De acordo com o The New York Times, o “vigarista em série” pediu desculpas pelos seus atos e definiu o próprio comportamento como “ultrajante e imperdoável”.
A técnica de fraude
Para atrair as vítimas, Inigo Philbrick agia de forma charmosa. Entre as vítimas do golpista, está o artista, escritor e acadêmico Kenny Schachter. Ele perdeu US$ 1,5 milhão (aproximadamente R$ 7,2 milhões). “Ele desviou meus fundos, minha arte, como fez com muitas pessoas”, disse em entrevista ao The Guardian.
Além do dinheiro, o professor também afirma sofrer por causa da amizade com o criminoso. Os dois chegaram a passar férias juntos. Ao recordar dos momentos, o autor descobriu o golpista como “afiado, divertido e engraçado”. “Negociante de arte muito talentoso”, acrescentou Schachter.
O outro lado do golpe
O The Guardian teve acesso a uma carta de Jeffrey Lichtman, advogado do “vigarista em série”. Na mensagem direcionada ao juiz Stein, ele reconhece as fraudes. O advogado ainda afirmou que o golpista sofre com problemas de vício em álcool e drogas desde a escola. “[…] se intensificou à medida que ele entrou no mundo da arte em Londres.”
O golpista nasceu na Inglaterra e foi criado em Connecticut, nos Estados Unidos. De acordo com o The Guardian, o criminoso é “filho de um respeitado ex-diretor de museu, escritor e artista formado em Harvard, que se divorciou quando ele era adolescente, devastando a família financeiramente e emocionalmente, de acordo com documentos judiciais”. Além disso, o britânico de 34 anos estudou na Goldsmiths, Universidade de Londres.
Em 2010, Inigo Philbrick conseguiu um estágio na galeria White Cube, em Londres. Logo o britânico subiu de cargo e se tornou o chefe de vendas do mercado secundário. Já em 2013, ele fundou a própria galeria de arte contemporânea no bairro de Mayfair. Após apresentar faturamento de US$ 130 milhões, o golpista decidiu abrir uma filial em Miami, na Flórida.
Vida de fraude e luxo
As fraudes proporcionam uma vida de luxo e ostentação para Philbrick. O golpista desfrutou de viagens em aviões particulares e degustou os melhores vinhos do mundo, com garrafas que custam 5 mil libras, ou seja, R$ 30 mil.
Em relação à vida amorosa, o golpista ficou noivo de Victoria Baker-Harber, estrela do reality-show Made in Chelsea, antes de ser preso. O romance gerou a filha do casal, Gaia Grace.
Como Gaia nasceu quando Philbrick aguardava o julgamento, pai e filha nunca se encontraram. “Mal posso esperar pelo dia em que terei minha pequena família de volta”, disse Victoria em entrevista.
A influenciadora ainda afirmou que irá apoiar o noivo mesmo com a condenação de 20 anos de prisão pelo bem da filha do casal. Os dois começaram a namorar em 2017.
Fonte: Metrópoles
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