Mundo Animal

Conheça o espetáculo sexual submarino mais extravagante da natureza

0

A vida marinha é espetacular por si só. Os oceanos e tudo que tem dentro deles sempre foi um fascínio muito grande para todo mundo, seja ou não cientista ou pesquisador. Além da biodiversidade, o sexo entre as espécies marinhas também é um verdadeiro espetáculo para os olhos.

Tanto que o proprietário da Whyalla Diving Services e defensor há décadas da sépia-gigante-australiana Tony Bramley disse: “a primeira vez que você vai e coloca a cabeça debaixo d’água e vê centenas e centenas de sépias nesta pequena área, parece um caleidoscópio caótico”.

Há anos, Bramley observa o espetáculo que é o acasalamento frenético e colorido das sépias, que acontece no Parque Marinho do Norte do Golfo Spencer, na Austrália do Sul.

Esse acasalamento já foi de interesse apenas dos pescadores e mergulhadores locais. Isso porque, quando isso acontecia, eles avisavam uns aos outros que as sépias estavam na região. Contudo, hoje em dia, justamente por ser um verdadeiro espetáculo, o acasalamento delas atrai turistas e pesquisadores do mundo todo.

Essa atenção toda é um bom recurso para a pequena cidade siderúrgica de Whyalla, na Península de Eyre, na Austrália do Sul.

Sépias

BBC

As sépias são um tipo de invertebrado marinho e um parente próximo do polvo. Elas são moluscos inteligentes e que conseguem mudar de cor e textura de forma instantânea.

Além disso, elas conseguem escapar de labirintos e são capazes de hipnotizar suas presas. Elas fazem isso transformando seu corpo em luzes estroboscópicas, que emitem cores por sua pele de forma rápida e conseguem atordoar e distrair suas presas, como por exemplo, um caranguejo ou um peixe desavisado.

Como se essas habilidades já não fossem o bastante para que esses animais chamassem a atenção, os seus comportamentos de acasalamento também são um ponto bem interessante por serem no mínimo estranhos.

Acasalamento

BBC

Entre maio e setembro, centenas de milhares de sépias-gigantes-australianas se reúnem nas águas próximas de Point Lowly, na parte mais ao norte do Golfo Spencer, com o propósito de acasalar.

Isso acontece todos os anos e é justamente a época em que o espetáculo de sexo subaquático mais extravagante da natureza acontece. Até porque, mesmo que as maiores sépias do mundo sejam encontradas nas águas do sul da Austrália, é somente em Whyalla que elas se reúnem em grande número para acasalar.

“O número estimado de sépias na agregação reprodutiva de 2020 foi de 247 mil, o mais alto já registrado. Este número foi reportado, mas sabemos que provavelmente é subestimado”, disse Bronwyn M. Gillanders, uma renomada pesquisadora de sépias e chefe da escola de ciências biológicas da Universidade de Adelaide, na Austrália.

Segundo Gillanders, Whyalla atrai as sépias para o acasalamento por conta da sua paisagem marinha única. Nessa região mais ao norte do Golfo Spencer são encontradas várias saliências rochosas que as fêmeas usam para colocarem seus ovos.

E por mais que o acasalamento das sépias também aconteça em outros lugares, o Golfo Spencer é o palco da maior agregação conhecida do planeta. Tanto que, em nenhum outro lugar do mundo é possível se observar esse espetáculo do comportamento de acasalamento em massa. Dentre eles, pode ser visto as mudanças de cor e machos que se disfarçam de fêmeas.

Observação

BBC

Como Whyalla é a região que mais atrai as sépias para o acasalamento, os pesquisadores marcaram algumas delas para conhecerem seus comportamentos. Com isso, eles viram que algumas delas viajam, pelo menos, 65 quilômetros do sul da cidade, e outros 35 quilômetros do norte para chegarem até as zonas de reprodução no Golfo Spencer.

Uma vez em Whyalla, é fácil observar o espetáculo feito pelas sépias, seja mergulhando com garrafa de oxigênio ou apenas com snorkel. Isso porque esses animais estão perto da costa entre dois e seis metros. Contudo, mesmo que seja fácil de observá-las é preciso se preparar porque a água é calma, mas não é quente.

“Você realmente precisa se vestir para a ocasião. Com a temperatura do oceano em torno de 10 a 16 °C, eu vim preparada com uma roupa de mergulho grossa, capuz, luvas e botas. Mesmo assim, o frio me pegou com força. Mas uma vez que eu estava debaixo d’água, tinha um ingresso na primeira fila para o espetáculo mais incrível da cidade”, disse Bramley.

Espetáculo

BBC

Embora Bramley ressaltou que tenham algumas coisas não tão favoráveis no momento da observação do acasalamento das sépias, uma vez dentro do mar, tudo compensa.

“Uma vez que meus olhos se adaptaram, percebi que estava cercada por sépias, e elas não pareciam nem um pouco incomodadas em ter um ser humano assistindo a seus momentos mais íntimos”, disse ele.

“Com um arco-íris vibrante e pulsante de roxo, laranja, turquesa e rosa, e tentáculos por toda parte, levei algum tempo para entender o flerte cefalópode, já que as sépias possuem mais do que algumas artimanhas de sedução em seus tentáculos”, ressaltou.

Assim como em outras espécies, o tamanho importa. Por isso os machos grandes e agressivos lutavam uns contra os outros para conseguir a chance de acasalar. Ou seja, os machos menores acabam ficando de fora.

“Os machos menores têm um dilema em suas mãos, porque sabem que não conseguem vencer esses machos muito maiores. Eles criaram uma abordagem alternativa, se disfarçando de fêmea para evitar a batalha”, explicou Sarah McAnulty, bióloga especializada em lulas da Universidade de Connecticut, nos EUA.

Com essa mudança de cor, os machos menores conseguem colocar seus braços em volta as fêmeas enquanto os machos grandes estão ocupados brigando entre si. Assim que eles chegam na fêmea, eles mudam rapidamente sua cor de volta para a original.

Se a fêmea aceitar o acasalamento, no espetáculo seguinte as sépias se conectam, e o macho deposita seu pacote de esperma na boca da fêmea, usando um braço especialmente desenvolvido para isso, conhecido como hectocótilo. Depois disso, a fêmea retém então o esperma até que esteja pronta para colocar seus ovos.

Fonte: BBC

Imagens: BBC

Zulmiro: a história do pirata que morou em Curitiba

Artigo anterior

Qual a origem da expressão “primeira-dama”?

Próximo artigo

Comentários

Comentários não permitido