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Desde o lançamento do podcast “A Mulher da Casa Abandonada”, do jornalista Chico Felitti, da Folha de S. Paulo, houve um aumento de 123% nas denúncias de trabalho doméstico análogo à escravidão. De acordo com um levantamento do Ministério Público do Trabalho, a média passou de 7 para 16 denúncias depois do dia 8 de junho.
Isso porque o assunto do podcast é a história de Margarida Bonetti, uma moradora de uma mansão quase abandonada em Higienópolis, região de alta classe em São Paulo. Assim sendo, a mulher teria fugido dos Estados Unidos após ser condenada por manter uma trabalhadora doméstica em trabalho análogo à escravidão.
Entre 1º de janeiro e 7 de junho, registrou-se 36 denúncias. Isso representa 12 a mais do que as 24 registradas no mês e meio antes do lançamento do podcast. Só no estado de São Paulo, onde a casa está localizada, a média passou de 0,6 para 2,66 por mês, quadriplicando as denúncias.
De acordo com Lys Sobral Cardoso, a coordenadora nacional de Erradicação do Trabalho Escravo e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (Conaete) do MPT, não se sabe exatamente os motivos do aumento de denúncias. No entanto, o fato do assunto estar em pauta por conta do podcast “A Mulher da Casa Abandonada” teve influência no caso.
”O fato de que o tema ganhou as redes sem dúvida influenciou esse aumento, o que é muito positivo, no sentido de estimular mesmo a sociedade a se apropriar do conceito de que a escravidão é um tema atual, de que a exploração ainda existe e de que é muito necessário que os órgãos de fiscalização recebam denúncias”, diz Cardoso.
Trabalho escravo
Cardoso ressaltou que é de extrema importância a repercussão que a mídia dá a casos de trabalho análogo à escravidão, citando também o caso de Madalena Santiago, em que trabalhou recentemente. A idosa viveu 54 anos de seus 62 anos anos em regime análogo à escravidão. Assim, o caso foi relatado no quinto episódio de “A Mulher da Casa Abandonada”.
Segundo o chefe da Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo do Ministério do Trabalho, Maurício Krepsky, é normal o aumento de denúncias que sucedem a divulgação ou a realização em operações, também citando o caso de Madalena.
“Especialmente em casos de trabalho escravo doméstico é comum receber além do relato da situação, um relato do tipo ‘situação muito parecida com a trabalhadora da matéria do Fantástico’, bem na época da Madalena”, contou ele, via Folha de S. Paulo.
A Mulher da Casa Abandonada
Reprodução
Margarida é uma mulher brasileira que fugiu dos Estados Unidos e do FBI após manter, junto ao marido, uma mulher em estado análogo à escravidão por cerca de duas décadas. Desde então, ela está escondida no Brasil e raramente aparecia fora da casa “abandonada” de Higienópolis, herdada de sua família.
A mulher não recebia salário e o casal ainda a agredia, além de não ter acesso aos armários ou geladeira da residência. Com a acusação, Bonetti fugiu do país e o FBI a colocou na lista de pessoas foragidas. Já o marido, que se naturalizou estadunidense, permaneceu.
Portanto, ele ficou preso por sete meses e, no julgamento, afirmou que a funcionária não poderia ser considerada como tal, porque ela era “da família” e “trabalhava menos que o casal”. Atualmente, Renê ganha um salário equivalente a R$ 1 milhão enquanto Margarida se mudou para a casa em Higienópolis.
A Polícia Civil cumpriu, na quarta-feira, 21, um mandado de busca e apreensão na residência. A operação faz parte de uma investigação de possível abandono de incapaz, tendo como vítima Margarida bonetti, de 62 anos.
Ela passou por avaliação médica para analisar se teria condições de ficar sozinha na casa. Já Margarida afirmou que não quer deixar o local. O início da investigação se deu quando vizinhos da casa em Higienópolis ligaram para diversas delegacias informando que havia uma pessoa que apresentava problemas de saúde mental morando no local e que precisava de ajuda.
Fonte: Aventuras na História
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