Dez anos depois do crime que parou o Brasil, Elize Matsunaga quer publicar um livro autobiográfico no qual conta sua versão e pede perdão à filha, que não vê desde 2012. Na obra nomeada como “Piquenique no Inferno”, Elize afirma que matou e esquartejou o empresário Marcos Kitano para se proteger das agressões do marido.
Elize explicou que o objetivo é que a menina, hoje com 11 anos de idade, leia a obra quando adulta e conheça a história de sua mãe desde sua origem humilde até as supostas violências domésticas durante o casamento. Atualmente, a guarda da criança está com os avós paternos, que proíbem o contato.
O crime ocorreu no dia 19 de maio de 2012, no apartamento do casal, na Zona Oeste de São Paulo. O assassinato do herdeiro da empresa de alimentos Yoki acabou ganhando repercussão nacional.
Mensagem de Elize Matsunaga à filha
“Minha amada [filha], não sei quando você lerá essa carta ou se um dia isso irá acontecer. Sei o quão complicada é nossa história, mas o que eu escrevo aqui não se apagará tão fácil”, afirma Elize, em carta incluída no livro.
De acordo com informações do G1, a obra teria 178 páginas e foi escrita em um caderno com o desenho de crianças em frente a uma escola na capa.
Apesar dessa versão de Elize para o crime já ser conhecida pela polícia e pela Justiça, essa é a primeira vez que ela tenta transformar o relato em um livro.
“Espero muito ansiosamente que um dia você me perdoe. Não pretendo justificar o injustificável”, escreveu Elize para a filha. “Não há a menor possibilidade de desistir de lutar por ti, minha filha.”
Prisão até 2028
No ano de 2016, Elize foi condenada pela Justiça a 19 anos, 11 meses e um dia de prisão em regime fechado por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Porém, em 2017, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) reduziu a pena dela para 16 anos e três meses.
De acordo com a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), Elize conseguiu a progressão de regime e agora cumpre pena em regime semiaberto na penitenciária feminina de Tremembé, no interior paulista.
Por segurança, Elize decidiu por trabalhar dentro da prisão. Atualmente, a condenada se dedica à costura, ganha um salário e pode sair em todos os feriados, retornando logo em seguida ao presídio.
A previsão da SAP é de que Elize Matsunaga seja solta em 20 de janeiro de 2028, quando termina sua condenação. Após isso, a condenada deseja abrir sua própria empresa para costurar roupas para animais.
“E como o fim é sempre um novo começo, me atrevo a dizer que não termino minha vida na prisão”, disse Elize no livro.
Cartas com pedidos de casamento
No livro, Elize ainda conta que recebe centenas de cartas de vários estados, de pessoas que se sensibilizam com a sua história ou de admiradores apaixonados. Entre elas, estão até mesmo pedidos de casamento.
De acordo com o G1, em alguns momentos do livro, a bacharel em direito usa a primeira pessoa para contar sua versão, em outros, ela prefere ser narradora da sua própria história. Elize ainda dá uma dica sobre o porquê de ter escolhido o título do livro: “Seria assim o inferno? Ou seria pior, como a visão dantesca?”, escreveu a condenada sobre estar presa e sem a possibilidade de ver a filha.
Além disso, ela informou sobre por qual motivo decidiu usar a cor vermelha da caneta para contar nas páginas do caderno tudo o que aconteceu. “Só uma vida escrita em vermelho, sangue e vinho”, afirma.
“Elize tem algumas opções de publicação e pretende assinar com a editora após ser colocada em liberdade”, diz ao G1 o advogado Luciano Santoro que, ao lado da esposa, Juliana Santoro, a defendem. A expectativa é que futuramente o livro escrito por Elize seja vendido em livrarias.
Lembrando que antes do crime, ela era aluna de Luciano, professor de direito na faculdade. O profissional pediu o livramento condicional dela para cumprir o restante da pena fora da prisão, em sua casa. O juiz determinou então que a presa passe por um exame criminológico antes de decidir, que ainda não foi realizado.
Fonte: Aventuras na História, G1
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