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Emissora é multada em quase R$ 100 mil por exibir cena de suicídio em novela

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A emissora portuguesa TVI foi condenada a pagar uma multa de 15 mil euros, cerca de R$ 93.500, por mostrar uma cena de suicídio em uma novela. Isso viola a Lei de Televisão ao transmitir conteúdo inadequado para crianças e adolescentes durante o horário nobre.

Em 2019, na novela “Amar Depois de Amar”, o personagem Tiago (Lucas Dutra), um estudante de 16 anos, se prepara para tirar a própria vida após uma decepção amorosa.

Ele coloca sua camiseta favorita, aplica perfume, vai até a sala, sobe em uma cadeira e, olhando uma foto de uma mulher mais velha em seu celular, coloca uma corda improvisada ao redor do pescoço, feita com uma peça de roupa de sua ex-namorada.

A cena prossegue com a entrada do pai, que ao ver o filho enforcado, corre para socorrê-lo. A câmera mostra as pernas do jovem balançando, enquanto o pai, desesperado, abraça o corpo sem vida.

Além de chocante para qualquer espectador, essa cena de suicídio crua poderia desencadear gatilhos em pessoas com transtornos emocionais.

Quais são os problemas de uma cena de suicídio?

Via Terra

Muitas pessoas podem acreditar que não existe problema em exibir coisas como uma cena de suicídio na televisão. No entanto, existem várias problemáticas associadas.

Inicialmente, pode ser um gatilho para pessoas em situações sensíveis, que se recuperam de traumas ou possuem um emocional comprometido.

As regras de exibição em canais fechados ou programas a parte, como séries e filmes, são mais brandas. Isso porque existe a chance de aplicar tags e avisos iniciais, permitindo que a audiência escolha o que assistir.

No entanto, isso não acontece em um canal aberto, especialmente em horário nobre, como as novelas. Por isso, as regras para momentos sensíveis, como cena de suicídio, são restritas e possuem multas.

Além disso, algumas autoridades acreditam que exibir esse tipo de imagem traz incentivas ou ideias para pessoas que já estão com a mente comprometida. Assim, mesmo indivíduos com ideações suicidas reduzidas, uma exposição dessa forma poderia gerar pensamentos mais explícitos.

Outros problemas anteriores

Esse tipo de situação já aconteceu também com programas privados de plataformas de streaming.

Por exemplo, no lançamento da série Os 13 Porquês, da Netflix, uma das cenas finais da primeira temporada trazia uma cena de suicídio bastante explícita. Além de exibir sem tags ou borrões, mostrava o passo a passo do processo.

Por isso, os produtores receberam advertências, tendo que substituir a cena por algo mais subjetivo, retirando a versão original do ar. Isso porque mesmo sendo uma série privada, não em canal aberto, não apresentava nenhum tipo de tag de aviso para conteúdo sensível.

Ainda, a classificação etária era abaixo do permitido para esse tipo de exibição. Se a cena permanecesse, a série precisaria aumentar sua classificação, o que não era o intuito da plataforma.

Contudo, é um exemplo de que todo tipo de conteúdo cinematográfico e de entretenimento está sujeito à multas e suspensões caso não se atente aos avisos de produto sensível.

Via Globo

Taxas alarmantes

De acordo com o portal da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), a taxa de suicídio entre jovens no Brasil cresceu 6% entre 2011 e 2022, superando o aumento registrado na população em geral.

Durante o mesmo período, o número de autolesões entre pessoas de 10 a 24 anos aumentou 29% ao ano. Muito antes da pandemia de covid-19, o país já enfrentava uma silenciosa e grave crise de saúde mental entre crianças, adolescentes e jovens.

A campanha Setembro Amarelo, criada há 10 anos pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), busca conscientizar sobre a prevenção ao suicídio. Segundo a ABP, em média, 38 brasileiros tiram a própria vida diariamente, totalizando quase 14 mil mortes por ano.

É de conhecimento geral que quase 100% dos casos de suicídio possuem associação com transtornos mentais, principalmente aqueles sem diagnóstico ou tratamento de forma adequada.

Assim, a maioria desses casos poderia ter sido evitada com o acesso adequado a tratamento psiquiátrico e informações de qualidade, afirma o comunicado da campanha.

Influência

Presente em cerca de 96% dos quase 70 milhões de lares brasileiros, a televisão tem o dever de usar seu poder de influência – seja no jornalismo, em programas de entretenimento ou nas novelas – para informar o público sobre os canais de apoio para quem está passando por sofrimento emocional e destacar a importância de combater o preconceito contra pessoas em tratamento psiquiátrico.

Lembre-se: você pode ligar gratuitamente para o número 188. Os voluntários do CVV (Centro de Valorização da Vida) estão disponíveis 24 horas por dia para conversar, sem julgamentos ou críticas, respeitando os sentimentos de quem busca ajuda.

 

Fonte: Terra

Imagens: Globo, Terra

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