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Freud explica: por que algumas pessoas se atraem pelo mesmo gênero?

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Há especialista de tudo na internet, incluindo pessoas que dizem saber como se “cura” pessoas gays. No entanto, Sigmund Freud explica que a atração por pessoas do mesmo gênero não é uma doença a ser remediada. Para o pai da psicanálise, você, eu e todos os seres humanos somos naturalmente bissexuais.

Apesar disso, é esperado que nem todos que estão lendo esse post se identifiquem como alguém que sente desejos por homens e mulheres. Neste sentido, a startup TODXS Brasil realizou uma pesquisa com 15 mil pessoas que se declaram LGBTQIA+. Dentro desse segmento, apenas 26,7% se entendem como bissexuais.

Olhando para a população total, a tendência é que essa porcentagem seja ainda menor. Mas afinal, o que faz alguém se relacionar apenas com o gênero oposto? O que leva uma pessoa a gostar somente do gênero igual ao dela? Conforme dito no título desse post: Freud explica (com requintes de polêmicas e contradições).

No caso dos homens…

Conhece o Complexo de Édipo? Esse termo foi gerado pelo pai da psicanálise para descrever o momento em que o menino desenvolve desejos sexuais por sua mãe. Ao mesmo tempo, o sujeito passa a ter ódio por seu pai, pois este é visto como um concorrente amoroso.

Esse processo gera manifestações sutis e dificilmente você vai ver uma criança virar para seu pai e dizer: “te odeio”. Por isso, os sintomas deste repúdio se manifestam entre os 3 e 6 anos de idade das seguintes maneiras: grande afeto pela mãe; curiosidades quanto ao próprio órgão sexual e ciúme excessivo quando seus pais estão juntos.

Fonte: mapodile

Porém, segundo Freud, essas características vão sumindo à medida que o menino cresce e começa a se parecer com sua figura paterna. Sendo assim, o indivíduo começa a reprimir qualquer feminilidade que habite dentro dele. Isso é feito na intenção de conseguir ser amorosamente correspondido por sua mãe.

Dessa forma, a homossexualidade no homem germina na puberdade, quando o indivíduo foge dessa regra de reprimir a personalidade feminina materna. Assim, ele passa a vê-la como uma inspiração. Consequentemente, sua mãe deixa de ser um objeto de desejo sexual, e se torna uma referência de como ser e estar no mundo.

No caso das mulheres…

É aqui que entra uma das teorias mais contestadas do pai da psicanálise. Segundo o pensador, a homossexualidade nas mulheres cisgênero é uma forma que elas encontraram de suprir a ausência de um pênis em sua estrutura física.

Nesse sentido, vale lembrar que Freud é um homem nascido em uma Viena extremamente machista do século 19. Por isso suas ideias são construídas pela perspectiva masculina. Para ele, o homem cisgênero nasce com um objeto peniano, que além de um órgão sexual, é um falo alvo de inveja.

A pensadora Simone de Beauvoir repudia essa ideia freudiana em seu livro O Segundo Sexo. De acordo com ela, esse valorizado falo poderia ser uma boneca que lembre uma promessa de vida futura, caso a análise fosse feita por uma mulher. Além disso, o pênis perde totalmente essa vangloriação em sociedades matriarcais.

Uma comunidade regida por mulheres passava longe das abstrações de Freud. Ele era contra a participação feminina no mercado de trabalho, sendo defensor da ocupação delas com tarefas domésticas. Isso inclui sua esposa, Martha Bernays.

Na concepção do psicanalista, uma mulher cisgênero que alcança altos cargos na vida corporativa vê nessa rebeldia uma outra forma de compensar a ausência do falo. Da mesma forma, para ele, as lésbicas respondem a essa falta manifestando suas homossexualidades.

Fonte: SB crédito

Freud: Um conservador desconstruído?

Como é possível ver, Freud inova ao retirar o caráter de distúrbio que a homossexualidade carregava no século passado e ao ousar falar da sexualidade infantil. Contudo, isso não significa que o pai da psicanálise foi um homem a frente de seu tempo.

Suas visões eram embasadas na ideia de que as mulheres são homens com defeitos. Para ele, o desenvolvimento sexual delas é uma forma de resposta à ausência peniana.

Por isso, Simone de Beauvoir é enfática em lembrar que as concepções da psicanálise precisam ser contextualizadas em seu tempo e em seu espaço. Desta forma, pode ser que Freud não explique a homossexualidade, apenas polemize com ideias ultrapassadas dos Séculos 19 e 20.

Fonte: Super Interessante, Tua Saúde

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