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Um idoso foi encontrado vivo dentro de um saco para cadáveres. Seis pessoas estão sob investigação em Xangai, na China, por causa desse fato. O homem era morador de uma casa de repouso na cidade e teria sido declarado morto, colocado no saco e levado da residência até o carro funerário, onde foi percebido o erro.
O acidente que aconteceu na tarde de domingo (01/05) foi filmado por vizinhos e as imagens rapidamente se espalharam pela internet, provocando uma reação furiosa na cidade, que estava em lockdown há cinco semanas, por conta da covid.
A situação também levantou preocupações em relação ao sistema médico sobrecarregado da cidade.
O incidente foi confirmado pelo governo do distrito de Putuo, que afirmou que as investigações foram iniciadas. A Comissão de Supervisão de Xangai e a Comissão Central de Inspeção Disciplinar declararam que cinco funcionários, incluindo o diretor da casa de repouso e um médico, foram afastados e colocados sob investigação. Outro funcionário local do Partido foi advertido.
A Casa de Repouso Shanghai Xinchangzheng pediu desculpas. Já a funerária elogiou seus funcionários por perceberem que a pessoa ainda estava viva e os recompensou com 5.000 yuans (aproximadamente R$3.800) cada.
A mídia estatal afirmou que o idoso havia sido transferido para o hospital e estava recebendo tratamento.
Habitantes de Xangai são enviados para fora da cidade em luta contra a Covid
Foto: STR
Lucy, uma moradora de Xangai, relatou que ela e seus vizinhos foram forçados a entrar em um ônibus no meio da noite. Esse grupo de pessoas teria sido levado para centros de quarentena improvisados, a centenas de quilômetros da confinada megalópole chinesa.
Há semanas, a maior parte dos 25 milhões de habitantes de Xangai foram confinados em suas casas, enquanto a cidade enfrenta um grande surto de Covid-19.
Diversas pessoas que testaram positivo para o coronavírus foram levadas para centros de isolamento improvisados. Isso porque a China não permite que cumpram a quarentena em casa. Agora, até moradores que testaram negativos foram transferidos para instalações fora da cidade.
“A polícia nos disse que havia muitos casos positivos no nosso condomínio e que, se continuássemos morando aqui, todos acabaríamos infectados. Não tínhamos outra opção”, afirmou Lucy, que prefere não dar seu sobrenome, à AFP.
De acordo com a chinesa, o grupo de pessoas que testou negativo foi enviado para um centro de quarentena com quartos individuais pré-fabricados. O imóvel está localizado na província vizinha de Anhui, a cerca de 400 km de distância. Ela não sabe quando poderá retornar para casa.
A AFP conversou com outros moradores de Xangai, com boa saúde e negativos para o vírus, que também precisam cumprir quarentena em outras províncias. Um deles afirma que seus vizinhos protestaram e se recusaram a sair.
Outro chinês, do distrito de Jing’an, disse que foi levado à noite, junto com dezenas de outras pessoas de seu complexo residencial, para um centro de quarentena localizado em Anhui.
Em entrevista para a AFP, uma mulher chinesa afirma ter ficado “horrorizada” ao ver o local e que “perdeu a confiança no governo de Xangai”.
Restrições
Foto: Jacqueline Wong/Reuters
A cidade de Xangai se encontrava, na última segunda-feira (02/05), em regime de restrições sanitárias, mesmo que os novos casos de covid tenham caído para cerca de 7.000, com 32 mortes. As autoridades informaram para a mídia a situação na cidade.
O pesquisador Yanzhong Huang, do “think tank” Council on Foreign Relations (CFR), de Nova York, informa que o governo deve estar sujeito a uma grande pressão para aplicar a política de covid zero, ou seja, precisa impedir a transmissão fora dos centros de quarentena.
“Quando estão submetidos a uma forte pressão que vem de cima para implementar as metas da política de ‘covid zero’, é muito mais provável que recorram a medidas muito duras e excessivas. Afastar quem testou negativo para o vírus pode ser considerado como uma estratégia preventiva”, explica.
De acordo com a agência oficial de notícias Xinhua, milhares de pessoas que tiveram contato com cidadãos infectados pela covid foram colocadas em quarentena nas províncias vizinhas.
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