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Jules Brunet, o oficial militar por trás da verdadeira história do “O Último Samurai”

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Poucas pessoas conhecem a história real de O Último Samurai, o épico arrebatador de Tom Cruise (2003). Seu personagem era um nobre capitão chamado Algren. Em grande parte, fora baseado em uma pessoa real: o oficial francês Jules Brunet. Este foi enviado ao Japão para treinar soldados sobre como usar armas e táticas modernas. Mais tarde, escolheu ficar e lutar ao lado do samurai Tokugawa em sua resistência contra o Imperador Meiji. Vamos navegar pela história real que inspirou o filme? Importante lembrar que o Japão do século XIX era uma nação isolada. O contato com estrangeiros foi amplamente suprimido. Tudo mudou em 1853, quando o comandante naval americano Matthew Perry apareceu no porto de Tóquio com uma frota de navios modernos.

Pela primeira vez, o Japão foi forçado a se abrir para o mundo exterior. Os japoneses assinaram um tratado com os EUA no ano seguinte (Kanagawa). Os escritos permitiam que embarcações norte-americanas atracassem em dois portos japoneses. Os EUA também estabeleceram um cônsul em Shimoda.

O evento foi um choque para o Japão e, consequentemente, dividiu sua nação sobre se deveria modernizar com o resto do mundo ou permanecer tradicional. Assim, seguiu-se a Guerra Boshin (1868-1869), também conhecida como a Revolução Japonesa.

De um lado, estava o Imperador Meiji do Japão, apoiado por figuras poderosas que procuravam ocidentalizar o Japão e reviver o poder do imperador. Do lado oposto, estava o xogunato Tokugawa, uma continuação da ditadura militar composta por samurais de elite que governaram o Japão desde 1192.

Yoshinobu, líder Tokugawa popularmente conhecido como “shogun”, concordasse em devolver o poder ao imperador, a transição pacífica tornou-se violenta. O conflito começou quando imperador foi convencido a emitir um decreto que dissolveu a casa dos Tokugawa.

Shogun protestou, o que naturalmente resultou em guerra. Acontece que o veterano militar francês Jules Brunet, de 30 anos, já estava no Japão quando esta guerra eclodiu.

Quem foi Jules Brunet?

Nascido no dia 2 de janeiro de 1838 em Belfort/França, Jules Brunet seguiu uma carreira militar especializada em artilharia. Ele participou de seu primeiro combate durante a intervenção francesa no México (1862 a 1864), onde recebeu a Légion d’honneur. Ou seja, a mais alta honraria militar francesa.

Em 1867, o xogunato Tokugawa do Japão solicitou ajuda do Segundo Império Francês de Napoleão III na modernização de seus exércitos. Brunet foi enviado como especialista em artilharia ao lado de uma equipe de outros assessores militares franceses.

O grupo deveria treinar as novas tropas do xogunato sobre como usar armas e táticas modernas. Infelizmente, uma guerra civil irromperia apenas um ano depois entre o xogunato e o governo imperial.

Brunet e o capitão André Cazeneuve – outro conselheiro militar francês no Japão – acompanharam o shogun e suas tropas em uma marcha para a cidade de Kyoto, capital do Japão. O ano era 1868. Shogun e seu exército deveria entregar uma carta severa ao imperador para reverter sua decisão de despojar o xogunato Tokugawa de seus títulos e terras.

No entanto, o exército não foi autorizado a passar e as tropas dos senhores feudais Satsuma e Choshu – que eram a influência por trás do decreto do Imperador – foram ordenadas a disparar. Assim começou o primeiro conflito da Guerra Boshin, conhecida como A Batalha de Toba-Fushimi.

Embora as forças do Shogun tivessem 15.000 homens contra os 5.000 do Satsuma-Choshu, eles tinham uma falha crítica: o equipamento tradicionalmente usado por samurais.

A batalha durou quatro dias, mas foi uma vitória decisiva para as tropas imperiais. Jules Brunet e o almirante do xogunato, Enomoto Takeaki, fugiram para o norte, para a capital Edo (atual Tóquio). Como? No navio de guerra Fujisan.

A queda do samurai

Jules Brunet e Enomoto fugiram para a ilha de Hokkaido. Lá, os líderes Tokugawa restantes estabeleceram a República Ezo, que continuou sua luta contra o estado imperial japonês. Parecia que Brunet escolhera o lado perdedor, mas a rendição não era uma opção.

A última grande batalha da Guerra Boshin aconteceu na cidade portuária de Hakodate, em Hokkaido. Durou meio ano, de dezembro de 1868 a junho de 1869, e 7.000 tropas imperiais lutaram contra 3.000 rebeldes de Tokugawa.

Jules Brunet e seus homens fizeram o melhor que podiam, mas as chances não estavam a favor deles. Isso devido à superioridade tecnológica das forças imperiais. Como um combatente de alto perfil do lado perdedor, Brunet era agora um homem procurado no Japão.

O navio de guerra francês Coëtlogon felizmente saiu de Hokkaido em tempo hábil. Ele foi transportado para Saigon/Vietnã, na época controlado pelos franceses, e voltou para a França.

Reconhecimento

Embora o governo japonês exigisse que Jules Brunet recebesse punição por seu apoio ao xogunato na guerra, o governo francês não fez nada porque sua história ganhou o apoio do público.

Em vez disso, ele foi reintegrado ao exército francês depois de seis meses e participou da Guerra Franco-Prussiana de 1870-1871, durante a qual ele foi feito prisioneiro durante o cerco de Metz.

Mais tarde, ele continuou a desempenhar um papel importante nas forças armadas francesas, participando da repressão da Comuna de Paris em 1871. Enquanto isso, seu ex-amigo Enomoto Takeaki foi perdoado e subiu ao posto de vice-almirante na Marinha Imperial Japonesa.

Takeaki usou sua influência para que o governo japonês não apenas perdoasse Brunet, mas também lhe concedesse uma série de medalhas. Nos 17 anos seguintes, o próprio Jules Brunet foi promovido várias vezes.

De Oficial a Chefe de Gabinete, ele teve uma carreira militar completamente bem sucedida até sua morte em 1911. Entretanto, ele seria lembrado como uma das principais inspirações para o filme de 2003: O Último Samurai.

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