Curiosidades

MK Ultra: o projeto da CIA que usou LSD para controle mental

0

Dentro de um banheiro, um policial que trabalhava para a CIA observa, por meio do espelho unilateral, prostitutas e seus clientes tomando LSD em um apartamento em San Francisco. 

Essa cena era parte de uma das pesquisas da CIA, em que o oficial George White, da divisão de narcóticos, estudava sobre a ação de drogas psicodélicas para o governo americano.

A operação, nomeada como Clímax da Meia-Noite, começou em 1960. O objetivo da CIA era pesquisar se o uso de drogas era capaz de alterar o comportamento das pessoas.

No apartamento que ele alugou com o nome falso de Morgan Hall, George White, avaliava o efeito de drogas como o LSD em pessoas que não sabiam que estavam sendo drogadas, a substância era colocada em bebidas alcoólicas. 

No local, White também testava equipamentos de espionagem, como os espelhos unilaterais, que permitem que a pessoa por trás deles observasse o lugar.

O LSD, uma droga alucinógena que provoca euforia, deixou as cobaias de White extremamente alteradas. Essas pessoas riam muito, falavam sem parar, afirmavam estar vendo objetos crescendo de tamanho e as cores mais fortes. 

Alguns desses indivíduos ficaram tão perturbados que começaram a chorar de aflição, com medo de que a alucinação não terminasse. Por isso, White concluiu que os testes com drogas poderiam ser aplicados em interrogatórios e apresentou o método à CIA.

CIA e a testagem de drogas

Foto: Reprodução/Thought Catalog

No entanto, é preciso destacar que essa não foi a primeira vez que o serviço de inteligência dos EUA testou drogas em seres humanos. No dia 13 de Abril de 1953, foi criado o Projeto MK Ultra, chefiado pelo químico Sidney Gottlieb.

Para a CIA, os soviéticos estavam desenvolvendo pesquisas similares com drogas e técnicas de manipulação. Por causa disso, usaram cobaias humanos nas pesquisas.

Com isso, começaram a testar e observar viciados em drogas, prostitutas e criminosos. Como as pessoas testadas tinham problemas com a polícia, não procuravam as autoridades para denunciar os abusos.

Alguns desses indivíduos eram viciados em drogas e estavam internados no Hospital Lexington, em Kentucky. Os pacientes afirmavam ser voluntários, em troca de um pagamento em drogas de sua escolha. A qualidade era raramente encontrada nas ruas, visto que a CIA comprava as substâncias diretamente de laboratórios que sintetizavam LSD.

Foto: Reprodução/Thought Catalog

O diretor do Hospital Lexington na época, Harris Isbell, testava os voluntários ao ponto de deixá-los sob o efeito de LSD por 77 dias consecutivos. Isso acabava levando alguns pacientes a terem sintomas de paranoia e psicose.

Os planos de intoxicar pessoas com drogas incluíam até mesmo a ideia de envenenar chefes de governo inimigos dos Estados Unidos. De acordo com uma reportagem do jornal inglês The Guardian, edição de 14 de agosto de 2001, a CIA queria intoxicar Fidel Castro, colocando sais de tálio, substância usada para matar ratos, na bebida do cubano. O plano era infiltrar um agente no governo cubano e tentar executar a estratégia.

Segundo o The Guardian, isso foi planejado no fim do mandato de Dwight David Eisenhower, presidente entre 1953 e 1961. O contato com o veneno provocaria uma intoxicação que faria cair todos os pelos do corpo de Fidel, inclusive a famigerada barba. Os agentes imaginavam que isso prejudicaria o carisma do ditador cubano. O departamento americano não levou essa ideia adiante.

O fim do uso LSD

Foto: Reprodução/Thought Catalog

A CIA começou a usar o LSD em interrogatórios secretos na década de 1960. No entanto, em 1961, vazou o caso de um interrogatório na França. James Thornwell, um ex-soldado negro americano acusado de roubar documentos secretos, foi preso em Paris. Levado para um apartamento, James, que tinha 22 anos na época, foi confinado e torturado num quarto por seis semanas.

Como não contava o motivo para ter roubado os papéis, os agentes deram a ele LSD em uma dosagem forte. O soldado ficou paranoico e acabou tendo um ataque de histeria. Como ele não falou nada, os agentes soltaram o soldado.

Em 1971, quando o LSD entrou na lista das substâncias proibidas pela ONU, a CIA deixou de usá-lo em interrogatório.

Seis anos depois, em 1977, o escritor John Marks, na época preparando seu livro sobre o MKULTRA (The Manchurian Candidate) pediu para realizar uma pesquisa nos arquivos da CIA e a liberação dos documentos que poderiam ser achados sobre o programa. Ao todo, foram encontradas seis caixas de documentos do MKULTRA no arquivo morto da CIA em Washington.

Apenas nessas seis caixas havia referência a 149 projetos, inclusive um “manual de truques” para auxiliar os que administravam LSD e outras drogas nas pessoas. 

De acordo com um dos denunciadores do MKULTRA, Mark Zepezauer, mesmo que isso seja apenas uma pequena parte em relação ao que foi destruído, “a história que sobreviveu já é demasiado sórdida”.

Fonte: Aventuras na História

Para que serve o botox além de tratar rugas e marcas de expressão?

Artigo anterior

O filme “Pai Nosso” da Netflix é baseado em uma história real?

Próximo artigo

Comentários

Comentários não permitido