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O que acontece quando se deixa o bebê chorar até dormir?

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Quando um bebê nasce, principalmente se for nosso filho ou de uma pessoa que amamos, nossa vida muda completamente. É como se começássemos a viver de uma forma diferente, diante de um pequeno ser cheio de mistérios e que nos faz aprender diariamente. E claro que existem várias coisas sobre os bebês que ainda intrigam as pessoas diariamente, sendo várias dessas dúvidas bem comuns.

Uma que sempre aparece é: o que acontece se os pais ou responsáveis deixarem o bebê chorando até ele dormir? Pensando nisso, Wendy Hall, pesquisadora canadense do sono infantil, estudou, em 2015, 235 famílias com bebês de seis a oito meses de idade. Com isso, ela queria descobrir se o treinamento do sono funcionava.

Esse treinamento do sono, em uma definição mais ampla, pode ser interpretado como qualquer estratégia empregada pelos pais para incentivar seus bebês a dormir à noite, o que pode ser somente uma rotina noturna, ou então permite ler as indicações de cansaço que o bebê dá.

Treinamento de sono

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No estudo feito por Hall, essas indicações tiveram um papel importante. Outro ponto importante no estudo foi uma uma estratégia comumente associada ao treinamento do sono, que é justamente incentivar que o bebê durma sem ajuda dos pais mesmo quando ele acorda à noite.

Isso não quer dizer que os pais não estarão ali com seu bebê, mas que sua reação será limitada. Ou seja, pelo menos um dos pais estará presente com o bebê, mas ele não o pegará para tranquilizá-lo fisicamente.

Essa abordagem pode variar entre intervalos de tempo, em que o bebê é deixado sozinho, intercalados por intervenções dos pais, ou mais radicalmente, deixar o bebê no quarto e fechar a porta, o que muitas vezes quer dizer deixar o bebê chorar até dormir.

Embora essa técnica para “treinar” o bebê a dormir sozinho seja incomum no mundo, nos EUA, os bebês são colocados para dormir em quartos separados. Na América do Norte, Austrália e em algumas partes da Europa, muitas famílias adotam alguma forma dessa técnica.

Tanto que, mais de seis em cada 10 livros de conselhos aos pais nos EUA recomendam algum tipo de estratégia de “chorar até dormir”. No estudo, metade dos pais no Canadá e na Austrália, além de um terço dos pais pesquisados na Suíça e na Alemanha, apontaram nos questionários que já tentaram esses métodos.

Dificuldades

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Em seu estudo, Hall e sua equipe previram que os bebês que os pais receberam instruções e conselhos sobre o treinamento do sono dormiriam melhor que os outros em seis semanas. Segundo ela, os bebês “teriam períodos de sono consideravelmente mais longos, despertando à noite significativamente menos vezes”.

A descoberta feita por ela vai de encontro com a de outros estudos anteriores. Dezenas deles também afirmam que as intervenções do sono são eficazes. Contudo, os estudos nunca serão perfeitos. Isso porque, além de vários aspectos técnicos não poderem ser aplicados, a maior parte dos estudos se baseia no relato dos pais. Dessa forma, não existe uma medida objetiva para determinar quando o bebê está acordado ou dormindo.

Estudo

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O estudo de Hall foi feito para responder algumas críticas sobre esse método. O teste era controlado aleatoriamente. Então, metade dos pais recebeu instruções sobre o que é chamado de “extinção gradual”, “conforto controlado” ou “choro controlado”. Nele, os pais podem atender ao choro do bebê em intervalos curtos. Depois, deixam o bebê sozinho pelo mesmo intervalo de tempo e vão aumentando gradativamente o tempo.

Já a outra metade foi o grupo da intervenção do sono. Esses pais receberam dicas e informações sobre o sono infantil, desmentindo, por exemplo, a ideia de que menos sonecas levariam a maior sono noturno.

No caso dos dois grupos, os pais receberam algum tipo de instrução. Além disso, eles mantiveram um diário do sono do bebê. Hall incluiu em seu estudo a actigrafia, que é o uso de aparelhos vestíveis para monitorar os movimentos e determinar os padrões de acordar e dormir dos bebês.

Os pesquisadores compararam os diários de sono e concluíram que, os pais que tinham feito o treinamento acreditavam que seus bebês acordaram menos à noite e dormiram por períodos mais longos.

Entretanto, quando eles analisaram os padrões de dormir e acordar que foram vistos na actigrafia, o resultado foi diferente. O resultado mostrou que os bebês que receberam treinamento do sono estavam acordando com a mesma frequência do grupo controle.

“Após seis semanas, não houve diferença na alteração média de episódios de sono longo ou despertar entre os grupos que receberam a intervenção e os grupos controle, segundo a actigrafia”, escreveram os pesquisadores.

“O que estávamos tentando fazer era ajudar os pais a ensinar seus filhos a cuidar de si próprios. Na verdade, não estávamos dizendo que eles não iriam acordar. Estávamos dizendo que eles iriam acordar, mas não precisariam alertar seus pais. Eles poderiam voltar sozinhos ao seu próximo ciclo de sono”, concluiu Hall.

Fonte: BBC

Imagens: BBC

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