Muito se fala em energias limpas e como elas podem ser obtidas. Tudo isso por conta do avanço do aquecimento global e as consequências que ele gera. Agora, a atenção está toda voltada para uma possível solução para o problema: o hidrogênio verde.
Esse combustível é produzido com eletricidade oriunda de fontes de energia limpas e renováveis, como as de matriz hidrelétrica, eólica, solar e provenientes de biomassa e biogás. Ou seja, ele é obtido sem emissão de CO2. O termo “verde” atribuído a ele é justamente por conta da ausência de CO2.
As expectativas para esse combustível são boas. Cientistas acreditam que até 2030 o hidrogênio verde fornecerá uma abundância de energia, visto que ele tem três vezes mais energia do que a gasolina. Esse combustível será usado para abastecer veículos de carga de longo curso e aviões, além de servir como energia na produção de aço e aquecimento doméstico.
A produção do hidrogênio verde
É possível que se pense em um combustível criado a partir do hidrogênio porque esse é o elemento mais abundante do Universo. As estrelas, a exemplo do Sol, são formadas principalmente por esse gás, que também pode assumir o estado líquido. Atualmente, o hidrogênio já é usado como combustível, mas cerca de 99% desse produto é produzido por fontes de energia não-renováveis, ou seja, que poluem o meio ambiente.
Menos de 0,1% do combustível é produzido por meio da eletrólise da água, de acordo com a Agência Internacional de Energia. Mas essa realidade está prestes a mudar. Até julho de 2021, cerca de 359 projetos estavam em andamento para a produção do hidrogênio verde em grande escala. Nesse período, US$ 150 bilhões em investimentos já haviam sido direcionados às pesquisas.
Mesmo em abundância, o hidrogênio só existe na Terra em combinação com outros elementos. Assim, utiliza-se nesse processo um método criado há quase 200 anos pelo químico e físico britânico Michael Faraday. Trata-se da eletrólise da água, que separa o hidrogênio do oxigênio por meio de uma corrente elétrica.
Ao ser separado da água, o hidrogênio se torna altamente inflamável e é armazenado em botijões. No entanto, um dos maiores pontos de dificuldade que se tem hoje na produção desse combustível é o alto custo. O preço do quilo do hidrogênio verde está entre US$ 5 e US$ 8. O objetivo é que, até 2040, esse valor esteja abaixo de US$ 1.
Até o momento, esse é considerado o combustível mais limpo do mundo, já que não gera gases poluentes durante a combustão ou durante a produção. Um dos objetivos com o uso desse produto em larga escala é diminuir e, a longo prazo, até erradicar o uso do petróleo.
Países empenhados no projeto
A expectativa com o hidrogênio verde é tão alta que já foi criado o Conselho do Hidrogênio (Hydrogen Council, em inglês). Em 2021, o conselho já era formado por 109 empresas globais, com capital somado de US$ 6,8 trilhões.
Seis países são os principais comprometidos com a produção do combustível. A Austrália lidera o ranking em projetos para o hidrogênio verde. O país pretende construir 5 megaprojetos em seu território. O primeiro deles, que prevê a construção de uma série de eletrolisadores, requer o investimento de US$ 36 bilhões e deve estar pronto entre 2027 e 2028.
Holanda, Alemanha, China (que atualmente é o maior produtor mundial de hidrogênio), Arábia Saudita e Chile são os outros pioneiros no desenvolvimento de hidrogênio verde. Cada um desses países pretende produzir o combustível em massa dentro de suas barreiras. Com investimentos pesados, é possível que na próxima década boa parte da energia dessas nações já seja obtida através de forma limpa.
Comentários