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O superfungo Candida Auris

candida auris
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O Brasil tem passado por situações sanitárias complicadas. Mesmo com a pandemia da Covid-19 e o novo surto de gripe por todo o país, um superfungo tem preocupado as autoridades. Em 2022, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) registrou o terceiro surto de Candida auris no Brasil, o que é considerado muito preocupante. A contaminação foi descoberta em Pernambuco no início de janeiro.

A preocupação com o Candida auris é por conta de sua resistência a remédios antifúngicos. Como se trata de um fungo multirresistente (ou seja, que não é combatido pela maioria dos antifúngicos), é difícil combater as infecções que ele causa, o que gera muitos riscos a pessoas imunodepressivas ou com comorbidades. Além disso, há muita dificuldade de identificação do fungo, já que ele pode ser confundido com outras leveduras.

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Um caso registrado de contaminação pelo superfungo pode parecer pouco para determinar que se trata de um surto. No entanto, segundo a Anvisa, “a definição epidemiológica de surto abrange não apenas uma grande quantidade de casos de doenças contagiosas ou de ordem sanitária, mas também o surgimento de um microrganismo novo na epidemiologia de um país”, informou a Agência.

O grande problema trazido pelo Candida auris envolve a dificuldade de seu tratamento. Nos Estados Unidos, há casos registrados de pessoas que se recuperaram bem de cirurgias, mas morreram subitamente. Exames posteriores detectaram a presença do superfungo em vários lugares, como nas paredes do quarto, no colchão e nas roupas de cama dos pacientes.

Os casos de Candida auris no Brasil

O superfungo foi isolado pela primeira vez em 2009, a partir da cera de ouvido de um paciente no Japão. Em 2016, tornou-se obrigatória a notificação desse fungo a cada vez que fosse confirmado, devido à dificuldade de sua identificação e tratamento.

O primeiro caso desse fungo foi confirmado no Brasil em 2020. Segundo a Anvisa, esse já é o terceiro surto do fungo no país. O primeiro ocorreu em dezembro de 2020, que resultou em 15 casos e 2 mortes. O segundo aconteceu em dezembro de 2021. Esses dois surtos foram identificados em Salvador, na Bahia.

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Agora, o terceiro surto foi registrado em um hospital de Pernambuco. A identificação foi confirmada pelo laboratório de referência, que é o Laboratório Central de Saúde Pública Prof. Gonçalo Moniz – Lacen/BA. Desde a identificação do caso suspeito, o hospital estabeleceu as medidas de precaução e adotou ações para prevenção e controle do surto.

Além disso, a Coordenação Estadual de Prevenção e Controle de Infecção de Pernambuco foi notificada a respeito do caso de Candida auris e passou a monitorar o surto. A força-tarefa nacional também foi acionada e várias ações de vigilância, monitoramento, prevenção e controle foram intensificadas.

Os sintomas

Até o momento, casos de Candida auris no Brasil foram identificados em pessoas que ficaram internadas por muito tempo em hospitais. O que ocorre é que pessoas que estão com o sistema imunológico enfraquecido têm mais tendência à presença do fungo em sua corrente sanguínea.

Além disso, o risco de infecção por Candida auris é maior quando a pessoa fez uso anterior de antifúngicos e quando possui cateter venoso central ou outros dispositivos médicos no organismo. Isso se dá porque esse fungo possui capacidade de aderir a equipamentos médicos, fato que dificulta o tratamento e favore a sua proliferação.

O uso prolongado ou indiscriminado de antibióticos também pode favorecer a infecção pelo superfungo, pois os antibióticos em excesso podem eliminar bactérias capazes de combater a entrada da Candida auris no organismo. Alguns sintomas observados nas pessoas contaminadas são febre alta, tontura, fadiga, aumento da frequência cardíaca e vômitos.

Esse fungo foi primeiramente identificado no ouvido, porém, também pode estar relacionado com infecções urinárias e do sistema respiratório, além de poder ser confundido com outros microrganismos. O diagnóstico da infecção por Candida auris é difícil, já que os métodos de identificação disponíveis são pouco específicos para a identificação dessa espécie.

Para isso, é importante a realização de exames mais específicos, como o MALDI-TOF (Matrix-Assisted Laser Desorption Ionization Time-of-Light), um método que usa ionização para diagnosticar, de maneira rápida e eficaz, as proteínas de uma bactéria ou fungo. Por meio desse exame é possível confirmar a contaminação pelo Candida auris.

Para o registro do caso investigado em Pernambuco e que culminou no terceiro surto já registrado no Brasil, esse exame foi realizado. Quando o laboratório não possui o equipamento necessário para realizar o MALDI-TOF, o indicado é que sejam feitos testes que identifiquem outras leveduras para, assim, descartá-las.

Além disso, esse fungo pode ser isolado de diversos materiais biológicos, como por exemplo sangue, secreção de ferida, secreções respiratórias e urina. Se o fungo da família Candida for confirmado, é importante que também seja realizado um antifungigrama, que é um teste que tem como objetivo identificar a quais antimicrobianos o fungo testado é sensível ou resistente. Dessa forma, torna-se mais fácil descobrir o tratamento mais adequado para a infecção.

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