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Por que a carne vermelha está perdendo espaço no prato brasileiro?

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A carne vermelha no prato brasileiro é um marco na maior parte das regiões. Temos o bife acebolado, a carne de panela e até o churrasco de comemoração a qualquer evento. No entanto, apesar de ter sido a protagonista da refeição do brasileiro nos últimos séculos, a carne vermelha está perdendo espaço.

Isso se dá por conta de uma mistura de fatores econômicos, ambientais e por causa de mudanças culturais. Assim, no ano de 2021, o consumo de carne diminuiu para o menor nível em 25 anos.

Sendo assim, de acordo com Guilherme Cunha Malafaia, pesquisador e coordenador do Centro de Inteligência da Carne Bovina da Embrapa Gado de Corte, os números devem ter um aumento no ano de 2022, mas irão estagnar até 2025.

“Os níveis de consumo permanecerão muito baixos na maioria dos países em relação à média global até 2025, devido à recuperação mais lenta da covid-19 em alguns destes países, bem como aos crescentes déficits de oferta de carne bovina”, afirma Malafaia.

Além disso, o pesquisador reforça que os níveis de consumo não irão retornar aos níveis de picos anteriores na América Latina. Na casa de milhões de famílias brasileiras, a carne já é um item raro por causa da insegurança alimentar. Isso se dá quando passam fome ou têm acesso irregular à comida.

Assim, no último ano, a carne acumulou uma inflação de 9,95%, de acordo com o índice IPCA-15 do IBGE. Em junho de 2021, o acumulado chegou a 35,76%.

Outro fator que irá influenciar os preços e o acesso é a guerra na Ucrânia. Isso porque terá um aumento no valor do milho e de fertilizantes, que são peças importantes no processo da produção da carne bovina.

Segundo Malafaia, em torno de 15% da produção de milho sai do Mar Negro, que banha metade do litoral da Ucrânia. “Nos bovinos, o impacto maior será sentido na terminação que utiliza a ração. O aumento nos custos fará com que haja um pressão de repasse ao longo da cadeia de produção atingindo o consumidor final, que já se defronta com uma situação inflacionária no mercado doméstico.”

Pratos sem carne

Reprodução

O aumento nos preços da carne é apenas um dos fatores que influenciou a queda do consumo do produto. Entre elas, a questão da saúde merece destaque. Assim, a partir da década de 1980, estudos científicos apontam que a carne vermelha é um fator importante no desenvolvimento de doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer e até problemas como diabetes.

Além disso, no século 21, o debate-se sobre um dos impactos ambientais que a agropecuária causa, assim como o tratamento que os animais da indústria recebem. Essa pressão em cima da indústria é exercida cada vez mais, principalmente por parte da população jovem, que espera modelos de produção mais sustentáveis e éticos.

Com esses motivos, é possível ver uma onda de diminuição de consumo, até por vontade própria. Dessa forma, em uma pesquisa do Ipec, antigo Ibope Inteligência, com 2.002 pessoas das cinco regiões brasileiras em 2021, descobriram que quase metade (46%) dos entrevistados opta por não comer carne por vontade própria pelo menos uma vez por semana.

Essa prática está chegando até nas pessoas que gostam de consumir carne. “Moro com meu namorado tem uns 4 anos. Sempre fomos apaixonados por carne. Nossas refeições sempre tinham alguma proteína senão parecia que estava incompleta”, diz Camila Fuck, de Blumenau (SC), de 28 anos.

Então, Camila conta que limitou o consumo para cinco vezes por mês. “Por enquanto, quero manter a rotina de baixo consumo. Ainda sinto falta, porque gosto muito de carne”, relata. “Mas tenho consumido mais conteúdos de receitas vegetarianas e entendido mais sobre esse universo.”

No caso de Camila, os fatores econômicos, o impacto socioambiental e os dilemas éticos influenciaram essa decisão. Estima-se que a carne bovina seja o alimento que mais contribui para emissões de gases que afetam no efeito estufa. Além disso, o gado necessita de 28 vezes mais terra e 11 vezes mais irrigação do que a criação de suínos e aves.

Por conta da pressão da sociedade para um processo de produção mais ético, a tendência é o preço da carne aumentar, isso torna o produto cada vez mais inacessível.

Fonte: UOL

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