Veganismo: ter uma dieta baseada em vegetais pode prejudicar sua vida social?

Recentemente, o apresentador de TV Adrian Chiles revelou à BBC ter se tornado “quase vegano”. De acordo com a BBC, o profissional, desde que aderiu ao veganismo, as pessoas deixaram de convidá-lo para jantar. Por conta de tal afirmação, a BBC decidiu averiguar se o apresentador de TV deixou de ser convidado por não ter amigos muito bons ou se o fato de ter se tornado – como ele mesmo diz – “quase vegano” começou a prejudicar a vida social do profissional.

Para entender melhor as mudanças na vida pessoal daqueles que decidem abolir a carne do cardápio – não só a carne, mas também outros produtos de origem animal -, a BBC entrevistou alguns adeptos do veganismo.

Onde comer

Amy Robson aderiu ao veganismo há três anos. Segundo Robson, “quando você é o vegano em seu grupo de amigos, é você quem acaba escolhendo o lugar aonde ir”.

“Acho que você deve tomar a iniciativa e nunca assumir que outros são responsáveis ​​por suas escolhas alimentares. Consulte os sites de restaurantes com antecedência para saber o que pode comer. E para coisas como churrascos, leve sua própria comida. É uma ótima oportunidade das pessoas se familiarizarem com o veganismo”.

Para Robson, aqueles que seguem sendo adeptos da mesma comida sentem uma extrema dificuldade em provar pratos de uma culinária que até hoje segue sendo desconhecida. “Eu tento desmistificar. Existem apenas duas coisas que eu não como: animais e coisas que vêm de animais”.

“As pessoas tendem a pensar ‘então… onde você pode comer, afinal?’. Minha resposta é simples: praticamente em qualquer lugar”.

Diferente

Conforme expôs a BBC, nem todos os veganos pensam como Chiles. Ellie Brown, por exemplo, acredita que o comentário do apresentador não reflete a sua própria experiência. “Mas eu moro no Leste de Londres, que é muito vegano”, ressalta.

“O que ajuda é que há muitos lugares com opções veganas. E alguns amigos estão realmente dispostos a enfrentar o desafio de cozinhar algo vegano”.

Fundadora da Kinda Co. – uma empresa que fabrica queijos à base de caju -, Brown revelou a BBC: “Eu sei que algumas pessoas podem amolar alguém por comer um bife, o que é como criticar alguém por causa de suas crenças políticas. Não é muito bom jantar com alguém que o repreende”.

Gemma Tomlinson, autora de um livro de receitas veganas, acredita que, “quando se trata de comer fora de casa, o melhor é ser uma pessoa amigável, educada e aceitar que haverá ocasiões raras em que você comerá apenas entradas e acompanhamentos”. “Fico feliz de fazer isso se estiver em boa companhia”.

Mesmo abraçando tal pensamento, a autora acredita que pode haver discussões difíceis com aqueles que adoram uma picanha, por exemplo. “Às vezes, parece que você está no banco das testemunhas. Essas situações podem facilmente tornar uma boa refeição em família em uma sessão de entrevistas, tudo porque você pediu um prato com tofu”.

Veganismo

Claire Rees, que atualmente trabalha como consultora de relações públicas, aderiu ao veganismo logo depois que se tornou mamãe. Para a profissional, não fazia sentido ensinar ao filho ter uma certa compaixão com os animais e, em seguida, “servi-los como comida”. De acordo com Rees, “comer fora não é mais o que costumava ser”.

“Era uma grande parte do meu grupo de amigos, o amor compartilhado pela comida. Agora temos a tendência de cozinhar mais em casa. Se formos sair, precisamos pesquisar restaurantes e ir aonde sabemos que nos atenderão bem. Já tive meu quinhão de saladas ou pratos sem graça onde eles só tiraram a carne em vez de substituir”.

De todas as formas, para Claire, de 37 anos, o melhor caminho nesse sentido é “oferecer receitas e ideias para quem está hospedando ou recebendo você — assim, você continuará recebendo esses convites — e acrescenta que muitos pratos podem ser veganizados, com um ajuste aqui ou ali”.