Curiosidades

Por que o ”parent burnout” nos EUA está entre os maiores do mundo?

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Muitas pessoas sonham em se tornar pais de uma criança. E por mais que isso seja uma vontade não quer dizer que é uma coisa fácil. Dependendo das circunstâncias, algumas pessoas podem achar que ser pai é bem mais difícil do que imaginado.

Tanto que, nos últimos anos, pesquisadores começaram a reconhecer o chamado parent burnout. Que é uma condição onde os pais estão exaustos e ficam sobrecarregados com seu papel de cuidadores primários. Isso pode, potencialmente, levar a uma distância emocional dos seus filhos, ineficácia dos pais e negligência.

Parent burnout

E de onde surgiu esse fenômeno? Uma equipe liderada por pesquisadores da UCLouvain, na Bélgica, foi examinar os fatores culturais para ver se eles poderiam contribuir para esse esgotamento dos pais. O estudo foi feito com mais de 17 mil pais que vivem em 42 países. Esses dados foram coletados entre 2018 e março de 2020. Ou seja, em condições parentais relativamente normais antes da pandemia.

Além das informações sobre as características sociodemográficas, os participantes também foram perguntados sobre sua dinâmica familiar. Além disso, os pais também foram avaliados quanto ao esgotamento através de um questionário que mediu a exaustão emocional, distanciamento emocional dos seus filhos, perda do prazer de ser pai e mãe e diferenças com o eu parental deles no  passado.

Estudo

Os resultados desse estudo mostraram que a prevalência do parental burnout varia muito de um país para outro. No entanto, quando os pesquisadores compararam as taxas desse burnout com um conjunto de medidas independentes de valores e características culturais, eles viram uma ligação interessante.

“As culturas individualistas, em particular, exibiram uma prevalência visivelmente mais alta e um nível médio de esgotamento dos pais. Na verdade, o individualismo desempenha um papel maior no esgotamento dos pais do que as desigualdades econômicas entre os países ou qualquer outra característica individual e familiar examinada até agora, incluindo o número e a idade dos filhos e o número de horas passadas com eles”, escreveram os pesquisadores liderados pela primeira autora e psicóloga do desenvolvimento Isabelle Roskam.

Em específico, essa tendência significa que os países ocidentais ou euro-americanos, que tem uma classificação maior no individualismo, também tem altos níveis de parent burnout.

Nos resultados do estudo, a Bélgica teve a maior prevalência de burnout com8,1% dos pais sofrendo com ele. Em seguida veio os EUA com 7,9% e depois a Polônia com 7,7%.

Contrastando com isso, vários países sul-americanos, africanos e asiáticos tiveram uma tendência baixa de parental burnout. E os pesquisadores atribuem isso aos fatores culturais. Mas reconhecem que a ligação precisa de um estudo mais aprofundado para se ter uma certeza disso.

Observações

De acordo com especulações dos pesquisadores, esse parental burnout está acontecendo por conta de uma transformação na criação dos filhos nos países que tem noções individualistas.

“Os resultados atuais correspondem à observação dos sociólogos de que as normas parentais nos países euro-americanos tornaram-se cada vez mais exigentes nos últimos 50 anos, resultando na intensificação do investimento dos pais e na crescente pressão psicológica sobre os pais”, sugeriram os pesquisadores.

“O que os pais alimentam seus filhos, como os disciplinam, onde os colocam na cama, como brincam com eles: tudo isso se tornou uma questão política e moralmente carregada. A distinção entre o que as crianças precisam e o que pode melhorar seu desenvolvimento desapareceu. E qualquer coisa menos do que uma paternidade ideal é considerada perigosa”, continuaram.

Embora pesquisas futuras sejam necessárias, os pesquisadores afirmaram que o individualismo foi o único fator que encontraram para explicar as diferenças no esgotamento e na sua prevalência.

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