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Por que os polvos fêmeas se matam após darem à luz?

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Os polvos podem viver apenas alguns meses ou então até os cinco anos de idade, como é o caso do Polvo Gigante do Pacífico. Porém, independente da quantidade de meses que têm na Terra, eles compartilham de uma característica: morrem pouco tempo após o nascimento dos filhotes.

Isso porque as funções vitais do pai vão se deteriorando depois do acasalamento. Já a mãe se obriga a passar fome até morrer. Para entender como essa morte por suicídio acontece nos polvos fêmeas, pesquisadores da Universidade de Chicago e da Universidade de Washington estudaram a espécie Octopus bimaculoides, que é nativa do Oceano Pacífico. Assim, o estudo foi publicado no periódico científico Current Biology.

O processo estranho funciona da seguinte maneira: passadas algumas semanas do acasalamento, a fêmea põe a primeira  e única  ninhada de ovos. Então, ela fica próxima do ninho, protegendo seus ovos contra predadores e também bombeia água para oxigená-los.

Quando os ovos estão quase rachando, a mãe para de se alimentar e começa a se mutilar. Muitas vezes, ela até come seu próprio corpo. O que pesquisadores já sabem é que as glândulas ópticas dos polvos, que são comparáveis à glândula pituitária em humanos, são as responsáveis por esse comportamento nas fêmeas.

Dessa forma, outros experimentos revelaram que, quando se remove as glândulas, os polvos voltam a se alimentar e até acasalam novamente. No entanto, a ciência não sabia explicar como elas resultam no comportamento suicida.

Polvos suicidas

No novo estudo da Universidade de Chicago e da Universidade de Washington, os pesquisadores descrevem uma série de mecanismos bioquímicos que são desencadeados após o acasalamento. Um desses mecanismos leva ao aumento do composto 7-desidrocolesterol (7-DHC), que, segundo os escritores, é um precursor do colesterol.

Com isso, ele é envolvido em diversos componentes, desde a flexibilidade das células até a produção de hormônios do estresse. Também chegaram à conclusão que ele é essencial para a última etapa do ciclo de vida dos polvos.

Para chegar à essa conclusão, os pesquisadores fizeram uma comparação entre as glândulas ópticas de fêmeas que já haviam acasalado e as que nunca acasalaram. Além de provocar o aumento da progesterona, que é o hormônio da gravidez, o acasalamento também estimula a a produção de uma enzima que transforma colesterol em 7-DHC. O que não se sabia era que esse esteroide estivesse relacionado à semelparidade, que é a estratégia de se reproduzir apenas uma vez antes de morrer.

Vale ressaltar que isso pode ser observado em humanos, de uma forma levemente diferente. Isso porque existe uma síndrome genética chamada Smith-Lemli-Opitz, que resulta em concentrações altas de 7-DHC. Assim como ocorre nos polvos, as concentrações também são tóxicas para os humanos e podem causar comportamentos autodestrutivos.

“O paralelo mais importante aqui é que, tanto em humanos quanto em polvos, altos níveis de 7-DHC estão associados à letalidade e toxicidade”, disse o autor Z. Yan Wang em entrevista à revista New Scientist.

Fêmeas lançam pedras em machos irritantes

Godfrey-Smith/bioRxiv/Divulgação

Recentemente, outro estudo interessante que foi publicado sobre o mundo dos polvos foi um de Peter Godfrey-Smith, da Universidade de Sydney, e sua equipe. Eles perceberam que os polvos da costa australiana arremessam objetos com a intenção de atingir aos outros.

Esse comportamento foi visto principalmente nas fêmeas, que provavelmente jogam as pedras nos machos assediadores. Assim, isso foi observado pela primeira vez em 2015, em uma região da Baía Jervis (na Austrália), que ganhou o apelido de Octopolis por ter tantos polvos da espécie Octopus tetricus.

Pesquisadores já viram o comportamento como uma forma de cavar tocas, limpá-las ou se livrar de restos de comida. Contudo, as ocasiões em que os polvos atingem outros indivíduos da espécie era o que deixava os estudiosos confusos.

Com diversas filmagens e observações, viram que há diferenças entre os arremessos que são contra machos e aqueles que não são. Por isso, acredita-se que esse tipo de lançamento pode desempenhar um papel social, considerando que a prática é vista, sobretudo, entre as fêmeas.

Fonte: Superinteressante

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