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Símbolo da espiral atrai a humanidade desde a pré-história

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A espiral é uma das formas geométricas encontradas há mais tempo na história da humanidade. Ela está presente na estrutura de conchas do caracol, de pinhas, nas nossas impressões digitais, na escada em caracol da famosa Catedral de Saint Paul, em Londres, ou no lado interno e externo do Museu Guggenheim, em Nova York, nos Estados Unidos, e na dupla hélice do nosso DNA.

Existem gravuras rupestres desses símbolos que datam do período neolítico. As espirais são encontradas de diversas formas, entre elas, estão a logarítmica, descoberta por Albrecht Dürer em 1525; a espiral de Arquimedes, nome dado em homenagem ao matemático grego do século 3 a.C.; a espiral de Fermat; e ainda a hélice e o vórtice.

Essa forma misteriosa está presente no que promete ser um novo arranha-céu icônico em Nova York. O Espiral é uma estrutura de 66 andares que se afila em direção ao céu no endereço 66 Hudson Boulevard, em Manhattan. O projeto custou US$ 3,2 bilhões (R$ 16 bilhões) e, com pouco mais de 300 metros, é um dos edifícios mais altos da cidade. 

Símbolo de “controle e liberdade”

Foto: Reprodução

Artistas de várias eras já se inspiraram nas espirais. Leonardo da Vinci utilizou o símbolo em muitos desenhos, como por exemplo, em sua escada em espiral com dupla hélice no Castelo de Chambord, na França.

Já o artista contemporâneo Chan Hwee Chong, de Singapura, realiza ilustrações de quadros famosos, incluindo a Mona Lisa de Da Vinci e a Moça com o Brinco de Pérola, de Johannes Vermeer, usando uma linha em espiral contínua.

A artista plástica franco-americana Louise Bourgeois usava as espirais para representar o ciclo de nascimento, vida e renascimento do seu trabalho. Bourgeois, já falecida, acreditava que a espiral era um símbolo potente e, às vezes, violento, que a impressionava desde muito jovem e que a ajudou em seu trabalho na empresa de restauração de tapetes da família em Paris.

“A espiral é importante para mim”, disse ela em 1994. “É uma torção. Quando era criança, depois de lavar os tapetes no rio, eu os virava, torcia e contorcia… depois, eu sonhava com a amante do meu pai. Em meus sonhos, eu torcia o pescoço dela.”

Bourgeois disse que amava a espiral, que “representa o controle e a liberdade”.

O psiquiatra e psicanalista suíço Carl Jung, famoso por seu trabalho com os símbolos, arquétipos e o inconsciente coletivo, afirmou: “a espiral na psicologia significa que, quando você faz uma espiral, você passa sempre pelo mesmo ponto em que esteve antes, mas nunca exatamente o mesmo; sempre abaixo ou acima, dentro ou fora, de forma que significa crescimento”. 

Jung observou o processo inconsciente se movendo “em espiral em volta de um centro, que gradualmente se torna cada vez mais apertado, enquanto as características do centro crescem de forma cada vez mais distinta”.

A espiral no cinema

Foto: Divulgação

Nos anos de 1960, a arte psicodélica usou espirais e padrões em caleidoscópio para sugerir o efeito de drogas alucinógenas e alteração de consciência. Isso pode ser observado em filmes como “Um Corpo que Cai” (“Vertigo”, no título original em inglês), de 1958. Nessa obra, espirais são usadas para sugerir a insanidade do protagonista.

Enquanto isso, nos créditos de abertura, uma espiral girando em um olho estilizado hipnotiza o público, já no cartaz do filme, a silhueta de um homem cai em um poço de psicose.  

Também vale destacar que a trilha sonora do filme, composta por Bernard Herrmann, foi “construída em torno de círculos e espirais — de plenitude e desespero”, de acordo com o diretor de cinema Martin Scorsese.

Além disso, a espiral ou os olhos concêntricos são a indicação dos animadores para a loucura ou hipnose. Um bom exemplo é a cena em que a serpente Kaa, do desenho “Mogli — O Menino Lobo”, hipnotiza o personagem-título para comê-lo.

O Spiral

Foto: Reprodução

O espiral também serviu como nome a um coletivo de artistas afro-americanos de Nova York, o Spiral. O grupo foi criado em 1963 em consequência direta da Marcha sobre Washington por Trabalho e Liberdade, conduzida naquele mesmo ano por Martin Luther King Jr.

Liderados pelos artistas Romare Bearden, Norman Lewis, Charles Alston e Hale Woodruff, os 15 participantes do coletivo desejavam discutir como os artistas afro-americanos deveriam reagir às mudanças no cenário cultural e político dos Estados Unidos. A escolha da espiral de Arquimedes foi porque, “de um ponto de partida, ela se movimenta para fora, englobando todas as direções, mas constantemente para cima”.

Apesar dos membros do Spiral já terem morrido, o grupo ainda é celebrado. Duro Olowu descreveu na revista Vogue como ele foi “cativado” pelas cores vivas e ousadas da arte de Amos e por sua “capacidade de desafiar poderosamente o sexismo e o racismo… ao abordar o sexismo, o racismo e os estereótipos sobre o feminismo negro, seus quadros oferecem o tipo de resistência e otimismo pela mudança que é tão importante agora”.

A nova diretora de criação da casa de moda de luxo francesa Chloé, a estilista uruguaia Gabriela Hearst, usou recentemente um logotipo em espiral para identificar suas peças. As espirais estão na moda”, disse a Vogue em resposta. “Um aceno para a circularidade, talvez? Nada é coincidência no mundo de Hearst; as hélices são o motivo mais cobiçado da próxima estação.”

A espiral na Via Láctea 

Foto: Reprodução

O astrônomo Edward Hubble classificou as galáxias em quatro formatos: elíptico, lenticular, irregular e espiral. A maioria das galáxias descobertas até agora são do tipo espiral. Elas são definidas como “coleções torcidas de estrelas e gases, muitas vezes com belos formatos” pelo site space.com.

A própria Via Láctea, onde fica o nosso sistema solar, é uma “elegante estrutura em espiral, dominada por apenas dois braços que englobam as extremidades de uma barra central de estrelas”, de acordo com a Nasa Science.

As espirais são formas geométricas onipresentes, duradouras, fascinantes e enigmáticas. Como os buracos negros, elas continuam sendo um dos mistérios da humanidade.

Fonte: G1

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