Ciência e Tecnologia

Um acidente como o de Chernobyl pode ocorrer de novo?

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O desastre de Chernobyl foi considerado o pior acidente nuclear da história. A explosão do reator de uma usina nuclear (na região que atualmente é o norte da Ucrânia) em abril de 1986 foi uma verdadeira catástrofe para os habitantes da região, que foram obrigados a abandonar suas casas e empregos por conta da radiação, já que a exposição a níveis tão altos de partículas radioativas poderiam ser fatais.

O desastre em Chernobyl

A antiga União Soviética investiu intensamente em energia nuclear após a Segunda Guerra Mundial. A partir de 1977, os cientistas soviéticos instalaram quatro reatores nucleares RBMK (reatores canalizados de alta potência) na usina de energia, localizada logo ao sul da atual fronteira entre a Ucrânia e a Bielorrússia.

Em 25 de abril de 1986, uma manutenção de rotina estava agendada para acontecer no quarto reator da Central Nuclear de V.I. Lenin. Os engenheiros planejavam aproveitar a ocasião para testar se o reator ainda poderia ser resfriado caso a usina ficasse sem energia. Durante o teste, entretanto, os operadores infringiram protocolos de segurança e o reator ficou sobrecarregado. 

Apesar das tentativas para desligar totalmente o reator, outra sobrecarga provocou uma reação em cadeia de explosões em seu interior. Por fim, o núcleo do reator ficou exposto, lançando material radioativo para a atmosfera.

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Após tentativas sem sucesso dos bombeiros para apagar as inúmeras chamas na usina, helicópteros despejaram areia e outros materiais em uma tentativa de abafar o fogo e conter a contaminação. Nenhuma pessoa que morava nas imediações (inclusive na cidade vizinha de Pripyat, construída na década de 1970 para servir de moradia para os operários da usina) foi evacuada nas primeiras 36 horas após o início do desastre.

A fusão do núcleo do reator já tinha espalhado radiação até a Suécia. Foi só depois que o tamanho do desastre foi mensurado que 335 mil pessoas foram evacuadas da região. Até 30% das 190 toneladas de urânio de Chernobyl foram emitidas na atmosfera e na União Soviética. O que resta do reator agora está encerrado em uma enorme estrutura de contenção de aço implantada no fim de 2016. 

Ao menos 28 pessoas morreram de imediato em decorrência do acidente e mais de 100 ficaram feridas. O Comitê Científico das Nações Unidas sobre os Efeitos da Radiação Atômica informou que mais de 6 mil crianças e adolescentes desenvolveram câncer de tireoide após a exposição à radiação do acidente. 

Pesquisadores também previram que, com o tempo, aproximadamente 4 mil pessoas expostas a elevados níveis de radiação poderiam desenvolver câncer como resultado da radiação. Da mesma forma, aproximadamente 5 mil pessoas expostas a baixos níveis de radiação poderiam ter destino semelhante. 

Ainda assim, as consequências totais do acidente, incluindo seus impactos sobre gerações futuras, ainda estão sendo estudadas. O impacto do desastre na floresta e na fauna silvestre adjacentes também permanece sendo um campo de intensas pesquisas. 

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Getty Images

Imediatamente após o acidente, uma área aproximada de dez quilômetros quadrados ficou conhecida como a “Floresta Vermelha” porque muitas árvores ficaram marrom-avermelhadas e morreram após absorver os altos níveis de radiação. Mais de 30 anos depois, cientistas estimam que a área ao redor da antiga usina continuará inabitável por até 20 mil anos. 

O acidente pode se repetir?

Em entrevista à National Geographic Brasil, o professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Claudio Geraldo Schön, afirmou que não há nenhuma possibilidade de um acidente como o de Chernobyl acontecer novamente. “Aquilo foi um grosseiro erro humano em um projeto vulnerável de reator, que só era usado na União Soviética”, completou.

Desde o terrível acidente, os projetos de usinas nucleares foram aprimorados para impedir que isso se repita. No entanto, alguns problemas ainda acontecem. O desastre de Fukushima, no Japão, em 2011, é o mais próximo que a humanidade já chegou de um desastre como o de Chernobyl. 

Ecuador Times

“Não foi um acidente nuclear em si, aquilo foi um erro de projeto”, diz Claudio. Em Fukushima, as bombas de refrigeração do circuito ficavam fora do prédio de contenção do reator. Por conta de um tsunami, elas foram inundadas e pararam de funcionar. O reator superaqueceu e uma série de reações químicas resultaram em uma explosão de hidrogênio. No entanto, não houve nenhuma explosão de reator, como em Chernobyl.

Na Rússia ainda há nove reatores nucleares como os de Chernobyl em operação. Mesmo que eles tenham sido reformados para corrigir problemas, ainda são alvo de preocupação. Com isso, é improvável que a energia nuclear deixe de ser usada tão cedo, já que diversos países se utilizam dela. Dessa forma, a precaução se faz ainda mais necessária e os projetos devem ser pensados de forma e evitar qualquer possível erro.

Fontes: National Geographic 1, National Geographic 2

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