Curiosidades

Vera Gedroits: a história da princesa que revolucionou a medicina

0

Você possivelmente já ouviu falar sobre a Guerra Russo-Japonesa e a Revolução Russa. No entanto, provavelmente nunca escutou sobre a princesa Vera Gedroits, uma descendente da realeza lituana. Apesar de seu nome ter se perdido na História, o seu talento transformou para sempre a medicina da guerra.

Isso pode ter acontecido por causa dos mistérios que envolvem a sua vida, a começar pela data e local de seu nascimento. Em diversos artigos e matérias é apontado que a mulher nasceu em 1876, na Rússia, outros afirmam que isso é falso e que teria nascido 6 anos antes em Kiev, na atual Ucrânia.

Por causa da contradição de dados, é difícil saber qual é o local correto, principalmente por causa das conspirações que afirmam que o governo russo teria reivindicado sua nacionalidade para exaltá-la como uma mártir da nação.

De família real abastada, filha de Daria Konstantinovna Mikhau e Ignatiy Ignatievich Gedroits, ela foi educada em casa durante sua infância, ingressando na escola apenas para fazer o equivalente ao Ensino Médio.

Ainda na adolescência, aos 16 anos, Gedroits foi presa pela primeira vez por participar de atividades revolucionárias de uma facção de esquerda. Depois de ser libertada, fugiu de casa para Lausanne, na Suíça, onde deu início à sua carreira em medicina na Universidade de Lausanne.

A trajetória da princesa Vera Gedroits

Foto: Reprodução

Gedroits se destacou por ter sido uma das poucas mulheres que estudaram medicina no país, entre o final de 1800 e início de 1900, visto que não era comum mulheres ingressarem no curso superior naquela época. Com notas quase perfeitas, se formou como doutora em Medicina e Cirurgia.

No ano de 1901, depois de trabalhar como estagiária, ela voltou para a Rússia, oficialmente dando início à sua carreira na Fábrica de Cimento Maltsov, no distrito de Zhizdrinsky. A princesa atendia vários trabalhadores industriais que sofriam com as insalubres condições de trabalho. Ao todo, Gedroits realizou 248 operações, incluindo amputações e fixação de ossos quebrados, com índice de fatalidade mínimo.

A princesa também provocou uma revolução no local por instalar equipamentos muito tecnológicos de fisioterapia e máquinas de raio-X. O objetivo era montar um hospital para atender as pessoas em situação de carência.

Em 1904, com o estopim da Guerra Russo-Japonesa, sabendo o quão mortal poderia ser um conflito antes que chegasse à Primeira Guerra Mundial, a princesa se ofereceu à Cruz Vermelha para o trabalho.

Mudando a História

Fonte: Terra/Reprodução

Em setembro do mesmo ano, Gedroits criou um hospital de campanha em uma pequena vila próxima de Mukden, atual Shenyang, na China. No local, sua equipe tratou uma variedade de ferimentos provocados pela guerra, muitos deles envolvendo projéteis de bala e fragmentos.

Os diários resgatados dela, com todas as informações sobre as suas conclusões médicas, foram imprescindíveis principalmente durante a Primeira Guerra Mundial. Esse foi um dos momentos científicos de maior agrura, principalmente por detalhar o percurso de destruição de muitas armas ao penetrar no corpo humano. Ao todo, Gedroits documentou 700 casos de lesões em membros, entre eles, 143 foram no tórax e 61 no abdômen.

A princesa deu ênfase nos casos de operações abdominais, muito necessárias durante a Primeira Guerra, e na forma como os médicos poderiam realizar isso a tempo de socorrer as vítimas.

Gedroits criou um guia detalhado sobre as laparotomias e suas vantagens, explicou como os anestésicos deveriam ser utilizados, além de apresentar qual o tempo de análise de uma ferida abdominal, que deveria ser no máximo de 3 horas.

Fonte: Pinterest/Reprodução

Porém, de acordo com Steven Heys, diretor da escola de medicina da Universidade de Aberdeen, como muita coisa não foi documentada ou considerada, a medicina não conseguiu salvar milhares de vidas entre 1914 e 1919.

Após o fim da guerra, Gedroits tentou trabalhar na família real russa como cirurgiã do hospital do palácio Tsarskoye Selo, porém não se encaixou no local. Com isso, ela enfrentou outra guerra, foi ferida, se tornou poetisa e trabalhou até sua morte, em março de 1932.

Um artigo publicado em 2007 na revista Clinical afirma que Vera Gedroits é “um exemplo clássico de como o conhecimento benéfico pode se perder no tempo”.

Fonte: Mega Curioso

A origem da expressão “as paredes têm ouvidos”

Artigo anterior

Metaverso: Meta planeja moedas digitais “Zuck Bucks”

Próximo artigo

Comentários

Comentários não permitido