Ciência e Tecnologia

Vírus da ‘doença do beijo’ pode ser causa da esclerose múltipla

Vírus da 'doença do beijo' pode ser causa da esclerose múltipla
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Assim como o Mal de Parkinson e o Alzheimer, a Esclerose Múltipla (EM) é uma das doenças neuridegenerativas que acomete a população. No entanto, recentemente, cientistas fizeram avanços antes inimagináveis ao descobrir o potencial causador da patologia. O vírus responsável por causar a Mononucleose, ou doença do beijo, pode ser a chave para o tratamento e prevenção da EM.

Em suma, nosso cérebro funciona de uma forma muito complexa. Bilhões de neurônios comunicam-se entre si para administrar tudo que fazemos, pensamos e sentimos. Porém, quando a Esclerose Múltipla entra em jogo, a harmonia cerebral perde espaço para um sabotador. A enfermidade faz com que nosso próprio sistema imunológico se volte contra os neurônios. Dessa forma, a homeostase fisiológica deixa de ser uma possibilidade.

Contudo, a ciência deu promissores passos nos últimos anos e, mais recentemente, fez uma descoberta que pode revolucionar a forma como lidamos com a Esclerose Múltipla. Estudos publicados este ano apontam o vírus Epstein-Barr (EBV) como o potencial causador da EM.

“É uma evidência muito, muito forte de que esse vírus provavelmente é a causa da esclerose múltipla”, disse o professor Gavin Giovannoni, da Universidade Queen Mary de Londres, à BBC.

O mais surpreendente é que o Epstein-Barr é um vírus extremamente comum, grande parte da população o pega ao longo da vida, tal qual a catapora. Inclusive, o EBV é tão popular que ganhou até o nome de “doença do beijo” por transmitir-se pela saliva e permanecer bem presente entre os jovens. A manifestação sintomática desse vírus chama-se também de febre glandular ou mononucleose.

A relação do vírus com a Esclerose Múltipla

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Há décadas o vírus EBV está na lista de suspeitos da Esclerose Múltipla. No entanto, os cientistas não divulgaram nenhuma afirmação até encontrar evidências definitivas ou pelo menos animadoras a respeito dessa relação. Curiosamente, a prova crucial para que a comunidade de pesquisadores compartilhasse o estudo com o mundo veio dos militares dos Estados Unidos da América.

Acontece que, a título de manutenção e prevenção da saúde de seus soldados, o exército estadunidense coleta amostra de sangue a cada dois anos. Normalmente, tais amostras ficam armazenadas nos freezers do Repositório de Soro do Departamento de Defesa. Todavia, isso provou-se uma mina de ouro para pesquisadores.

Foi assim que uma equipe de cientistas da Universidade de Harvard, uma das mais renomadas do mundo, analisou amostras de 10 milhões de pessoas para estabelecer a conexão entre o vírus EBV e a Esclerose Múltipla. Como resultado disso, o estudo publicado na revista Science levantou a informação que 955 pessoas que foram diagnosticadas com EM e, através de suas amostras regulares de sangue, conseguiram traçar o curso da doença.

“Indivíduos que não foram infectados com o vírus Epstein-Barr praticamente nunca desenvolvem esclerose múltipla”, pontuou Alberto Ascherio, de Harvard. “É somente após a infecção pelo EV que o risco de EM aumenta em mais de 30 vezes”.

O que isso significa para o futuro da doença?

Vírus da 'doença do beijo' pode ser causa da esclerose múltipla

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Embora esse estudo seja um grande avanço para a medicina, ainda há muito o que se fazer. Aliás, para provar definitivamente que o vírus tem um papel crítico na doença, ainda são necessários alguns processos de pesquisa que levarão anos. Só para ilustrar, não basta correlacionar o Epstein-Barr à Esclerose Múltipla, é preciso realizar um estudo capaz de impedir que as pessoas peguem EBV e ver como isso previne a EM.

Além disso, outros fatores podem desempenhar algum papel na doença, como por exemplo, ser do sexo feminino, ter algum trauma de infância e possuir baixos níveis de vitamina D, que aumentam o risco de Esclerose Múltilpla.

Apesar de ainda estarmos em um estágio inicial, ter uma imagem mais clara da causa da Esclerose Múltipla já abre um leque de opções para termos ideia de como tratá-la ou preveni-la. Já até mesmo existem empresas desenvolvendo uma vacina contra o EBV. Então, se tudo der certo, daqui algumas décadas não só será possível prevenir a EM, como também tratá-la para atenuar seus efeitos.

Fonte: BBC

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