Já diria o chanceler alemão Otto Von Bismarck (1815-1898) “leis são como salsichas; é melhor não saber como são feitas”. Ele foi o responsável por ajudar a espalhar pelo mundo os boatos de que as salsichas são feitas com ingredientes duvidosos e em locais sujos.
Talvez, essa fosse a realidade da época de Bismarck, mas atualmente as coisas parecem ser diferentes. “O processo de produção desse embutido é industrial e segue as normas de higiene do Serviço de Inspeção Federal (SIF). Pode ter certeza que as empresas que têm certificação não usam ingredientes duvidosos para preencher a salsicha”, explica Marise Rodrigues Pollonio, professora da Área de Carnes e Derivados da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, em entrevista à Nova Escola.
As matérias-primas da salsicha brasileira são carnes suína, bovina e de frango. No entanto, não são carne de primeira, mas sim as que sobram da fabricação de outros produtos. Além disso, o sabor da salsicha vem do sal e dos temperos, que mudam conforme o fabricante, mas costumam ter alho, cebola, pimentas em pó e outras especiarias.
Em seguida, são adicionados os ingredientes chamados extensores, que ajudam a melhorar a ligação entre a água e as gorduras. De acordo com a embalagem, eles são proteína de soja, amidos e carragena. Por fim, para aumentar a durabilidade, entram os aditivos, como nitrito de sódio e fosfatos.
Como é a produção da salsicha
Na primeira etapa de produção, as carnes e gorduras são moídas até serem transformadas em massas bem finas. Em seguida, mistura-se bem os outros ingredientes, formando um “embutido”. Para isso, ela é colocada em um envoltório de plástico, que dá o formato ao produto.
Em seguida, a salsicha é cozida em banho-maria até atingir 72º. Depois o produto passa por resfriamento e é retirado das tripas artificiais.
“Nessa etapa, a salsicha pode receber um banho de corante para ficar com uma cor que seja atraente ao consumidor”, explica Marise Pollonio. Após essa etapa, o produto está pronto para ser embalado e comercializado.
No entanto, o produto contém gorduras saturadas que podem chegar até 30%, além de poder ter ou não a carne mecanicamente separada (CMS), um subproduto dos animais feito por meio de cartilagens e outras partes dos animais, como carcaças.
“Entram aquelas partes de perto dos ossos não aproveitadas, cartilagem e gorduras”, informa a doutora em Engenharia de Alimentos Simone Flores, do Instituto de Ciência e Tecnologia de Alimentos da UFRGS, em entrevista à Gazeta do Povo.
A qualidade do alimento
A engenheira Simone recomenda que seja analisado o rótulo antes de adquirir o produto. “Ter CMS não é de todo ruim, mas é um subproduto. Vai ter menor qualidade e gordura elevada. Tem que ver qual carne tem e a quantidade de gordura. Mesmo quando a matéria-prima da salsicha é a carne – um elemento proteico.”
De acordo com a pesquisa realizada pelo Instituto de Medicina Preventiva e Social da Universidade de Zurique (Suíça), divulgada em 2013, 40 gramas por dia desse alimento ou de outras carnes processadas aumentam em 18% o risco de morte. Além disso, a salsicha, junto com o salame e o presunto, crescem a chance de desenvolver doenças cardiovasculares ou câncer, segundo o estudo.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também alertou sobre o consumo de carnes processadas. Em 2015, a organização relacionou isso a um elevado risco de câncer no intestino grosso e no reto.
“Embutidos são contraindicados em função dos conservantes. Trabalhamos muito com o Guia Alimentar para a População Brasileira, que fala que a base da alimentação é desembalar menos e descascar mais”, explicou a nutricionista Marlise Stefani, mestre em Engenharia de Produção, à Gazeta do Povo.
Marlise explica que deve-se evitar esse tipo de alimento, e caso o consuma, que seja de forma moderada. “Mas o ideal é sempre fazer escolhas mais saudáveis”, recomenda.
Os tipos de salsicha
O mercado alimentício oferece diversos tipos de salsicha, desde os mais gordurosos até os mais saudáveis. Confira a lista dos mais encontrados nos supermercados.
Salsicha: se o rótulo apontar para esse tipo de produto é bom saber que pode ter até 60% de CMS. Já o restante da formulação pode ser composto por carnes de diferentes espécies, miúdos comestíveis de diferentes espécies, tendões, pele e gordura.
Salsicha Viena: não pode ter carne mecanicamente separada. Por isso, ela é produzida com carnes suínas ou bovinas e gorduras.
Salsicha Tipo Viena: caso o rótulo contenha a palavra “tipo” Viena, o produto pode ter até 40% de CMS.
Salsicha Frankfurt: a Frankfurt não pode conter CMS na formulação. Ela é feita a base de carnes bovinas, suínas e gorduras.
Salsicha Tipo Frankfurt: assim como a Tipo Viena, a Tipo Frankfurt pode ter até 40% de CMS.
Salsicha de Ave: a carne utilizada é apenas de ave, incluindo os miúdos e as gorduras. Além disso, pode ter até 40% de CMS.
Fonte: Nova Escola, Gazeta do Povo
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