Ciência e Tecnologia

140 anos é o tempo em que o mundo chegará a um clima compatível com a extinção em massa

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Que os níveis de emissão de dióxido de carbono na atmosfera decorrentes das ações humanas são os mais altos desde a nossa curta existência (geologicamente falando), não é nenhuma novidade. O fato é que se continuarmos nesse ritmo em mais alguns anos, o impacto geológico no planeta pode ser catastrófico.

Em recentes estudos, foram descobertos que, com os atuais índices de emissões, estamos a apenas cinco gerações de transformar a atmosfera da Terra em um clima que não é visto há pelo menos 56 milhões de anos. A última vez em que os níveis de dióxido de carbono foram tão altos quanto estamos caminhando para atingir, isso resultou em uma das maiores extinções em massa da história mais recente do planeta.

O Máximo Térmico do Paleoceno-Eoceno (MTPE) foi um período da história planetária tão complexo quanto o nome. Foi marcado por uma brusca mudança do clima e que resultou no fim do Paleoceno e no começo do Eoceno, há 55,8 milhões de anos. Os cientistas estão há anos estudando esse período, analisando isótopos de carbono, fósseis e outras pistas encontradas na Terra. Suas descobertas sugerem que o dióxido de carbono aumentou rapidamente, o que fez com que a temperatura da Terra aumentasse de 5°C a 8°C.

No Atlântico Tropical, as temperaturas chegaram a 36°C, o que fez com que metade dos foraminíferos microscópicos que habitavam os mares morressem, e o declínio dos animais terrestres ou suas populações drasticamente diminuídas. Depois disso, levou 150 mil anos para a Terra se recuperar. Com certeza, não é um clima favorável, no entanto, ele se assemelha bastante com o que os seres humanos estão fazendo com o clima atual.

O estudo

A nova pesquisa que foi publicada na revista científica Geophysical Research Letters, indica a proximidade que estamos de alcançar os extremos do MTPE, e de certa forma, como já o superamos.

Philip Gingerich é professor do Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Michigan, é o responsável pela pesquisa, ele usou modelos para projetar as emissões de carbono no futuro, levando em consideração quando o MTPE começou e o quão rápido o dióxido de carbono se concentrou na atmosfera.

Mesmo que em termos geológicos, o fluxo de dióxido de carbono tenha sido rápido no MTPE, ele nem se compara ao que os humanos estão fazendo atualmente com a atmosfera. As taxas de missão hoje são até dez vezes mais rápidas do que durante o MTPE. No entanto, as emissões do MTPE provavelmente foram em decorrência de uma mistura de vulcanismos, incêndios e metano, enquanto a situação atual é resultado inteiramente da atividade humana.

O futuro

E essas emissões continuam a aumentar, batendo novos recordes de poluição por carbono. Com base nessa tendência trágica, Gingerich projetou emissões para o futuro. Em apenas 140 anos, se continuarmos nesse ritmo, teremos alcançado o início da atmosfera do MTPE. Enquanto daqui a 259 anos, provavelmente devemos atingir o seu auge.

Essa é claramente a pior das hipóteses, o que faz com que pareça algo improvável de acontecer. Porém, estamos vivendo esse quadro desde que começaram a registrar as emissões de dióxido de carbono em 1959, ponto de partida que Gingerich usou para basear as tendências futuras.

“É como se estivéssemos deliberada e eficientemente fabricando carbono para emissão para a atmosfera a uma taxa que, em breve, terá consequências comparáveis a grandes eventos de muito tempo atrás na história da Terra”, disse Gingerich ao Earther.

Hoje, já se fala muito a respeito disso, e já existem muitas propostas que visam reduzir as emissões, porém ainda não com muito entusiasmo. Estudos como esse servem como um forte lembrete do que pode acontecer com o planeta se não fizermos nada a respeito.

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