Mundo afora

3 expressões do dia a dia que abrasileiraram a Europa

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Com dimensões continentais, o Brasil é um país que reúne uma diversidade de ditados e expressões populares. Mas, entre algumas delas, existe uma conexão inegável com a Europa, e esse fato se deve ao processo colonizatório e ao amadurecimento nacional. Os reflexos dessa relação atravessaram séculos e se mantêm vivos entre as falas cotidianas em inúmeros cantos do país.

A expressão popular “para inglês ver”, por exemplo, apesar de citar nominalmente a nacionalidade estrangeira, incorpora sentidos essencialmente brasileiros. Logo, o seu significado está atrelado à cultura popular e ao seu lugar de origem. Por isso, vamos contar como surgiram os principais ditados relacionados ao continente europeu.

Vai acabar tudo em pizza

Não foi por acaso que o prato tradicional da Itália se tornou parte de uma das expressões mais comuns do país. Afinal, os brasileiros dificilmente negam uma boa pizza. A origem dessa expressão, inclusive, se associa com essa preferência. Para entender os motivos, é preciso contar um pouco sobre o seu autor, o jornalista Milton Peruzzi, que a publicou pela primeira vez no veículo Gazeta Esportiva, na década de 1960.

Na época, Milton acompanhava o desenrolar de uma série de conturbações no clube do Palmeiras. Certo dia, os dirigentes ficaram mais de 14 horas em reunião sobre o futuro do time, e, por fim, resolveram suas pendências, e pediram 18 pizzas gigantes para saciar os presentes.

A sagacidade do jornalista se expressou no título da matéria, veiculada no dia seguinte: “Crise do Palmeiras termina em pizza”. Desde a publicação, o “dito” tornou-se recorrente nas falas de Milton, e caiu no uso popular como modo de explicar resoluções que vão desde ações cotidianas até políticas.

Sair à francesa

Quando um evento ou uma situação fica insustentável, mas a vontade de evitar um desgaste com o anfitrião é maior, a solução é uma saída à francesa. Ou seja, deixar o lugar da maneira mais discreta possível.

Essa expressão popular é herança da colônia portuguesa, porque menciona o atrito entre a França e a Inglaterra. O historiador Alexandre Roche, em entrevista para a revista Superinteressante, comentou que a origem dessa expressão é incerta, mas pode ter sido utilizada ao longo da Guerra dos Sete Anos, quando os dois países se enfrentaram.

A rixa entre os dois países é tão antiga quanto a variação dessa expressão popular. No Brasil, o uso mais comum é, de fato, a saída à francesa. Mas, caso consiga encontrar passagens aéreas baratas e viajar até terras francesas, talvez seja prudente utilizar o termo “saída à inglesa” (filer à l’anglaise), para evitar olhares e julgamentos dos nativos. Se a viagem for com destino à Inglaterra, se sinta em casa ao dizer, em inglês, “take french leave”.

Para inglês ver

Essa expressão do dia a dia é utilizada especialmente nos casos em que se finge ter feito algo ou esconder o que foi mal executado. Seu surgimento data de meados de 1831, quando o Governo Regencial do Brasil, para atender às pressões da Inglaterra em colocar fim à escravização, criou uma lei que proibia o tráfico negreiro.

No entanto, o comentário que circulava entre os parlamentares é que se tratava de uma lei “para inglês ver”, já que, na prática, não passava de letra morta. Apenas duas décadas depois, em 1852, o imperador Dom Pedro II promulgou uma nova lei que, de fato, proibiu o tráfico. Essa frase se espalhou pelas fronteiras brasileiras, e, hoje, integra os ditos em diferentes partes do país.

Momento do parto é eternizado com esse carimbo com placenta

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