A história do mercenário escocês que foi contratado para matar Pablo Escobar

De acordo com uma recente reportagem publicada pela BBC, em 1989, um grupo de mercenários britânicos – liderado pelo escocês Peter McAleese – viajou para encontrar Pablo Escobar, o homem mais perigoso do mundo. Na época, a equipe de venais tinha um único objetivo: assassinar o chefe do cartel de Medelín (Colômbia).

Como todos sabem, Pablo Escobar tornou-se um dos criminosos mais ricos da história com a fabricação e a distribuição de cocaína. Conforme expôs a BBC, quando esteve ativo, Escobar foi o “responsável por 80% do comércio mundial da droga”.

O mercenário

Quando viajou para encontrar Pablo Escobar, McAleese era um ex-agente do SAS – um grupo de elite do Exército britânico. O mercenário, que tinha como objetivo assassinar Escobar, havia sido contratado por um cartel de drogas rival.

Mesmo sendo pouco conhecido, a história de McAleese acabou cativando o cineasta David Whitney, que produziu o documentário Killing Escobar (Matando Escobar). A produção conta a história tanto do mercenário quanto de sua missão – que, por sinal, fracassou.

Conforme mostra David Whitney em seu mais novo trabalho, McAleese nasceu em Glasgow, na Escócia, em 1942 e foi criado em um bairro de Riddrie, próximo à prisão de Barlinie, onde seu pai esteve por um determinado tempo.

“Fui treinado pelo Exército para matar, mas o instinto de luta veio de Glasgow”, revela o mercenário em uma das passagens do documentário. Em um outro momento da produção cinematográfica, McAleese afirma também que deixou sua cidade natal para se aliar ao Exército – aos 17 anos – com um único objetivo: canalizar a agressividade que o mantinha vivo.

Exército

De acordo com a BBC, após integrar o regimento de paraqueditas, McAleese tornou-se integrante do regimento 22 da SAS, atuando, assim, na ilha de Bornéu e, como consequência, participando de uma guerra combatida em meio à selva.

Após deixar o exército, McAleese trabalhou em diversos estabelecimentos, mas, em um determinado momento, acabou sendo preso por agredir a namorada. Segundo os relatos divulgados no documentário, assim que saiu da prisão, McAleese decidiu atuar como mercenário na guerra civil de Angola, depois na então Rodésia (atual Zimbábue) e na África do Sul.

Nesse ínterim, acabou conhecendo Dave Tomkins. Ambos se encontraram pela primeira vez em Angola, em 1976. Tomkins, à data, vivia com a venda de armas. Com histórias semelhantes e afinidades em comum, os dois acabaram se tornando grandes amigos. Por conta do vínculo de amizade, Tomkins propõe a McAleese o maior desafio de sua vida: matar Escobar.

Missão Escobar

Tomkins havia sido contratado por Jorge Salcedo, integrante do cartel de Cali, um grupo rival do narcotráfico na Colômbia. Em suma, McAleese foi a primeira pessoa a ser recrutada para participar da missão. “Não te pedem que assassine Pablo Escobar sem que você tenha a experiência necessária”, disse McAleese. “Eu não tinha conflitos morais sobre matá-lo. Nunca enxerguei a missão como um assassinato, mas sim como um objetivo”.

O cartel rival tinha como objetivo assassinar Escobar em sua luxuosa mansão, a qual integrava a Fazenda Nápoles. Para verificar a possibilidade e atender o pedido sem fracassar, McAleese analisou o local e, após realizar uma varredura – a qual foi feita de forma aérea -, concordou que era possível levar a cabo a execução no perímetro.

De acordo com informações divulgadas pela BBC, Tomkins recrutou uma equipe de 12 mercenários. O cartel que queria executar Escobar pagou para cada um dos mercenários cerca de US$ 5 mil por mês, além de cobrir os gastos. Tomkins foi o que mais ganhou, pois cobrava cerca de U$ 1 mil por dia.

História vendida

Nem todos os mercenários que faziam parte da equipe sabiam qual era o verdadeiro objetivo da missão, apenas Tomkins e McAleese. Um dos homens decidiu desistir assim que ficou sabendo que o alvo era Escobar. E foi exatamente este homem que vendeu a história à imprensa. Quando colocou em pauta toda a história, o homem não revelou os nomes dos mercenários que haviam sido contratados – tampouco forneceu detalhes da operação.

O grupo de mercenários agiu quando um informante sinalizou que Escobar estava na fazenda. O ataque, por ironia do destino, acabou não acontecendo. Segundo a BBC, o helicóptero que transportava McAleese e Tomkins até a fazenda caiu sobre os Andes. O piloto morreu e Tomkins e McAleese ficaram gravemente feridos.

Obviamente, Escobar foi alertado e, com isso, acabou enviando seus homens para as montanhas. “Se Pablo tivesse me capturado, eu teria uma morte lenta, prolongada e dolorosa”, disse McAleese. Por sorte, o mercenário conseguiu escapar.

“Tenho uma horrível quantidade de arrependimentos e nenhum deles tem a ver com a parte da minha vida como soldado”, ressaltou McAleese em um dos trechos do documentário.