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Armadilhas das ‘férias ilimitadas’ oferecidas por empresas

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Férias é com certeza um momento bastante esperado, seja quando a pessoa está no colégio ou quando ela já está trabalhando, afinal, todo mundo merece um descanso. E a possibilidade de tirar quantas férias quiser parece ótimo, não é mesmo? Mas a realidade pode não ser tão boa assim.

Recentemente, o banco de investimentos Goldman Sachs, com sede em Nova York, nos Estados Unidos, tomou uma decisão bem inesperada. Ele concedeu férias remuneradas ilimitadas para os seus funcionários de nível sênior.

De acordo com o informativo da empresa dado a vários veículos de imprensa, sócios e diretores-executivos poderão “tirar o tempo de descanso que for necessário, sem dias fixos de férias”. E os funcionários nível júnior irão receber mais dois dias anuais de férias. Além disso, o banco também disse que todos os funcionários irão precisar tirar, no mínimo, 15 dias de férias todos os anos.

Olhando de primeira, essa iniciativa parece ser positiva, ainda mais por ser uma empresa conhecida pelas suas jornadas de trabalho extenuantes e por sua cultura rigorosa. Então, as férias ilimitadas darão aos funcionários mais tempo para descansar e melhorar sua saúde mental e seu equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

Entretanto, essa medida tem também suas ressalvas. Por exemplo, os funcionários só irão tirar um bom período de férias se as empresas criarem um ambiente que dê incentivo para eles fazerem isso. Por isso que, em algumas empresas com férias ilimitadas, os funcionários acabam tirando férias menores por conta da pressão dos colegas de trabalho e por conta das expectativas sobre quanto tempo é “aceitável” para o funcionário ficar fora da empresa.

De acordo com os dados mais recentes, as férias remuneradas ilimitadas não são o benefício mais cobiçado pelos funcionários. A maior parte deles almeja a flexibilidade e a possibilidade de trabalhar de casa.

Política

Diário do nordeste

As férias ilimitadas funcionam de uma maneira simples, ao invés de se ter um número fixo de dias de férias remuneradas anualmente, os funcionários têm direito a um número infinito de dias. Claro, desde que combinem isso com seus chefes.

O objetivo dessa política é dar uma autonomia maior para os funcionários para que eles consigam gerenciar sua carga de trabalho e sua vida pessoal, ponto que beneficiaria tanto o trabalhador quanto a empresa.

Esse tipo de política começou nas pequenas start-ups do Vale do Silício e se difundiram entre as empresas grandes, como a LinkedIn, Netflix e Bumble e chegaram até em Wall Street. Mesmo assim, são bem raras.

Segundo uma pesquisa de 2021, somente 4% das empresas norte-americanas oferecem férias ilimitadas remuneradas. Para Johnny C. Taylor Jr., presidente e CEO (diretor-executivo) da Sociedade de Gestão de Recursos Humanos (SHRM), com sede nos Estados Unidos, ele e seus colegas preferem o termo “férias em aberto” por ele ser um nome mais preciso do que essa política realmente é.

“Não significa necessariamente semanas ilimitadas na praia. Às vezes, elas servem para atender necessidades dos pais, fazer check-ups ou mesmo para tratar da saúde mental, permitindo que os funcionários tirem seu tempo de folga na forma e quantidade que eles acharem necessária”, disse ele.

Nesse ponto, várias empresas se beneficiaram dessa política. De acordo com o que o CEO da Netflix, Reed Hastings, detalhou em seu livro, publicado em 2020, por mais que tenha levado anos para as férias ilimitadas remuneradas terem sido implantadas, ele descobriu que “a liberdade sinaliza aos funcionários que nós confiamos que eles irão fazer a coisa certa, o que, por sua vez, serve de incentivo para que eles se comportem com responsabilidade”.

Não funciona

PEGN

Claro que também tiveram empresas que tentaram colocar essa política em prática, mas não tiveram uma boa experiência. Isso porque, muitas vezes os funcionários acabam tendo menos tempo de féria do que com uma política de dias fixos.

Segundo uma pesquisa de 2018, os funcionários que tiveram férias ilimitadas remuneradas acabaram tirando menos férias do que os com dias fixos. Outra pesquisa também mostrou que um terço dos trabalhadores norte-americanos com férias ilimitadas remuneradas sempre trabalham em seu período de férias.

Uma empresa que abandonou essa política foi a Facet, empresa norte-americana de networking. Eles deixaram a prática de lado depois que concluíram que seus funcionários estavam tirando menos férias.

No caso do CEO da empresa de recursos humanos Unknown, com sede em Londres, ele viralizou depois de postar no LinkedIn que a empresa deixou de ter a política de férias ilimitadas remuneradas porque os funcionários se sentiam culpados e não tiravam descanso nunca. Por isso, atualmente, a empresa oferece 32 dias de férias remuneradas.

Ressalvas

Forbes

“As pessoas agora não tiram férias, mesmo quando elas se acumulam. O motivo é a pressão sobre eles para que não tirem”, pontuou Peter Cappelli, professor de administração da Escola de Negócios Wharton da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, e diretor do seu Centro de Recursos Humanos.

Nesse ponto, as férias ilimitadas remuneradas não fazem com que esse problema acabe. Na realidade, elas podem piorá-lo. Isso porque com essa política, teoricamente, os trabalhadores não têm dias de férias porque não existe um número fixo.

Além disso, essa política também tira as resguardas que protegem os interesses dos trabalhadores se eles não puderem tirar férias. Ou seja, não existem dias remanescentes que a lei exige que os funcionários tirem no final do ano ou levem para o próximo. E também não tem o dinheiro a receber para os trabalhadores que se demitirem com dias de férias remanescentes.

Fonte: G1

Imagens: Diário do nordeste, PEGN, Forbes

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