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Caverna espanhola guarda artes de mais de 58 mil anos

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Um terremoto que sacudiu o sul da Espanha há 200 anos revelou a entrada da Cueva de Ardales, um sistema de cavernas que tem mais de mil obras de arte rupestre em suas paredes.

O lugar já foi explorado em 1821. No entanto, ainda não estava claro quem e quando os desenhos foram feitos. As paredes têm representação, em vermelho, de animais, humanos, formas abstratas e impressões de mãos.  

Recentemente, novas escavações e análises trouxeram informações mais precisas aos cientistas. Há cerca de 58 mil anos, neandertais e, mais tarde, os primeiros humanos modernos, teriam pintado a Cueva de Ardales. As novidades foram publicadas este mês na revista PLOS One. O estudo foi conduzido por José Ramos-Muñoz, da Universidade de Cádiz (Espanha). 

A pesquisa

Foto: PLoS ONE/Reprodução/ Super

Uma equipe de pesquisadores espanhóis e alemães estudou a caverna entre 2011 e 2018. Para isso, foram utilizadas técnicas de datação por radiocarbono e urânio-tório para determinar a idade das pinturas. 

A maioria dos desenhos abstratos estão localizados perto da entrada da caverna. Já as pinturas mais elaboradas estão em zonas mais escuras. 

Os pesquisadores também encontraram  resíduos de carvão nas pontas dos estalagmites da caverna. Os pintores teriam utilizado essas formações rochosas que aparecem no chão como luminárias.

Vale lembrar que, de acordo com estudos anteriores, a Cueva de Ardales não recebia luz solar durante a pré-história. “Então, a iluminação artificial [por fogueiras e tochas] teria sido necessária para circular no interior da caverna”, escrevem os pesquisadores. 

As últimas escavações também apontaram que o lugar não era um acampamento clássico. Isso porque existem poucas evidências de atividades domésticas no local. A estimativa é que a caverna seria um lugar simbólico a ser visitado eventualmente – para se fazer pinturas, por exemplo. 

Entre os objetos encontrados pelos pesquisadores, estão um dente de veado, um osso de gato selvagem, pedaços de ocre, algumas ferramentas e a mandíbula de um menino de 12 anos. Também foi achado um pedaço de corda do final do século 16 ou início do século 17. Isso indica que alguém explorou a caverna séculos antes do terremoto.

“A Cueva de Ardales é uma das três cavernas com pinturas rupestres da Idade do Gelo Neandertal na Península Ibérica”, disse Gerd-Christian Weniger, da Universidade de Cologne (Alemanha) ao Gizmodo.

Mesmo que a caverna tenha sido descoberta no século 19, os arqueólogos só se dedicaram a estudar as obras de arte nos anos de 1990. Ainda existem partes intocadas no local.

Caverna milenar francesa corre risco de desmoronar 

Foto: Christhope Simon/ Extra

No fim de maio, foi divulgado que uma caverna de mais de 30 mil anos, localizada no sul da França, corre o risco de ruir devido ao aumento do nível do mar, que cresceu 12 centímetros desde 2011.

A caverna tem 37 metros de profundidade e desenhos rupestres únicos no mundo. Entre eles estão gravuras do Paleolítico Superior sobre animais marinhos, focas e pinguins.

Para preservar este patrimônio, os arqueólogos mergulhadores intensificam as suas explorações. Um dos objetivos dessa ação é ter uma representação virtual da gruta. 

“Nosso sonho seria trazer a gruta à superfície”, afirmou um dos mergulhadores, Bertrand Chazaly, responsável pelas operações de digitalização.

Em Marselha, cidade que está localizada a caverna, técnicos e artistas criaram uma réplica, que foi aberta ao público no dia 4 de junho.

“Nossa gruta virtual Cosquer, com precisão milimétrica, será uma ferramenta de pesquisa indispensável para conservadores ou arqueólogos que não podem acessar fisicamente o local”, explica Bertrand Chazaly.

As paredes da caverna contam com desenhos que representam a variedade de animais presentes no local: cavalos, cabras-montesas, veados, bisontes e antílopes saigas, além de focas, pinguins, peixes, um felino e um urso. No total, são 229 figuras de 13 espécies.

Fonte: Superinterissante, Jornal Extra

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