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Conheça as cidades perdidas da Amazônia

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A maioria das pessoas sabe que a Amazônia é habitada por dezenas de povos indígenas. No entanto, diferente do imaginário comum de que eles sempre viveram em perfeita harmonia com o ambiente, interferindo o menos possível na natureza e tirando dela apenas o essencial para sua sobrevivência, descobertas arqueológicas apontam que, antes de os portugueses chegarem, a população nativa da Floresta Amazônica era muito mais numerosa e sofisticada do que o imaginado.

Entre os anos de 1000 e 1400, superaldeias interligadas por boas estradas dominavam certas regiões da Amazônia. Em outros locais, grupos de até 15 mil indígenas erguiam aterros com até 10 metros de altura para construir suas casas sobre eles e dar um chapéu nas inundações.

“Existiam sociedades complexas no rio Amazonas quase inteiro, no médio e baixo Orinoco, na Bolívia e em outras áreas”, aponta o arqueólogo americano Michael Heckenberger, que estuda um conjunto de agrupamentos desse tipo no Alto Xingu. “Em 1500, a Amazônia provavelmente era uma área de enorme variabilidade cultural, com grupos regionalmente interligados.”

Tribos marajoaras na Amazônia

Foto: Indio San/ Superinteressante

Quando os primeiros exploradores espanhóis chegaram à Amazônia, vindos dos Andes, em 1542, um frade dominicano, chamado Gaspar de Carvajal, descreveu-a como um lugar densamente povoado. 

“Quando nos viram, saíram para nos encontrar no meio do rio mais de 200 pirogas [canoas], cada uma com 20, 30 ou 40 índios”, descreveu o frade. “Em terra firme, era maravilhoso ver os esquadrões que existiam nas vilas, todos tocando instrumentos e dançando.”

A partir do século 17, esse tipo de descrições tornou-se raro. Por isso, muitas pessoas acreditavam que Carvajal e outros exploradores exageravam bastante nos relatos. Com a arqueologia científica, no século 19, ganhou força a teoria de que o calor excessivo, as chuvas constantes e o solo pobre em nutrientes inviabilizariam o surgimento de grandes civilizações. Isso porque não tinha como produzir alimentos em grande escala.

No entanto, a partir da década de 1980, essa hipótese começou a ser questionada. As descobertas começaram na foz do Amazonas, onde trabalhava a arqueóloga americana Anna Roosevelt, da Universidade de Illinois. 

Na Ilha de Marajó, a arqueóloga estudou os tesos – morros cuja origem é parcial ou totalmente artificial. A especialista descobriu que eles haviam sido construídos por uma grande população marajoara por volta do ano 1000. Os tejos teriam sido usados como fortalezas e postos de observação pelos chefes tribais.

Esse mesmo povo também construiu aterros anti–inundação. Pela quantidade de material encontrado nos sítios arqueológicos, estima-se que podem ter vivido no local cerca de 15 mil pessoas no século 16. 

Geoglifos do Acre

Foto: Jenny Watling/Tilt

A mais de 2 mil quilômetros de distância da Ilha de Marajó, no Acre, estão outro tipos de vestígio das civilizações que prosperaram na Amazônia. São geoglifos, desenhos geométricos que só podem ser notados quando vistos do alto, parecidos com as linhas de Nazca, no Peru.

“Essas figuras indicam que a floresta acreana teve uma ocupação densa por volta do ano de 1200”, aponta o pesquisador Alceu Ranzi, da Universidade Federal do Acre. 

Formando quadrados, retângulos e losangos, os desenhos chegam a ter 300 metros de diâmetro, delimitados por trincheiras com até 3 metros de profundidade. A maioria só foi identificada recentemente devido ao desmatamento da região.

Para Ranzi, ainda é cedo para dizer como os geoglifos foram feitos e qual era a sua função original. No entanto, o pesquisador aponta que, como muitos ficam em áreas elevadas, eles podem ter sido usados para monitoramento e defesa do território. Outra teoria é que as grandes trincheiras eram tanques para a criação de peixes e tartarugas.

Ainda é possível que os indígenas tenham desmatado áreas do Acre para criar sua rede de geoglifos. “Mas tendo a acreditar que, por causa de fenômenos naturais como El Niños excepcionalmente intensos, o ambiente não era de mata fechada na época da ocupação”, diz Ranzi. 

O pesquisador apontou que uma população de cerca de 60 mil pessoas vivia na região.

Aldeias do Xingu

Foto: Pedro Biondi/ ABr

No Alto Xingu, estudos liderados pelo arqueólogo Michael Heckenberger também revelam a “urbanidade” da antiga Amazônia. Trabalhando em parceria com membros da etnia kuikuro, o pesquisador aponta que já identificou uma rede de antigas vilas, de antes da chegada dos portugueses, que fazem as atuais aldeias indígenas parecerem minúsculas.

Esses agrupamentos eram organizados em grandes círculos. Eles eram cercados por fossos de vários metros de largura e profundidade e interligadas por estradas com até 40 metros de largura.

Essa organização teria surgido no século 9 e no auge de alguns desses núcleos moravam mais de duas mil pessoas. Não se sabe porque desapareceram, mas especialistas estimam que tenham entrado em colapso antes da chegada dos europeus.

Em relação à alimentação dessas super populações, imagens de satélite já revelaram áreas de floresta que provavelmente foram roças ou pomares. Além disso, até hoje existe na região trechos de mata virgem que produzem frutos comestíveis em quantidade bem acima da média, uma possível herança do tempo que os nativos usavam as plantas mais frutíferas para complementar seu sustento.

A estimativa é que a densidade populacional tenha despencado com epidemias trazidas pelos europeus, como parece ter acontecido em outras regiões das Américas. 

No entanto, vale lembrar que todos esses dados são preliminares.

Fonte: Superinteressante

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