Curiosidades

Do que é feito o pensamento?

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O pensamento e o pensar são, respectivamente, uma maneira de processo mental ou faculdade do sistema mental. O pensamento é fundamental no processo de aprendizagem e também é construtor e construtivo do conhecimento, além de ser também o principal veículo do processo de conscientização.

Por ser uma coisa tão importante para nós, além de constante, ele desperta o interesse de vários cientistas. Em 2014, a psicóloga polonesa Małgorzata Puchalska-Wasyl entrevistou 94 voluntários para conseguir criar uma tipologia de interlocutores que existem dentro da cabeça das pessoas. Ou seja, partes da mente com as quais as pessoas discutem em silêncio para tomar decisões.

Como resultado, ela conseguiu identificar quatro tipos básicos. Foram eles: o amigo confiante, a mãe ambivalente, o rival orgulhoso e a criança indefesa. Cada um deles tem argumentos de uma determinada forma e estimulam, questionam as intenções, provocam e geram piedade.

Pensamento

Fmaior

Entretanto, usar frases dentro da própria cabeça para guiar as ações não é uma coisa tão comum quanto as cabeças mais falantes imaginam. Até porque, 90% das pessoas dizem ter pensamentos verbais em algum momento, entretanto, apenas em 17% essa forma de pensamento é dominante.

Esses dados foram obtidos pelo psicólogo americano Russ Hurlburt, da Universidade de Nevada, depois de décadas empregando e aperfeiçoando um método que conseguisse acessar o pensamento alheio. Esse método se chama DES, uma sigla em inglês para “amostragem de descrições das experiências”.

O método funciona assim: os voluntários seguem suas vidas de forma normal e carregam no bolso um aparelhinho que apita às vezes. Esses apitos têm um espaçamento de, no mínimo, algumas horas para que as pessoas tenham tempo de esquecer que estão com a aparelho.

Quando eles ouvem o “beep”, eles precisam parar o que estiverem fazendo e anotar, da melhor forma possível, o que estava se passando na cabeça deles naquela fração de segundo. Eram palavras? Imagens? Um sentimento? Sentidos, com por exemplo, o cheiro ou tato? Ou um pensamento com manifestação indefinida?

Os resultados desse experimento mostraram que, em média, 23% dos momentos que foram anotados tinham uma voz interior em algumas pessoas. Em 94% das outras, a voz era praticamente zero.

Estudo

Guia da alma

Essa observação da própria voz interior exige treino. É preciso várias semanas com “beeps” para que isso seja praticado. No século XIX, o psicólogo William James tentou uma coisa parecida e explicou que analisar sua consciência era como “abrir o gás do lampião rápido o suficiente para ver qual é a aparência do escuro”. E um voluntário de Hurlburt comparou a experiência a anotar um sonho assim que se acorda para ele não escapar.

Os experimentos feitos por Hurlburt podem ser comparados, até certo ponto, com os descritos por Charles Fernyhough no livro “The Voices Within”. Ele é um psicólogo da Universidade de Durham, na Inglaterra, e um dos maiores especialistas do mundo na voz da consciência, que ele chama de “inner speech”, “discurso interior” traduzido.

No Instituto Max Planck, em Berlim, Hurlburt, Fernyhough e outros pesquisadores colocaram voluntários em máquinas de ressonância magnética que mostravam o grau de ativação eletroquímica em cada região do cérebro.

Eles também estavam com o aparelho que fazia “beep”, mas agora o cérebro deles estava sendo analisado. Como resultado, a  imagens obtidas no instante dos apitos batem com as anotações. Por exemplo, se um voluntário relatou que estava dizendo para si mesmo “odeio ficar enfiado nessa máquina barulhenta”, realmente a máquina registrou atividade nas áreas do encéfalo relacionadas com a linguagem.

Usar a ressonância nos estudos também fez com que eles identificassem uma falha nos estudos anteriores. Isso porque os psicólogos que estudavam o fluxo de consciência pediam aos voluntários que produzissem o monólogo interior de propósito. Já Hurlburt, Fernyhough e seus colegas foram os primeiros a analisarem as frases que eram produzidas de forma espontânea.

Observações

Censura zero

Essa diferença é importante porque quando o discurso interior é feito de forma mandada, é visto uma atividade na região do cérebro chamada área de Broca, que é considerada o centro de produção da linguagem. Além de se notar uma atividade bem menor no giro de Heschl, que está relacionado à audição. Já quando o fluxo de consciência é espontâneo, o oposto acontece.

Isso é importante porque mostra que um pensamento comum pode ser fisiologicamente diferente de um pensamento “on demand”. Essa diferença muda tudo no momento de planejar experimentos.

Embora os pesquisadores não saibam explicar o motivo dessa diferença, uma das hipóteses é que, como a área de Broca também é ativada durante tarefas complexas, ela trabalha mais no esforço de obedecer a uma ordem do que na produção da fala em si.

Com relação ao giro de Heschl, o mais provável é que ele seja mais importante na representação mental da voz. E se espera que ele saia de cena quando a pessoa fala, já que o cérebro não é bom em falar e ouvir coisas ao mesmo tempo.

O fato é que a mente e o pensamento são coisas que não se pode nomear. Por isso, o esforço de explicar o que se passa dentro da cabeça e não conseguir é um velho conhecido da civilização. Entretanto, é esse mistério que faz com que as pessoas façam coisas inacreditáveis.

Fonte: Superinteressante

Imagens: Fmaior, Guia da alma, Censura zero

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