Uma imagem de um casal nas geleiras suíças chamou a atenção nas redes sociais, mostrando eles no mesmo local, mas com uma diferença de 15 anos entre as fotos.
Infelizmente, a postagem destaca a rápida redução da geleira do Ródano, na Suíça.
Atualmente, os Alpes estão aquecendo duas vezes mais rápido que a média global, de acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.
Nos últimos dois anos, segundo pesquisas, as geleiras suíças tiveram uma redução de 10% no seu volume de água. Isso equivale ao derretimento total das três décadas de 1960 a 1990.
Duncan Porter, um usuário do X, compartilhou as imagens que capturou da geleira do Ródano em 2024 e em 2009.
Na legenda, conta que foi quinze anos separando as duas fotos, ambas no mesmo lugar e na mesma ponte. Além disso, ele comenta que ‘deu vontade de chorar’ ao ver a comparação.
Imagens
Em 2009, uma foto mostrava Porter e uma mulher diante de uma paisagem coberta por neve e gelo. Já em 2024, uma imagem do mesmo local revela que as geleiras recuaram consideravelmente, aparecendo muito menores.
Com mais de dez mil compartilhamentos e quatro milhões de visualizações, a imagem gerou reações diversas entre os internautas ao evidenciar o avanço do aquecimento global.
Um usuário, Martin Bateman, comentou: “Também percebo isso quando visito Graubünden e vejo o estado das geleiras ao redor do Passo Bernina”.
Cientistas alertam
No começo deste ano, Daniel Farinotti, um renomado cientista de geleiras da Europa que pesquisou o Ródano, informou ao New York Times que a geleira retrocedeu cerca de meio quilômetro desde 2007 e que um extenso lago glacial está se formando em sua base.
De acordo com Farinotti, quanto mais escura a superfície, mais luz solar é absorvida e mais derretimento acontece.
Estima-se que a geleira do Ródano, uma das maiores do país, diminua pelo menos 68% até o final do século. A Suíça abriga aproximadamente 1.800 geleiras nos Alpes Suíços, incluindo a Geleira de Aletsch, que é a maior geleira dos Alpes.
Consequências
É comum pensarmos que apenas o derretimento do Ártico ou da Antártida prejudica o ecossistema global. Contudo, as geleiras suíças são igualmente importantes e essa redução tem impactos massivos.
As geleiras dos Alpes atuam como reservatórios naturais de água, liberando de forma gradual durante os meses mais quentes. Com o derretimento acelerado, a quantidade de água liberada pode aumentar temporariamente, mas a longo prazo, a redução das geleiras pode levar a uma diminuição do fluxo dos rios e do abastecimento de água para diversas regiões, especialmente durante os períodos de seca.
Além disso, essa redução de gelo altera os ecossistemas locais, afetando a flora e a fauna adaptadas ao frio. Espécies que dependem de habitats gelados ou de cursos d’água alimentados por geleiras podem enfrentar sérios riscos de extinção.
O degelo pode aumentar a instabilidade geológica, levando a deslizamentos de terra, avalanches e outros desastres naturais. O derretimento das geleiras também pode expor novas áreas de rocha e solo que podem ser mais propensas a deslizamentos.
Ainda, vale mencionar impactos socioeconômicos também. Afinal, os Alpes Suíços são um destino popular para atividades relacionadas ao inverno, como esqui e snowboard.
O derretimento das geleiras suíças e a diminuição da cobertura de neve podem impactar negativamente o turismo, reduzindo a duração da temporada de esqui e afetando a economia local.
A nível global, eles impactam igualmente na elevação do nível do mar, embora não seja a principal causa dessa mudança. Sua contribuição pode ser mínima, se comparado ao derretimento das camadas de gelo da Groenlândia e da Antártica, mas ainda assim contribui para essa mudança climática.
As geleiras suíças dos Alpes têm um valor cultural e histórico imenso. À medida que essas geleiras desaparecem, também perderemos as tradições e a história associadas a essas paisagens únicas.
Fonte: Globo