Gertrude Stein, a escritora que mudou o destino de Picasso e de outros grandes artistas

Gertrude Stein é uma das autoras mais famosas e menos lidas de todos os tempos. Mas há 90 anos, ela decidiu escrever um livro que seria exceção. O estilo da autora era radical e desconcertante demais. Chegava até a ser impenetrável. Contudo, ela pensou em escrever sobre sua própria vida fingindo que a narradora era sua parceira, Alice.

Com isso, Gertrude pôde falar sobre tudo, e até dar suas opiniões pessoais a respeito de alguns dos artistas e escritores famosos que conhecera em Paris. Isso despertou interessou do grande público em sua obra.

Dentre os famosos citados estavam Matisse, Picasso e Braque a Ernest Hemingway, F. Scott Fitzgerald e Ezra Pound, para citar alguns. E para o constrangimento e felicidade da autora, o livro “A autobiografia de Alice B. Toklas”, de 1933, tornou-se um sucesso de vendas.

Obra

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Além disso, a obra também se tornou uma homenagem duradoura a uma era extraordinariamente vibrante e criativa, e num testamento da obra da mulher que o escreveu. Não por acaso, Gertrude Stein foi uma das figuras mais influentes da cultura do século XX.

A mulher estava presente no coração cultural de Paris por mais de quatro décadas, e com seus irmãos deu patrocínio vital para Matisse e Picasso em uma época em que poucas pessoas apreciavam suas obras.

Como se isso não bastasse, depois da Primeira Guerra Mundial, ela acolheu e aconselhou vários escritores britânicos e americanos que chegaram a Paris buscando liberdade de expressão, o que por muitas vezes era negado a eles em seus países de origem.

Foi o amor de Gertrude pela arte que influenciou seu trabalho como escritora. Em seu primeiro livro, “Três Vidas”, ela construiu seus personagens usando as palavras da mesma maneira deliberada, repetitiva e em blocos que Cézanne fazia com pequenos planos de cor para representar a massa em uma tela bidimensional.

Depois que ela publicou essa coleção de histórias em 1909, Alice, que tinha entrado na vida da autora dois anos antes, mudou-se para o apartamento dela na Rue de Fleurus. As duas ficaram inseparáveis até a morte de Gertrude, 39 anos mais tarde.

Arte e literatura

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Com o tempo, as escolhas de Gerturde ficaram mais ousadas. E ela não não abandonou Picasso quando o pintor adentrou num território cada vez mais aventureiro, época em que vários de seus patrocinadores deixaram de segui-lo.

Contudo, para ela, Picasso “foi o único na pintura que viu o século 20 com seus olhos e viu sua realidade e, consequentemente, sua luta foi aterrorizante”. Mas Leo, irmão de Gertrude, não concordava com ela e nem gostava que a irmã escrevesse.

A relação dos dois foi se deteriorando gradativamente, até que em 1914, foi para Florença, levando consigo os quadros de Renoir e Matisse, enquanto Gertrude ficou com os de Cézanne e de Picasso.

A briga dos irmãos coincidiu com o início da Primeira Guerra Mundial. Quando o conflito acabou, ela se concentrou nos escritores que batiam à sua porta. E mesmo que poucos deles tivessem lido sua obra, o prestígio dela era enorme. Tanto é que ela se tornou uma espécie de profeta da época.

Gertrude Stein

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E se junto com os irmãos ela tinha identificado talento nas artes plásticas, sozinha ela identificou autores maravilhosos, como Hemingway, Scott Fitzgerald e Paul Bowles.

Na década de 1930, Gertrude finalmente escreveu suas memórias, talvez por conta do sucesso dos escritores que ela tinha incentivado e sua reputação era mais como uma mecenas.

No entanto, o livro conseguiu irritar praticamente todos os que foram representados nele. Mesmo com a controvérsia, ou talvez graças a ela, “A autobiografia de Alice B. Toklas” tirou Gertrude de uma relativa obscuridade da literatura cult.

Anos mais tarde, seu estilo idiossincrático, lúdico, repetitivo, humorístico e, às vezes, impenetrável dos romances, peças, contos, roteiros e poemas trariam a ela o título de fundadora do modernismo literário.

Fonte: BBC

Imagens: BBC