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Ibn Battuta, o homem que viajou 40 países durante a idade média

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Ao completar 21 anos, Ibn Battuta deu início ao haji. Um dos cinco pilares da fé muçulmana. Com suas economias, o jovem de origem marroquina se dirigiu à cidade sagrada de Meca, na Arábia Saudita. Battuta gostou tanto de viajar que, por quase três décadas, foi exatamente isso o que ele fez.

Ele percorreu cerca de 120 mil quilômetros. O que seria o mesmo que dar três voltas ao redor do planeta. Ele teria visitado ao menos 44 países nas atuais configurações. Incluindo locais sagrados do Islã e a famigerada Rota da Seda. Em suas aventuras, ele conheceu os mongóis, se tornou juiz na Índia, sobreviveu a naufrágios. Além de ataques de piratas. Tudo isso acabou lhe transformando em um dos viajantes mais famosos da idade média.

Além daquilo que ele mesmo relatou, pouco sabemos sobre a história de Battuta. Os trechos, que ele percorreu em suas viagens, foram narrados por ele a um escriba profissional, para que ele pudesse escrever um Rihla, gênero literário árabe de descrições de viagem. No entanto, além do que lhe foi dito, suspeita-se que o escriba tenha acrescentado algumas outras histórias de outros viajantes.

“O próprio redator tece também seus comentários, alertando o leitor, porém, sobre sua identidade. Alguns estudiosos põem em dúvida que a ordem da narrativa corresponda ao espaço de deslocamento de Ibn Battuta e que ele tenha ido a todos os locais que diz ter visitado”, afirmou o historiador, José Rivair Macedo, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Entretanto, apesar de alguns exageros, os relatos de Battuta nos oferecem um testemunho bem preciso sobre algumas sociedades localizadas na África, no Oriente Médio e na Ásia Central. Bem como de Al Andalus, um território na península ibérica, que havia sido dominado por muçulmanos.

Relatos

“O relato é extraordinário, pois Battuta não fala apenas sobre a diversidade no Islã, mas considera grupos como os hindus, que não são ahl al-kitab (que não seguem uma revelação escrita, como judeus e cristãos). Quando descreve uma viúva hindu sendo queimada (na pira de cremação do marido), por exemplo, ele enfatiza que desmaiou e quase caiu do cavalo”, afirmou Nina Berman, da Universidade do Estado de Ohio.

Antes de viajar, o marroquino estudou algumas leis. O que facilitou muito para que ele conseguisse encontrar trabalho e ser bem recebido por onde visitava. E por falar árabe, a comunicação não foi um grande problema para ele. “Questões legais eram negociadas em árabe e ele oferecia seus préstimos em lugares distantes, como as ilhas Maldivas”, disse Berman.

Seus testemunhos muitas vezes constituem o único registro escrito da existência histórica de certos governos, reis e cortes. Um de seus relatos mais valorosos está o do reinado de Mansa Sulaiman, no Mali.

“Pela descrição, se pode avaliar a natureza do poder do governante, as hierarquias políticas dos membros da corte, os diferentes grupos que lideravam as forças militares e os rituais praticados no antigo Mali. São ressaltados a riqueza e o poder do mais importante estado africano desenvolvido na região da savana antes do século 16”, disse Macedo.

Em um outro momento, Battuta descreve como ficou impressionado com a destruição provocada pelo avanço dos mongóis em toda a Rota da Seda. Principalmente, sobre o que viu em uma rica cidade persa chamada Bukhara (onde atualmente fica localizado o Uzbequistão). “Atualmente, suas mesquitas, suas escolas e seus bazares estão todos em ruínas, exceto alguns”, relatou o marroquino, sobre a passagem de Gêngis Khân pela cidade.

Dificuldades

Viajar, naquele tempo, não era algo muito fácil. Além do mais, a maioria dos viajantes eram peregrinos, mercadores e soldados. Essas pessoas costumavam viajar longas distâncias, fosse pelo mar ou terra. E, não havia viagens turísticas como atualmente. “A viagem por terra era lenta. Os pobres viajavam a pé e os ricos a cavalo ou, às vezes, de carroça. A pé, o viajante fazia, em média, de 20 a 40 quilômetros por dia”, afirmou Berman.

Além disso, as estradas não eram pavimentadas e bandoleiros costumavam controlar rotas, o que colocava os viajantes em risco. Desastres naturais também afetavam os percursos significativamente. Viagens pelo mar ou rios eram mais rápidas, porém, oferecia outros riscos, como naufrágios e ataques de piratas.

Battuta também sofreu de coisas que eram bastante comuns a outros viajantes . “Ele ficou doente várias vezes, se perdeu numa tempestade de areia na Anatólia (atual Turquia), foi capturado por bandidos na Índia e quase foi executado pelo sultão de Délhi”, afirmou Ross E. Dunn, professor da Universidade Estadual de San Diego.

“Também estava num barco invadido por piratas, que o abandonaram apenas com suas roupas, foi atingido por uma flecha no ombro por bandidos e naufragou no oceano Índico. Mas escapou de contrair a peste negra, doença infecciosa que varreu o Oriente Médio e o norte da África durante a metade do século 14”.

Devido ao pouco tempo que permanecia nos locais que visitava, supõe-se que Battuta não era motivado por questões financeiras. Assim, acredita-se que suas viagens eram motivadas pelo gosto pela aventura e pela curiosidade. O que veio terminar quando ele morreu, aproximadamente em 1368, aos 64 anos, em sua terra natal.

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