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Microrganismos extraterrestres podem ser perigosos aos humanos

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Com o avanço da exploração espacial, cientistas alertam para um novo perigo à vida humana: microrganismos trazidos à Terra por espaçonaves em busca de amostras de outros mundos. No entanto, ainda não há a constatação de que existam germes ou qualquer tipo de vida fora da Terra, ainda assim, é uma possibilidade que deve ser considerada. Não só isso, a entrada de microrganismos espaciais no nosso planeta também deve ser evitada.

“O que eu diria é que, dado que agora existem planos concretos para explorar novas áreas que poderiam ter vida, eles representam um novo conjunto de riscos que não estavam em jogo antes”, disse Anthony Ricciardi, professor de ecologia de invasão e ecossistemas aquáticos na McGill University, no Canadá, ao site Gizmodo.

Ricciardi e seus colegas expressaram suas preocupações em um artigo chamado “Planetary Biosecurity: Applying Invasion Science to Prevent Biological Contamination from Space Travel” (Biossegurança Planetária: Aplicando a Ciência da Invasão para Prevenir a Contaminação Biológica das Viagens Espaciais). O estudo foi publicado no periódico científico BioScience.

A pesquisa

O estudo aborda o termo “ciência da invasão”, que se refere a um conjunto de disciplinas que estuda como um organismo “de outro lugar” se comporta e afeta um ecossistema isolado após chegar a ele. Por exemplo, como animais se comportam após a introdução de um novo predador, ou os impactos de uma doença em uma população que nunca teve contato com ela.

Uma conclusão é que sistemas “insulares”, lugares como o Havaí, Nova Zelândia, Austrália e Antártica, que evoluíram quase que em completo isolamento, são especialmente sensíveis aos efeitos de uma espécie invasora. Já o planeta como um todo também sentiria efeitos severos de uma invasão extraterrestre.

O risco, entretanto, é impossível de quantificar, pois “não temos dados sobre contaminação extraterrestre”, diz Ricciadi. “Mas sua ocorrência, embora altamente improvável, é inaceitável e, portanto, justifica a existência de medidas de prevenção”, complementa o pesquisador.

Pixabay

Os autores do estudo publicado no BioScience também se preocupam que microrganismos da Terra peguem carona em satélites, sondas e rovers. Com isso, eles poderiam vir a colonizar um local com condições favoráveis, destruindo um ecossistema nativo antes que tenhamos a chance de estudá-lo.

A importância das regras acerca dos microrganismos

A NASA estabeleceu regras para evitar contaminação biológica em missões espaciais desde a década de 60. Entre elas estão exigências como a montagem de todos os equipamentos em salas esterilizadas, um inventário de todo o material orgânico que será usado na missão e limites no nível de microrganismos nas superfícies.

A determinada altura, os cientistas tratavam todas as amostras extraterrestres como potenciais riscos biológicos. A NASA chegou até a colocar os astronautas da Apollo em quarentena quando regressaram dos seus passeios na superfície lunar. Conforme a agência espacial foi estudando as amostras lunares e descobrindo que não continham vida, muitos destes protocolos de segurança foram eliminados.

NASA

No entanto, uma situação ocorrida recentemente acendeu um alerta ainda maior acerca do assunto e, o que antes parecia irrelevante, passou a ser (novamente) rigorosamente seguido. O caso em questão foi a descoberta de uma nova cepa de fungos em uma instalação onde é realizada a montagem de naves espaciais. E o pior: ela é capaz de produzir um “biofilme”, o que significa que pode se agarrar a superfícies e sobreviver aos protocolos de limpeza da linha de montagem de naves espaciais onde foi descoberto.

“Mesmo que haja uma chance muito pequena de isso acontecer, não podemos arcar com os custos. Porque uma vez que chegarmos a esse ponto, estamos ferrados”, disse Athena Coustenis, presidente do Comitê de Pesquisa Espacial (COSPAR), ao Gizmodo.

“Portanto, temos que ser muito cuidadosos e cautelosos em qualquer caso. Nós estabelecemos protocolos, [e] os tornamos muito mais rígidos, para torná-los muito mais eficientes, para que não cheguemos a essa situação”, completou Coustenis.

Portanto, as agências espaciais do mundo inteiro, incluindo a NASA, a Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (JAXA) e a Agência Espacial Europeia (ESA), estão trabalhando em conjunto para criar novos laboratórios altamente seguros. O objetivo do desenvolvimento dos laboratórios é proteger a Terra de quaisquer micróbios ou resíduos orgânicos que as futuras missões possam trazer para casa.

Estes locais vão combinar a tecnologia atual de salas esterilizadas com os protocolos e equipamentos de biossegurança usados pelos laboratórios de doenças infecciosas que lidam com vírus como o Ébola e o SARS-CoV-2. A manipulação de qualquer material dentro do laboratório será realizada a partir de diversos protocolos de segurança para garantir que nada saia do controle.

Fontes: Olhar Digital e National Geographic

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