A Netflix orienta em seu novo memorando que funcionários “deixem a empresa” se ficarem ofendidos com o conteúdo que a companhia produz. A instrução pode ser conferida no “Netflix Culture – Seeking Excellence” (Cultura Netflix – Buscando Excelência, em tradução).
“Como funcionários, apoiamos o princípio de que a Netflix oferece uma diversidade de histórias, mesmo que encontremos alguns títulos contrários aos nossos próprios valores pessoais”, diz o texto.
“Dependendo da sua função, você pode precisar trabalhar em títulos que considera nocivos”, continua o documento, que aconselha ao funcionário: “Se você acha difícil oferecer suporte à nossa amplitude de conteúdo, a Netflix pode não ser o melhor lugar para você.”
O documento foi divulgado depois de funcionários da empresa fazerem uma paralisação após o especial de Dave Chappelle, que fez piadas sobre a comunidade transgênero, continuar a ser exibido na plataforma.
A empresa afirmou, no documento, que alguns podem ser considerados problemáticos para alguns telespectadores. Em seguida, acrescentou que a Netflix escolhe não silenciar artistas.
“Embora cada título seja diferente, nós os abordamos com base no mesmo conjunto de princípios: apoiamos a expressão artística dos criadores com quem escolhemos trabalhar; programamos para uma diversidade de públicos e gostos; e deixamos os espectadores decidirem o que é apropriado para eles, em vez de ter a Netflix censurando artistas ou vozes específicas”, continuou.
Demissão de 150 funcionários após queda no número de assinantes
Além do novo memorando, recentemente foi divulgado que a Netflix perdeu mais de 200 mil assinantes. Logo depois, nesta terça-feira (17/05), foi informado que 150 funcionários da companhia foram demitidos.
Os responsáveis pela Netflix estão reestruturando as ofertas, buscando recuperar o espaço perdido para os rivais. Mesmo que a plataforma ainda seja um dos serviços de streaming mais bem-sucedidos, concorrentes, como o Disney+, ganharam bastante notoriedade.
Não foi informado se a decisão afetou trabalhadores brasileiros, já nos Estados Unidos, sabe-se que os cortes representaram aproximadamente 2% da força de trabalho. Além da competição acirrada, a suspensão das atividades na Rússia também teve um papel importante no resultado negativo. Em comunicado, o porta-voz afirmou:
“Infelizmente, demitimos cerca de 150 funcionários hoje. Essas mudanças são impulsionadas principalmente pelas demandas de negócios e não pelo desempenho individual (…) Nosso crescimento de receita mais lento significa que estamos tendo de diminuir o crescimento de custos como empresa”.
De acordo com o publicado na imprensa internacional, diretores e assistentes foram demitidos. As mudanças atingiram o departamento de criação de filmes e séries originais da plataforma, que é o carro-chefe da Netflix. Com a veiculação do balanço financeiro, foi notada a queda nas ações da Bolsa de Valores, cortando um terço do valor de mercado.
Vale lembrar que esta foi a primeira queda em número de assinantes em dez anos. Além disso, a empresa estava em constante expansão durante o período. Para tentar reverter a situação, a plataforma prometeu oferecer planos mais acessíveis até o fim de 2022.
Netflix pretende exibir seus filmes originais no cinema
No entanto, não são só notícias ruins que estão cercando a Netflix nos últimos dias. Depois de conquistar o público com as obras originais, a plataforma planeja mais um passo ambicioso. A empresa estaria projetando exibir seus filmes autorais em diversos cinemas no mundo, estendendo o tempo de exibição para 45 dias antes de colocar na plataforma.
A HBO Max e a Disney+, empresas concorrentes da Netflix, já adotam a estratégia de lançar as obras no cinema. De acordo com o site Bloomberg, a plataforma já estaria procurando uma forma de aumentar os lucros com essa medida.
A ideia surgiu depois de reuniões com alguns dos principais representantes de cinema de Holywood. Para testar essa estratégia, os principais candidatos são a sequência de “Knives Out” (“Entre Facas e Segredos”, no Brasil) e “Bardo”, dirigido pelo diretor mexicano Alejandro Iñárritu.
A ideia da Netflix não é totalmente nova, isso porque as produções originais “Não Olhe para Cima”, de Adam McKay, e “Ataques dos Cães”, de Jane Campion, tiveram pequenas exibições de duas semanas nos cinemas norte-americanos. Atualmente, as assinaturas do serviço de streaming são responsáveis pela a arrecadação financeira da empresa.
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