Já se imaginou morando dentro da cratera de um vulcão ativo? Não sabemos se esses são os planos de vida de certos tubarões, mas eles estão fazendo exatamente isso. O ecossistema em questão existe nos mares das Ilhas Salomão, e tem intrigado estudiosos.
Isso porque, na teoria, as águas próximas a uma atividade vulcânica deveriam ser inóspitas para a vida. Porém, essa regra não está se aplicando a esses peixes habitantes da Oceania, que sobrevivem mesmo em um ambiente quente e ácido.
Vulcão ativo?
De início, o status ativo do vulcão Kavachi estava em cheque após o documentário “Sharkcano”, da National Geographic. Conforme mostra a obra, tubarões-martelo e tubarões-seda vivem em paz na cratera desse relevo, o que indicaria que ele não está em atividade.
Nesse sentido, o oceanógrafo Brennan Phillips expressa bem esse raciocínio em sua participação no filme de 2015. De acordo com ele: “a ideia de haver animais grandes como tubarões saindo e vivendo dentro da cratera do vulcão entra em conflito com o que sabemos sobre Kavachi, que é que ele entra em erupção”.
Portanto, na visão do investigador, a crescente população de tubarões prova que não há atividade vulcânica naquele ambiente. “Quando [o vulcão] está em erupção, não há como algo viver na região”, conclui ele em sua linha de visão.
Aos poucos, essa corrente ia ganhando força, até que um satélite da Nasa botou lava na discussão. As imagens do Landsat-9 mostram que o Kavachi está sim ativo. Sendo assim, o próprio Brennan Phillips destacou os impactos dessa informação em sua concepção sobre vida marinha ao redor de vulcões.
“É isso que torna a descoberta desses animais dentro do vulcão tão desconcertante. Eles estão vivendo em um lugar onde podem ‘morrer a qualquer momento’, então como eles sobrevivem? É muito turvo, então a água está muito escura. Nenhuma dessas coisas é boa para os peixes”, disse o pesquisador retomando o assunto em 2022.
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Sendo assim, a conclusão que se chega é que o vulcão Kavachi está sim em atividade, e que mesmo assim, os tubarões vivem naquelas águas. Segundo cientistas do ramo, as águas perto dos vulcões possuem um alto volume de nutrientes, o que permite a criação de um ecossistema.
Em entrevista para o New York Times, a especialista Kadie Bennis explicou que as formações vulcânicas podem coexistir perfeitamente com a vida marinha. Em um exemplo didático sobre o assunto, ela disse que os seres humanos constroem cidades ao redor de vulcões e nem por isso têm suas existências abaladas.
Nesse sentido, outro cientista destaca que essas fossas emissoras de lava não são apenas um item que não atrapalha as vidas dos tubarões. Na verdade, conforme ele explica, sem o vulcões, não haveria habitat para esses peixes tão grandes.
O pesquisador em questão é Michael Heithaus, o qual argumenta que os tubarões dependem de recifes e da terra para residirem. Dessa forma, os processos de vulcanismo agem diretamente na construção dessas duas “casas”.
Nas palavras do ecologista: “isso significaria que as espécies de tubarões que precisam desses habitats não poderiam viver nessas áreas sem a presença de um vulcão. Onde você tem muita comida, você tende a ter muitos tubarões, se não houver muita pesca para reduzir suas populações”.
A propósito, a relação de ajuda entre vulcões e vidas marinhas existe desde 1985, quando o pesquisador Robert Ballard mergulhou nas Fossas Marianas a bordo com o submarino Alvin.
Na época, acreditava-se que, após os mil metros de profundidade, não havia como existir vida nessa enorme cavidade no Oceano Pacífico. Dessa forma, o que ele descobriu foi que elas existem sim, e sobrevivem ao frio das profundezas graças a fontes de calor vulcânicas.
Fonte: Uol
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