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Por que as nuvens são diferentes nos hemisférios da Terra?

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Com certeza você já viu em algum momento o quanto o céu da sua cidade pode ser bonito, principalmente em um fim de tarde. Mas certamente você provavelmente nunca tenha pensado muito a respeito das nuvens. Talvez na sua cabeça nuvens sejam iguais em todo o planeta. Contudo, não é bem assim.

Dependendo do hemisfério que você estiver, as nuvens vão ser diferentes umas das outras. Por exemplo, no hemisfério sul elas são mais abundantes e mais reflexivas do que as vistas no hemisfério norte. Esse é um fato que os cientistas já conhecem bem, mas que ainda não conseguiram explicar totalmente.

Com isso, uma nova pesquisa veio lançar mais uma luz para entender o motivo de as nuvens serem diferentes dependendo do hemisfério em que elas estão. Em particular, ela foca no papel que as correntes ascendentes têm. Essas correntes são o movimento ascendente do ar quente, que leva à condensação e à formação de nuvens.

Nuvens

O eco

Para o estudo foram necessários três anos de LIDAR e dados de radar, de 2018 até 2021, cobrindo Leipzig, na Alemanha, Limassol, no Chipre e Punta Arenas, no Chile. No caso do Chile, esse foi o conjunto de dados mais longo já coletado na região, como parte do DACAPO-PESO (Dinâmica, Aerossol, Nuvem e Observações de Precipitação no Ambiente Pristino do Oceano Antártico).

Nesse sentido, o que faz a região ser tão intocada, assim como o hemisfério sul como um todo, é que uma alta porcentagem dela é oceano, e não terra. Como resultado, isso gera um ar mais limpo, com menos partículas de aerossol para gotas de nuvens congelarem e, consequentemente, formarem nuvens mais brilhantes.

“As nuvens congelam muito menos nas latitudes médias do hemisfério sul e contêm mais água líquida nas mesmas temperaturas. Isso significa que eles influenciam a luz solar incidente e também a radiação térmica emitida da superfície da Terra de maneira diferente do norte”, disse o meteorologista Patric Seifert, do Instituto Leibniz de Pesquisa Troposférica (TROPOS), na Alemanha.

Diferenças

Diário do aço

Ademais, o estudo também descobriu que as diferenças foram mais vistas na troposfera livre, que é o ar concentrado nas altitudes mais altas, o que faz ele ser menos afetado pela poluição local. Por exemplo, nas temperaturas entre -24°C e -8°C, as nuvens sobre Punta Arenas formaram gelo em média de 10 a 40% menos frequentemente do que as nuvens sobre Leipzig.

Esses resultados vão ao encontro de estudos anteriores. Contudo, os pesquisadores também descobriram uma coisa nova. As ondas de gravidade, elevações de ar criadas quando os ventos do oeste do Pacífico colidem com os Andes, são um fator importante, da mesma forma que a poluição atmosférica. Elas têm uma importância ainda maior quando o ar está frio.

“Medindo os ventos ascendentes e descendentes dentro das nuvens, conseguimos detectar nuvens que foram influenciadas por essas ondas e filtrá-las das estatísticas gerais. Isso nos permitiu mostrar que essas ondas de gravidade, e não a falta de núcleos de gelo, são as principais responsáveis ​​pelo excesso de gotículas de nuvens em temperaturas abaixo de -25°C”, explicou o meteorologista Martin Radenz, da TROPOS.

Agora, a dúvida dos pesquisadores é se isso é uma coisa exclusiva das nuvens do Chile, ou então se as ondas gravitacionais também têm um impacto sobre o oceano aberto.

Observações

Ambiente magazine

Dessa forma, pesquisas adicionais serão necessárias para que se possa descobrir quanto do excesso de água líquida nas nuvens é causado pelas correntes ascendentes e quanto se deve aos cristais de gelo.

“Essas diferenças são muito intrigantes por si só, mas há um problema. Os modelos climáticos globais não são precisos o suficiente quando se trata de representar o equilíbrio de radiação do hemisfério sul”, disseram os pesquisadores.

Os pesquisadores disseram que parte dessa descoberta foi por acaso. Por conta das restrições de viagens pela pandemia, eles mantiveram seus sistemas de monitoramento por mais dois anos. Justamente isso que lhes fez levar em consideração outras influências, como por exemplo, a fumaça do incêndio florestal da Austrália.

“Com o DACAPO-PESO, preenchemos uma lacuna nas medições que existia há muito tempo para o hemisfério sul. Os dados disponíveis gratuitamente agora podem ajudar a melhorar os modelos climáticos atuais”, concluiu o cientista atmosférico Boris Barja, da Universidade de Magalhães (UMG), no Chile.

Fonte: Science Alert

Imagens: O eco, Ambiente magazine, Diário do aço

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