Qual a história dos ciganos e como eles chegaram no Brasil?

Já se perguntou como os ciganos chegaram até a sua cidade? De antemão, adiantamos que esses movimentos são difíceis de se rastrear, pois faltam muitos documentos sobre a história deste povo. Além disso, suas tradições se passam de forma oral, e cada pessoa que morre tem seus pertences colocados na fogueira.

Em síntese, os ciganos querem saber do aqui e agora, sem criar raízes com os lugares em que se instalam de forma provisória. De fato, ainda não é possível apontar com certeza de onde vem esse hábito nômade, porém, estudiosos estão cada vez mais entendendo os traços em comum deste povo que se espalhou pelo mundo inteiro.

Fonte: Miray Bostanci

Origem cigana

Conforme relatado, nem sempre é viável construir certezas sobre as jornadas dos ciganos. No entanto, os especialistas entram em consensos com base no pouco material analítico que têm em mãos.

Nesse sentido, uma das constatações é que uma das línguas deste povo, o romani, tem muitas semelhanças com o hindi. Esta última tem seu uso entre o noroeste da Índia e o Paquistão, o que leva a crer que a origem cigana se deu nesse lugar.

De lá, o rastro que se tem aponta para grandes entradas dessas comunidades nos espaços urbanos da Europa durante o século 11. Foi a partir daí que os estigmas sobre esse povo começaram a ganhar corpo: feiticeiros, mágicos, dentre outros preconceitos.

Dessa forma, os ciganos precisavam inventar histórias para conseguirem se instalar nos polos urbanos europeus. Afinal, este povo não tinha documento, andavam com muitos filhos e suas raízes históricas não tinham muita nitidez. Sendo sim, uma forte desculpa para acessar as cidades era a de que bispos condenaram a população cigana a vagar pela Europa. Logo, governante nenhum ousaria colocar barreiras às ordens dos sacerdotes, não é mesmo?

Fonte: cottonbro

Por isso, boa parte desse segmento portava um salvo-conduto para caminhar pela Europa. Apesar de terem esse respaldo, suas vidas sofriam com os preconceitos que lhes eram indexados. Em 1492, finalizava o processo de recuperação das terras ibéricas pelos cristãos, os quais haviam perdido estes territórios para os árabes. Como resultado dessa retomada, povos mulçumanos, judeus e ciganos precisaram tomar outros rumos, e é aqui que o Brasil entra.

Vinda para o Brasil

Sem dúvidas, as lendas em volta da comunidade cigana não se restringiam a lendas corriqueiras, pois elas impactavam em cheio na recepção desse povo nos locais em que transitavam. Nesse sentido, a narrativa danosa mais popular é a de que os ciganos produziram os pregos que prenderam Jesus na cruz. Logo, o nomadismo dessas pessoas estaria ligado a uma espécie de maldição.

Por isso, quando a Península Ibérica foi reconquistada, uma das primeira medidas foi expulsar a comunidade cigana desse território. Além disso, também se tem registros de um Decreto da Rainha Elizabeth 1ª que considera ser cigano como um crime punido com a morte.

Fonte: Marcus Gheeraerts

Por essas e outras agressões, esse povo começou a chegar ao Brasil no século 16, em decorrência de deportações de Portugal. Posteriormente, 300 anos depois, uma nova leva de ciganos atracou por aqui, dessa vez, de forma voluntária. Na época, essa população comercializava artesanatos, cavalos e até mesmo escravos. Em seguida, com a derrubada da União Soviética, uma nova remessa cigana resolveu morar em terras brasileiras.

Seja qual for a janela de chegada, todos dessa origem enfrentaram preconceitos aqui no Brasil, tal como seus ancestrais da Europa. Um exemplo disso aconteceu em Sousa, na Paraíba, cidade em que, até pouco tempo atrás, era permitido às escolas recusarem crianças de famílias ciganas.

Portanto, situações de exclusão como essa tendem a levar alguns dos membros desse povo para a criminalidade. Como resultado, os rótulos centenários se reforçam, o que gera ainda mais supressão de direitos. Por isso, é preciso que haja tolerância a essa rica cultura nômade, a qual traz consigo memórias do mundo todo.

Fonte: Super Interessante.